Escola tradicional versus escola nova

CLEUTO MACHADO Supervisor de Gestão Pedagógica da EGEPEN/MA

Atualizada em 11/10/2022 às 13h09

Método da Escola Tradicional

A obra pedagógica de Herbart teve enorme influência em todo o mundo ocidental e também no Japão, na segunda metade do século XIX. Por se basear no princípio de que a mente humana apenas apreende novos conhecimentos e só participa do aprendizado passivamente.

O hebartianismo resultou num ensino que hoje qualificamos em tradicional. "As escolas herbartianas transmitiam um ensino totalmente receptivo, sem diálogo entre professor e aluno e com aulas que obedeciam a esquemas rígidos e preestabelecidos".

Para Herbart, a mente funciona com base em representações - que podem ser imagens, ideias ou qualquer outro tipo de manifestação psíquica isolada. O filósofo negava a existência de faculdades inatas. A dinâmica da mente estaria nas relações entre essas representações, que nem sempre são conscientes. Elas podem se combinar e produzir resultados manifestos ou entrar em conflito entre si e permanecer, em forma latente, numa espécie de domínio do inconsciente. A descrição desse processo viria muitos anos depois, influenciar a teoria psicanalítica de Sigmund Freud.

Herbert previa cinco etapas para o ato de ensinar. A primeira preparação, é o processo de relacionar o novo conteúdo a conhecimentos ou lembranças que o aluno já possua, para que ele adquira interesse na matéria. Em seguida vem a apresentação ou demonstração do conteúdo. A terceira fase é a associação, na qual a assimilação do assunto se completa por meio de comparações minuciosas com conteúdos prévios. A generalização, quarto passo do processo, parte do conteúdo recém-aprendido para a formulação de regras globais; é especialmente importante para desenvolver a mente além da percepção imediata. A quinta etapa é a da aplicação, que tem como objetivo mostrar utilidade para o que se aprendeu.

Seu pensamento e a prática que dele se originou no século XIX se tornaram ultrapassados, sobretudo com o aparecimento do movimento da Escola Ativa. Seu principal representante, o norte-americano John Dewey.

Segundo Dewey a pedagogia contemporânea tornou o aluno sujeito do ensino e substituiu o individualismo por uma visão mais complexa dos fatores envolvidos no trabalho de ensinar, admitindo que a mente humana é originalmente ativa. Para John Dewey e a maioria dos pedagogos do século XX, a teoria herbartiana previa um "mestre todo-poderoso", encarregado de manipular os processos mentais do aluno por meio da instrução. Subestima e até ignora a ação do próprio aluno e sua capacidade de auto-educar-se. Mas não se pode negar que Herbert foi um dos pensadores que mais se interessaram pela psicologia do educando e o modo como ela influi em seu aprendizado.

Método da Escola Nova

Ao mesmo tempo, a realidade indicava que os alunos não eram uma "folha em branco" que deveria ser escrita de fora para dentro. Os aspectos dinâmicos da criança e a sua curiosidade inata levariam a um movimento de ensino centrado no educando, com estimulação produzida pelo professor. Tal movimento seria denominado de Escola Nova.

A Escola Nova volta-se para o interior da escola e estimula o desenvolvimento de práticas didático-pedagógicas ativas. Um dos seus representantes é o norte-americano John Dewey (1859-1952), que não por acaso tem seu pensamento incluído no movimento conhecido como Escola Progressiva. Dewey queria que o progresso da nação norte-americana se baseasse na igualdade de oportunidades e que nascesse dentro da escola.

Seu grande mérito foi ter sido um dos primeiros a chamar a atenção para a capacidade de pensar dos alunos. Dewey acreditava que, para o sucesso do processo educativo, bastava um grupo de pessoas se comunicando e trocando ideias, sentimentos e experiências sobre as situações práticas do dia-a-dia. Ao mesmo tempo, reconhecia que, à medida que as sociedades foram ficando complexas, a distância entre adultos e crianças se ampliou demais. Daí a necessidade da escola, um espaço onde as pessoas se encontram para educar e ser educadas. O papel dessa instituição, segundo ele, é reproduzir a comunidade em miniatura, apresentar o mundo de um modo simplificado e organizado e, aos poucos, conduzir as crianças ao sentido e à compreensão das coisas mais complexas. Em outras palavras, o objetivo da escola deveria ser ensinar a criança a viver no mundo.

"Afinal, as crianças não estão, num dado momento, sendo preparadas para a vida e, em outro vivendo", ensinou, argumentando que o aprendizado se dá justamente quando os alunos são colocados diante de problemas reais. A educação, na visão deweyana, é uma constante reconstrução da experiência, de forma a dar-lhe cada vez mais sentido e a habilitar as novas gerações a responder aos desafios da sociedade. Educar, portanto, é mais do que reproduzir conhecimentos. É incentivar o desejo de desenvolvimento contínuo, preparar pessoas para transformar algo.

A experiência educativa é, para Dewey, reflexiva, resultando em novos conhecimentos. Deve seguir alguns pontos essenciais que o aluno esteja numa verdadeira situação de experimentação, que a atividade o interesse, que ele possua os conhecimentos para agir diante da situação e que tenha a chance de testar suas ideias. Reflexão e ação devem estar ligadas, são parte de um todo indivisível. Dewey acreditava que só a inteligência dá ao homem a capacidade de modificar o ambiente a seu redor.

John Dewey filosofo norte-americano que influenciou educadores de várias partes do mundo. No Brasil, inspirou o movimento da Escola Nova, liderado por Anísio Teixeira, ao colocar a atividade prática e a democracia como importantes ingredientes da educação.

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