Recordações

Hoje vamos falar das flores?

Escritor relembra as festas religiosas de sua infância em São Luís do Maranhão

José Louzeiro / Especial para o Alternativo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h57
(flores)

Em São Luís havia duas etapas para o plantio. Primeiro vamos falar da pessoa que cuidava de um sítio empregado no cultivo de flores – tinha uma que sempre me lembro, chamada “Fim de verão”. Eram umas florezinhas miúdas, brancas, muito procuradas em dia de homenagem aos santos.

Isso não afetava a religiosidade de dona Mundiquinha, que nada conseguiu tirá-la de sua crença católica numa casa de pastor protestante. Seu Aproniano era protestante da linha dos crentes evangélicos.

O responsável por estas florezinhas chegarem ao mercado era o português baixote e gordo, chamado Zé dos Santos. Morava na Camboa, mas não se misturava com os habitantes do bairro. Para todos, era o dono da Quinta Vila Maria.

Ele sozinho, ajudado por dois empregados, sabia do período em que as roseiras brotavam mais e qual a época de guardar sementes para o replantio; nessa tarefa eu gostava de ajudá-lo.

Raramente na quinta do Zé dos Santos surgiam atividades que interessassem ao comum dos moradores do bairro. Seu Louzeiro, o pai, por exemplo, não demonstrava a menor simpatia pelo português e pelas flores.

A produção floral era enorme, mas ele caprichava em agradar aos padres.

Por isso, Dia de Finados, bem que poderia ser chamado de Zé dos Santos, porque mandava rezar muitas missas na Igreja dos Remédios, que ficava perto do Colégio São Luís, onde eu estudava.

E as rosas multicoloridas vinham, sempre, da Quinta Vila Maria para ornamentar as festividades da cidade.

Texto escrito no dia 30. de junho de 2015 no Hospital Quinta D’ Or.

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