Espectrofúria: 42 anos depois

Espetáculo da Coteatro, que teve a primeira montagem em 1972 com o Laborarte, volta aos palcos de hoje ao dia 1º de novembro no Teatro João do Vale.

Carla Melo Do Alternativo

Atualizada em 11/10/2022 às 13h07
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Divulgação (T)

Após 42 anos da primeira montagem, o espetáculo Espectrofúria – um marco do teatro maranhense da década de 1970 – volta a ser encenado. A estreia da peça será hoje, às 20h30, no Teatro João do Vale (Praia Grande), onde permanece em cartaz até o dia 1º de novembro. A classificação é 16 anos.

Com direção de Tácito Borralho, a montagem tem a realização da Companhia Oficina de Teatro (Coteatro) e faz parte do projeto Formação e Consolidação de Plateia da Companhia, aprovado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secma) e integralmente patrocinada pela Cemar.

A primeira montagem, realizada pelo Laborarte, alcançou grande sucesso nacional tendo sido agraciada com o prêmio de Melhor Espetáculo Plástico do I Festival Nacional de Teatro Jovem em Niterói (RJ). A encenação tem inspiração nas teorias de Grotowski.

De acordo com Tácito Borralho, que assina a direção da peça, trata-se de uma montagem nova, mas com as mesmas feições da primeira. "A decisão de montar novamente o espetáculo se deu porque o texto tem uma abordagem política muito forte, atual mesmo", destaca Borralho.

Borralho ressalta que esta versão de Espectrofúria tem a intenção de apresentar às novas gerações um recorte da produção teatral dos anos 1970, além de continuar seu exercício de formação de grupo artístico e de plateia.

Do primeiro elenco, o ator pernambucano Tarciso Sá é o único que está na atual montagem. "Ele vem a São Luís para uma participação especial como 'reflexo do jogral', papel que ele fez na primeira versão da peça", adianta Borralho.

Dramaturgia – Borralho explica que a dramaturgia da peça é visual. O espetáculo mantém sua atualidade discutindo o poder. Para dar o clima, a iluminação, assinada nas duas versões pelo cineasta Murilo Santos, utiliza o tom sépia. "No palco o que vemos são leituras de espectros de humanidade, a decomposição da burguesia, num banquete canibal", observa Borralho.

Fortemente permeada pela estética do grotesco, essa ópera-bufa mostra a oculta relação de desprezo contido na dicotomia de poder e miséria. E traz a possibilidade nova de usar a linguaguem gestual, uma das marcas da peça.

Carregado de simbolismos, Espectrofúria tem como base sonora o Tambor de Choro, ritual fúnebre de origem Jeje, celebrado como rito de passagem da Casa das Minas e em terreiros de Mina.

Como na encenação de 1972, 20 atores sobem ao palco para dar vida aos personagens. A escolha do elenco, explica Borralho, foi feita por meio de audições. Além dos atores selecionados, alguns artistas provenientes da Coteatro também compõem o elenco. "Estou muito satisfeito com esta montagem, em ver como a turma mais jovem entendeu o texto e a proposta, que reconstrói a partir da desconstrução", festeja Borralho.

Por causa do patrocínio, os ingressos estarão à venda na bilheteria do teatro a partir das 17h a preços populares. "São preços subsidiados e, além disto, 20% dos assentos estarão disponíveis em todas as seções para serem trocados por 1 kg de alimento não perecível, entre as 17h e 18h30. Os alimentos arrecadados serão doados para a Casa Sonho de Criança", destaca Borralho.

Serviço

• O quê

Peça Espectrofúria

• Quando

De hoje a 1º de novembro, às 20h30

• Onde

Teatro João do Vale (Praia Grande)

• Ingressos

R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)

Espectrofúria: 42 anos depois

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