Suporte nutricional contribui para o sucesso da gastoplastia

Paciente precisa ter acompanhamento de nutricionista antes e depois do procedimento de redução do estômago para alcançar resultados esperados.

Atualizada em 11/10/2022 às 13h06
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Divulgação (T)

A relações públicas Amarilis Cardoso, de 36 anos, faz parte dos 58% das mulheres brasileiras que estão acima do peso. Na realidade, ela saiu das estatísticas há quatro anos, quando decidiu se submeter a uma cirurgia bariátrica (de redução do estômago). O procedimento tem se tornado cada vez mais popular, mas para que os resultados esperados sejam alcançados de forma tranquila, é preciso levar a sério o acompanhamento nutricional em todas as fases do processo.

Aos 30 anos, Amarilis Cardoso tinha hipertensão arterial, tomava dois remédios diários para controlar a pressão, vivia em emergências de hospitais com dores constantes de cabeça, tinha gordura no fígado, dores na coluna e problemas hormonais. Tudo por causa da obesidade. "Foi assim que ao me consultar com a minha cardiologista ela me aconselhou: você nunca pensou em fazer a gastoplastia [cirurgia bariátrica ou de redução do estômago]? Você é muito nova para viver em dependência de remédio. Eu me assustei e saí dali muito reflexiva, triste, sem esperança. Mas, eu procurei o médico indicado", conta a relações públicas.

Amarílis Cardoso precisou fazer várias avaliações antes da cirurgia. "Uma delas foi com o nutricionista. Fiz exames, fiz dieta, tive acompanhamento, antes, durante o período pós-operatório e depois também. O nutricionista acompanhou a perda de peso, a liberação da dieta aos poucos, além do acompanhamento das taxas de vitaminas necessárias para o organismo", destaca.

Segundo a nutricionista Suzana Laranja, antes da cirurgia o paciente é avaliado por uma equipe multidisciplinar formada por cirurgião, nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta, anestesista, enfermeiros, educador físico, cirurgião plástico, odontologistas e gastroenterologistas. "O nutricionista tem a responsabilidade de avaliar o paciente de forma completa através da investigação dos dados antropométricos que envolvem: peso, altura, índice de massa corporal, exame de bioimpedância, bem como avaliação laboratorial: hemograma completo; perfil lipídico; perfil glicídico; enzimas hepáticas; ácido úrico; ureia; creatinina; indicadores de micronutrientes e hidratação", explica.

Antes – Suzana Laranja destaca que o período que antecede a cirurgia é desafiador tanto para o paciente, que deverá perder de 5% a 10% do peso inicial, como para o nutricionista, que poderá até mesmo que prestar atendimento domiciliar para facilitar a fidelização e o comprometimento com os resultados. "Tratando-se de grandes obesos, isto pode representar até seis meses de tratamento que antecede a cirurgia para que tal meta seja atingida. O paciente precisa entender que o resultado depende do esforço dele, e que se não for assim há grande possibilidade na ineficácia do tratamento", alerta a nutricionista e proprietária da Esthetic Diet.

A nutricionista destaca que, nessa fase, é importante conscientizar o paciente que ele viverá em dieta, e não que está fazendo a redução do estômago para se livrar dela. "Por isso, criar o hábito de ler rótulos dos alimentos, informativos nutricionais, orientações dietéticas gerais e específicas é sempre muito interessante nesta fase de conscientização. O nutricionista deve dispor de livros ou material ilustrativo para demonstrar as porções dos alimentos. Esta é uma forma prática e dinâmica para que haja esta conscientização. Já o paciente deve procurar se envolver com grupos de mesmo interesse, e participar de reuniões, palestras, dinâmica de grupo para obesos", ressalta.

Depois – A profissional explica que o principal objetivo da cirurgia bariátrica é a mudança no estilo de vida, por isso, ela aconselha que, após a cirurgia, o paciente mantenha um diário alimentar para anotar acertos, excessos, local onde se alimentou e porque não conseguiu atingir o seu objetivo. Outros detalhes, como comer sem pressa, mastigar lentamente os alimentos, repousar os talheres no prato, nunca fazer compras em supermercados quando estiver com fome, ter sempre à mão a lista de compras também devem ser observados.

Para cada quilo perdido há necessidade de um mês de manutenção para que o corpo não recupere o peso inicial, explica a nutricionista. Por isso, o mais difícil não é perder, e sim manter o peso perdido. "Findado este período, há necessidade de estabilizar, que seria manter o peso alcançado por um ano. Esta árdua tarefa não se resolve apenas com cirurgia, mas com dedicação constante, atividade física regular e dieta. O pós- bariátrico não deve, por exemplo, se servir num prato normal, mas sim utilizar pratos de sobremesa. São pequenas atitudes que impactam excelentes resultados", detalha a nutricionista.

Suplementação pode ser adotada

Suzana Laranja aconselha que o paciente pós-bariátrico se submeta com regularidade a análises bioquímicas dos micronutrientes para mantê-los sempre em níveis ideais. Existe a necessidade de uma dieta hiperprotéica para que haja maior saciedade e para manter massa magra. "Adicionar colheres de leite em pó ao leite desnatado líquido ou whey protein hidrolizada e com colágeno, com baixo teor de sódio, ao iogurte são opções interessantes. Fazer omeletes de clara de ovo também é uma boa dica. O importante é consultar o nutricionista para que ele possa adequar à quantidade demandada na dieta", informa a nutricionista Suzana Laranja.

Já os micronutrientes que se fazem essenciais são vitamina B1, Ácido Fólico, Vitamina B12, Vitamina A, Vitamina D, Cálcio, Ferro, Zinco.

Amarilis Cardoso, após perder os 50 quilos graças à cirurgia bariátrica, ganhou de volta uma vida saudável. "Tenho uma vida normal e sou muito feliz com o resultado. Não pelo resultado estético, porque sempre fui uma mulher feliz e realizada. Mas, principalmente, porque eu tenho uma vida saudável, com a hipertensão arterial controlada", afirma.

Hoje a relações públicas faz exercícios físicos sem dores nas costas, pernas ou cabeça e está livre da ameaça de uma diabetes precoce. "Mas não basta só fazer a cirurgia, é super importante ter acompanhamento do gastro e do nutricionista, afinal depois de tanto sacrifício temos que ficar atentas às dietas para não voltar a engordar de novo. Fazer essa cirurgia é uma decisão muito delicada, temos que abrir mão de muita coisa, principalmente de comer, mas comer muito e de forma errada. Eu abri mão disso, pois optei por minha vida!", finaliza.

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