Quem passa hoje pela Avenida Getúlio Vargas, no Monte Castelo, uma das mais movimentadas de São Luís, e vê a quantidade de estabelecimentos comerciais, de ensino, unidades de saúde e residências, pode não imaginar, mas a área, antes denominada de Areal, já foi pouco habitada, fazendo parte da zona rural da cidade, existindo ali, alguns poucos casebres e ruas, além de uma variedade de sítios e chácaras. Hoje, O Estado conta um pouco da história do bairro, que foi zona rural, reduto da classe média alta ludovicense e importante para consolidar a ocupação da cidade para além do eixo-Centro Histórico nas primeiras décadas do século XX.
É o professor e geógrafo Luiz Eduardo Neves dos Santos quem destaca a importância do bairro Monte Castelo. Em 2006, quando ainda era graduando no curso de Geografia da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), ele apresentou o trabalho Imagens, Memórias e Significados Múltiplos: a paisagem urbana no bairro do Monte Castelo em São Luís-MA, no qual resgatou a memória do lugar a partir de documentos e relatos de moradores mais antigos. Hoje com 34 anos, ele nasceu e morou no bairro até 2011.
"O bairro tem uma importância fundamental para a cidade. Ele era um local de passagem obrigatória para viajantes, depois se destacou como um dos primeiros lugares fora do eixo do centro antigo a se consolidar como bairro no fim dos anos 1940. A partir dessa década, ele passou a se destacar como um bairro de famílias de classe média e classe média alta, mas também de famílias mais humildes, sobretudo as que moravam perto das margens do Rio Anil e da atual Avenida Luiz Rocha", informou Luiz Eduardo Neves dos Santos.
Areal - Mas a ocupação da região começou ainda no início do século XX. À época, a área, denominada de Areal, era pouco habitada. Na localidade, existiam apenas poucos casebres e ruas, além de uma variedade de sítios e chácaras. "A denominação Areal advém do fato de ter existido no local uma grande quantidade de areia, que se estendia desde o leito maior do Rio Anil - por causa do processo de sedimentação - até as partes topograficamente mais altas", explicou Luiz Eduardo Neves dos Santos.
No início de sua ocupação, o Areal surgiu como um local de passagem, pois era cortado pelo Caminho Grande, principal via de acesso da cidade na época - hoje, a via tem vários nomes ao longo do seu antigo traçado, sobre o qual foram construídas diversas ruas e avenidas, como a Rua Grande, a Oswaldo Cruz e a Avenida Getúlio Vargas. Era o Caminho Grande que ligava a antiga zona urbana da cidade, atual Centro Histórico, às áreas mais distantes da Ilha de São Luís, possuindo muitas quintas e chácaras ao longo de seu percurso. Por causa da distância em relação à região central da cidade e à característica dos imóveis, o Monte Castelo, ainda chamado Areal, fazia parte da zona rural da cidade.
Sobre as propriedades encontradas ao longo do percurso do Caminho Grande no Areal, o pesquisador Vieira Filho, que serviu de fonte para Luiz Eduardo Neves dos Santos, escreveu: "Eram famosas as quintas de Manuel Inácio, a dos Abranches, onde funcionou o Aero-Clube do Maranhão, o sítio Saudades, onde morava Paulo Duarte, o Brigadeiro, celebrado por João no folhetim sobre a Festa dos Remédios, o São Raimundo, o Britânia, o Timon, a chácara Dois Leões e tantos outros sítios aprazíveis, opulentos de árvores frutíferas e jardins com repuxos de louça e tanques azulejados no melhor estilo dos solares portugueses".
Ocupação - Aos poucos, o Areal começou a ser ocupado cada vez mais por pessoas vindas do centro da cidade e também de outras partes do Maranhão. A partir do fim da década de 1930, o bairro já contava com um motor que servia para geração de energia elétrica, instalada pela empresa Ullen Company. As ruas eram de terra e os postes feitos de madeira, sendo toda eletrificação de 110 Volts.
A partir daí, aumentaram o número de casas, que gradativamente iam substituindo o lugar dos sítios e a paisagem do bairro foi se transformando, também impulsionada pelo avanço nos transportes que diminuiu a distância entre o centro da cidade e o Monte Castelo. A paisagem do bairro modificou-se ainda mais com a instalação da rede de eletricidade e o asfaltamento definitivo durante a segunda metade da década de 1960. Isto significou um grande benefício para seus residentes, que puderam usufruir uma melhor infraestrutura, acompanhada também pela instalação de uma rede de água e esgoto. Nessa época, o Monte Castelo já estava consolidado como um dos principais bairros de São Luís.
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