Londres

Cameron é reeleito premier e líder do partido Trabalhista renuncia

Primeiro-ministro David Cameron se manteve no posto, conforme resultados oficiais das eleições divulgados ontem

Atualizada em 11/10/2022 às 12h59
(David Cameron foi reeleito primeiro-ministro)

Londres - Os conservadores alcançaram a maioria absoluta no Parlamento britânico, segundo os resultados oficiais das eleições, divulgados ontem. Ao reconhecer a derrota, o líder trabalhista Ed Miliband anunciou sua renuncia à chefia do partido.

Cameron anunciou que formará um novo governo e que aplicará um referendo sobre a permanência na União Europeia. "Sim, nós vamos cumprir o referendo sobre nosso futuro na Europa", disse Cameron em pronunciamento à imprensa após visitar a rainha Elizabeth para dar início ao processo de formação de um novo governo.

A Comissão Europeia se declarou ontem disposta a trabalhar com David Cameron para atender aos seus pedidos de reforma da UE, mas advertiu que os princípios fundadores, em particular a liberdade de circulação, não são negociáveis.

Cameron também disse que vai avançar o mais rapidamente possível com os planos de conceder mais poderes à Escócia, que votou em peso no Partido Nacional Escocês, pró-independência.

"Na Escócia, nossos planos são criar o mais forte governo descentralizado em qualquer parte do mundo, com poderes importantes sobre taxação, e nenhum acordo constitucional será completo se não oferecer também igualdade à Inglaterra", disse.

'Disputa acirrada'? - Os institutos de pesquisa de intenção de voto tinham sugerido um resultado muito diferente para a eleição de quinta-feira. Os conservadores conquistaram 326 deputados, segundo resultados oficiais. Faltando a contagem de sete circunscrições, os conservadores alcançaram o marco da metade dos deputados mais um e poderão governar sozinhos, diferentemente da legislatura anterior.

O resultado foi recebido com uma surpresa completa, já que por vários meses os institutos de pesquisa apontavam que os dois grandes partidos estavam empatados e nenhum deles chegaria perto de conquistar uma maioria absoluta. "Há apenas uma pesquisa de opinião que conta, e essa é o dia da eleição", disse o primeiro-ministro David Cameron depois de ser reeleito pela localidade de Witney.

Alguns pesquisadores admitiram que algo tinha dado muito errado, e eles ainda não entenderam o quê. "Os resultados eleitorais levantam questões sérias para todos os pesquisadores. Vamos olhar para os nossos métodos e pedir ao conselho britânico de pesquisas que faça uma avaliação", disse o Populus, um dos principais institutos de sondagem de intenção de voto, no Twitter.

Outros, como o Survation e o ComRes, defenderam seu trabalho, salientando que acertaram o aumento da bancada do Partido Nacional Escocês e o colapso dos liberais-democratas. Andrew Hawkins, presidente da ComRes, disse que a fragmentação do panorama político trouxe aos pesquisadores "dores de cabeça extra", transformando a eleição em uma "colcha de retalhos de disputas regionais" nas quais as tendências nacionais eram menos relevantes.

As pesquisas concordaram em que os conservadores e os trabalhistas estavam empatados ou dentro de uma margem de diferença de 2 pontos um do outro. Na verdade, os conservadores ganharam cerca de 37% dos votos, enquanto os trabalhistas ficaram com cerca de 31%.

Renúncias - "É o momento de outra pessoa assumir a liderança", disse Miliband, em seu discurso de renúncia depois os trabalhistas perderam mais de 20 deputados em comparação com as eleições anteriores e não conseguiram impedir um segundo mandato de Cameron.

Outra renúncia, ontem, foi a de Nigel Farage, chefe do Partido para a Independência do Reino Unido (UKIP,) depois de não ter conseguido um assento nas eleições gerais. Farage, eurodeputado, colocou o partido antieuropeu e anti-imigração em destaque na política britânica, mas não conseguiu o assento que ambicionava em Thanet Sul, uma circunscrição do sudeste da Inglaterra.

"Sou um homem de palavra", disse Farage, lembrando que havia prometido abandonar seu cargo se não entrasse pela primeira vez no Parlamento britânico. De qualquer forma, Farage não descartou voltar a optar pela liderança quando o partido realizar primárias em setembro.

"Acredito que chegou o momento para uma reforma política radical e realmente genuína", disse após a divulgação dos resultados, pedindo um sistema proporcional, já que seu partido recebeu milhões de votos, mas conseguiu apenas um deputado.

Nacionalmente o partido obteve cerca de 13% dos votos. Em contrapartida, os nacionalistas escoceses do SNP conquistaram 56 deputados com menos de 5% dos votos.

A renúncia de Farage desperta sérias dúvidas sobre o futuro de um partido muito associado a ele.

MAIS

A brasileira Paula Dolphin, de 44 anos, que concorria a uma vaga no Parlamento britânico, foi derrotada. Nascida em São Paulo e filha de pai inglês, ela se candidatou pelos Liberais Democratas, que, até o momento, vem sofrendo o pior revés de sua história nas urnas do Reino Unido.

Ela obteve 7.483 votos e terminou a disputa em terceiro lugar, atrás do Partido Conservador –Geoffrey Cox venceu a disputa com 28.774 votos– e do Partido da Independência do Reino Unido (Ukip).

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