Nos beats de Pupo Ico

Programador musical maranhense Pupo Ico segue em divulgação do álbum Utopian; disco disponibilizado na internet mescla a música eletrônica

Italo Stauffenberg Da Equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 13h02
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Divulgação (T)

Algo que logo chama atenção é o nome curioso adotado pelo maranhense Victor Liberino, que ainda pequeno quando dividia o tempo entre os jogos de vídeo game e as aulas de piano decidiu enveredar-se pela música eletrônica. Ico, ou melhor, Pupo Ico, é o típico desbravador das redes e autoditada musical. Recentemente, ele lançou seu primeiro trabalho fonográfico. Intitulado Utopian, o disco virtual, que está disponível no portal Soundcloud, traz nove faixas que ressaltam seu apego a musicalidade eletrônica e lembranças da infância.

E são estas lembranças que perfizeram o caminho do artista que viu no passado uma oportunidade de colher frutos no presente. "Toco piano desde criança, porém minha primeira experiência com música eletrônica começou aos 10 anos, compondo 'chiptune' [músicas com poucos bits criadas para videogames antigos] no meu Game Boy. Aos 13, passei a compor com o nick 'iCoderG' e postar em fóruns específicos", comentou.

É por meio do antigo nickname (termo inglês que significa alcunha e que é amplamente conhecido na internet) que Pupo Ico faz um link com sua nova identidade. No álbum, ele dedica a canção Throwback a si próprio indicando que a música é uma parceria com o iCorderG. "Ico vem do formato de arquivo '.ico', que serve para dar uma figura a um programa no computador. Então, eu pelo menos interpreto assim: ico é uma imagem, o protagonista. Pupo eu não faço a mínima ideia de onde tirei. Provavelmente, faz parte do meu costume de criar as coisas do nada", ressaltou. "Eu diria que 'Ico' é um pseudônimo que passou por muitas mudanças de um tempo para cá, ou enjoava do conceito ou ninguém sabia pronunciar. Acabei gostando desse nome em todos os sentidos, mas devo ter criado na minha infância, jogando Pokémon e etc", completou o músico.

Acostumado a ouvir música eletrônica por causa do irmão, que segundo ele era o único em sua casa a possuir caixas de som, Pupo Ico confessa que se apaixonou pelo estilo musical por conta dos sintetizadores dos jogos portáteis. "Música eletrônica é algo fantástico porque o único limite estético dela é sua imaginação e o computador. Você pode tocar piano num notebook e fazer esse piano soar com um coro de elefantes, entende?", explicou.

Ele revela que aprendeu a tocar piano sozinho, apesar de ter desistido da teoria por não gostar de manter rotinas. "É muito chato para mim ficar sentado com alguém tentando ensinar algo cheio de horário e prazo. Preciso de tempo para entrar no ritmo das coisas, e geralmente quando consigo sentir tudo flui; a professora se estressava por não ter usado o dedo X na tecla Y", relembrou.

Foi nas pesquisas pela internet que descobriu o necessário para poder iniciar seus estudos em música eletrônica. O álbum Utopian é fruto desse

árduo trabalho, que, segundo Pupo Ico, é bombardeado de "más" influências, do IDM ao Vaporwave, de sites na GeoCities e músicas para elevador, além de artistas como Vektroid, Blank Banshee e Garden City Movement. "Eu queria dar uma encorpada na sopa do meu projeto, ficar postando música atrás de música, sem temas interligados, iria confundir quem me ouve. Esse álbum é uma espécie de resumão do que estava sentindo quando o compus, tanto no título das músicas quanto em seu conjunto", esclareceu Ico.

Em tom alto astral e sempre com uma piada feita, Pupo Ico comentou com a equipe de O Estado um pouco sobre seu álbum, a parceria com o cantor e compositor Marcos Lamy, que já resultou no álbum Cabeça ao Fai (2014), e aspirações futuras na carreira de programador musical.

O Estado - Por que Utopian?

Pupo Ico - 1990, Estados Unidos coberto por jovens estudantes, a internet chega pouco depois do computador doméstico. Imagine aquele menino curioso e apaixonado por conhecimento indo à praia pela primeira vez. Ele avista novos horizontes, surfa em um mar de informação, dificilmente vai querer voltar pra cidade tão cedo... Isso é uma tradução do que aconteceu nesse período, os nerds enlouqueceram, sonharam e viveram essa utopia, a capa do álbum fala isso.

O Estado - O que você pretende passar ao ouvinte através das suas composições?

Pupo Ico - Uma síntese do pensamento sonhador e desconexo que havia nos primórdios da internet.

O Estado - Há algumas músicas que lembram sons de jogos eletrônicos. Por que essa fusão?

Pupo Ico - É bonito e nostálgico, gosto de experimentar sons incomuns na música sem deixar ela feia. Tenho vergonha de mostrar um trabalho enquanto não sentir análogo com outros produtores que admiro.

O Estado - Já tem planos para lançar o disco em formato físico?

Pupo Ico - Vou deixar Utopian disponível só na internet, seria legal fazer umas fitas cassete, mas tenho outro álbum que pretendo lançar em CD futuramente.

O Estado –E que álbum é este que pretende lançar futuramente? Já está em fase de produção? Pode adiantar o que vem de diferente em relação a este que lançou?

Pupo Ico - É um álbum que comecei a produzir para dar continuidade ao meu estudo do "Chillwave". O que eu não gostei no primeiro disco vou evitar nesse. Com o passar do tempo, fiquei sentindo mais falta de mixagem e composição em algumas músicas. A tendência é melhorar!

O Estado - Já trabalhou com quais artistas maranhenses?

Pupo Ico - Já cutuquei alguns artistas daqui, porém Marcos Lamy é um cara super bem-vindo, estou gravando um álbum com ele usando sintetizadores e um microfone. Colaboro com Phill Veras, com a Soulvenir, e toco na Ornitorrincos do Sertão Turu, uma banda lindona por sinal.

O Estado - Lamy já está em produção de um terceiro disco? Como está sendo essa parceria?

Pupo Ico - Fiquei um tempo sem meu teclado principal porque esqueci ele no porta-malas de um amigo. Com muita preguiça de ligar o outro, comecei a compor algumas musiquinhas usando sintetizadores pelo mouse do computador, daí me veio a ideia de improvisar umas letras, logo depois de gravar a introdução da primeira música, mandei pra Lamy, ele se amarrou um bocado e agora estamos fazendo um dupla sertaneja.

O Estado – Qual instrumento você toca na banda Ornitorrincos do Sertão Turu?

Pupo Ico - É uma banda autoral que ainda deve crescer bastante, como várias daqui. Tem uma riqueza instrumental e rítmica que empolga muito nos ensaios e apresentações. Os membros gozam de referências muito diferentes, do experimental ao técnico, do funk carioca ao jazz, do baterista frenético ao baixista dançarino... Em suma, todos sabem brincar sério com sua aparelhagem. Espero que toquemos um dia desses em seu coração.

O Estado - E como foi trabalhar no álbum deles?

Pupo Ico - Divertido, cativante e estiloso, nessa ordem.

O Estado - Já tocou em alguma casa de show ou apenas divulga o álbum nas redes sociais?

Pupo Ico - Já toquei e já tocaram meu álbum em shows cheios de discotecagem massa.

O Estado - Acha que a divulgação nas redes é positiva?

Pupo Ico -Não só positiva como essencial. Antigamente, se falava em televisão, mas essa geração está chegando via internet.

O Estado - Defina o disco em uma frase.

Pupo Ico - Massa para dançar no banheiro e peculiar para ficar parado.

Utopian (faixas)

The Sound of When Someone

You Miss is Online

GeoCitiesSiliconValley

Pupo Club

It's Not Porn

Amant

H e z

Music That's Fresh and Delicious

THROWBACK (feat. iCoderG)

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