Funcionários do Socorrão I param Rua das Cajazeiras com protesto

Em paralisação de advertência realizada na manhã de ontem, eles reivindicaram melhores condições de trabalho e de atendimento para pacientes.

Atualizada em 11/10/2022 às 13h16
(T)

Servidores do Hospital Municipal Djalma Marques, o Socorrão I, interditaram um trecho da Rua das Cajazeiras na manhã de ontem, em uma paralisação de advertência por melhores condições de trabalho e de atendimento para pacientes. Por causa do protesto, que durou duas horas, um longo engarrafamento se formou e a fila de veículos que aguardava a liberação da via chegou a região do Portinho. Está prevista para hoje uma nova manifestação, dessa vez em frente ao Hospital Municipal Clementino Moura, o Socorrão II, na Cidade Operária.

O protesto começou às 8h. Com cartazes e faixas, médicos, enfermeiros e outros funcionários tomaram a via para chamar a atenção da população para os problemas existentes no hospital. A previsão inicial dos servidores era de que a manifestação fosse encerrada às 11h. Mas o trânsito foi liberado às 10h.

Conforme os organizadores, a paralisação foi de advertência, mas pode culminar em uma paralisação geral das atividades, caso não haja acordo com o Município. Se essa medida for adotada, os servidores prometem continuar atendendo apenas a casos de urgência, com risco de vida.

Uma nova paralisação está prevista para hoje. Dessa vez, serão os funcionários do Socorrão II que cruzarão os braços. Como a interdição não deve ter grande efeito sobre o trânsito, o protesto está marcado para começar às 8h e ser encerrado às 18h.

Condições precárias - Nas duas unidades de saúde, as reivindicações são semelhantes. A principal diz respeito às condições de trabalho precárias. No Socorrão I, os funcionários alegam a falta de medicamentos e outros materiais, como lençóis, e a superlotação na unidade, que obriga pacientes a ficar acomodados em macas nos corredores.

Para a técnica de enfermagem que trabalha no hospital há quase cinco anos, Marilí Ferreira, os funcionários precisam enfrentar situações em que precisam se agachar para atender pacientes que ficam em macas dispostas nos corredores ou no chão.

"Isso aqui é uma miséria. Tenho é dó dos pacientes que estão hoje no Socorrão I. A comida é de má qualidade e temos de comprar água para beber. Eu rezo todo dia para ninguém da minha família ficar doente e precisar vir para cá, porque sei das péssimas condições", afirmou Marilí Ferreira.

Segundo Marcelo Rosa, farmacêutico bioquímico e ex-diretor administrativo do Socorrão I, os servidores também reivindicam que a direção geral do hospital volte atrás na decisão de aumentar o número de plantões mensais de 8 para 10. "Foi acordado com o secretário de governo e de saúde que não haveria mudança de carga horária, mas os diretores não acataram. A gente quer mostrar para o prefeito que os funcionários mantêm esse sistema funcionando há mais de seis anos", explicou.

Marcelo Rosa destacou ainda que o atual diretor do Socorrão I, Erico Cantanhede, estaria comandando a gestão da unidade de saúde com uma posição autoritarista. "Os funcionários trabalham, às vezes, tendo de trazer material de seus outros empregos, pedindo emprestado ou pedindo doação. Aí chega um diretor e começa a ditar coisas para perseguir funcionário. O funcionário deve ser tratado como parceiro e não sendo perseguido", afirmou.

Durante todo o protesto de ontem, os servidores tentaram entrar em contato com a Prefeitura de São Luís para que algum representante fosse até o local para negociar, mas isso não aconteceu.

Transtorno - Por causa da interdição, dezenas de ônibus tiveram que aguardar a liberação da via para seguir seu itinerário. A longa fila de coletivos e outros veículos que aguardavam a liberação da via passava pelo Anel Viário e seguia pela Avenida Senador Vitorino Freire.

Muitos passageiros preferiram descer e seguir caminhando ou pegar mototáxis. Apesar do transtorno, muitas pessoas demonstraram apoio à manifestação dos servidores do Socorrão I como foi o caso da dona de casa Mariana dos Santos Silva. "Eu sou a favor do protesto deles, porque quando a gente precisa vir para cá, não é atendido direito. Se for para melhorar o hospital, não me importo de ter de descer do ônibus", disse.

Motoristas de ônibus e outros condutores também deram demonstrações de apoio ao movimento dos servidores. Mas algumas pessoas reclamaram da espera de duas horas até que o tráfego fosse liberado.

Processo de adequação tenta solucionar problemas

Em entrevista a O Estado, o diretor-geral do Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão I), Erico Cantanhede, explicou a atual condição da unidade de saúde. Segundo ele, o movimento dos servidores se iniciou depois que a nova gestão começou um processo de adequação para solucionar problemas antigos do hospital.

Em relação ao aumento no número de plantões, o diretor geral explicou que a legislação para cargos de nível superior prevê 10 plantões por mês. Por isso, não houve aumento na carga horária de trabalho e sim a adequação da jornada de trabalho dos servidores.

"Começamos a fazer as mudanças administrativas no hospital e identificamos uma situação em que os profissionais de curso superior, exceto médico e dentista, que têm uma legislação própria, precisam dar 10 plantões, segundo a legislação. Eles estavam dando seis ou oito, dependendo da conveniência dos antigos gestores", explicou o diretor geral do hospital.

Erico Cantanhede destacou ainda que o pagamento dos plantões era feito de forma irregular, como complementação de hora extra. "Nós adequamos algo que estava adormecido há 10 ou 15 anos. Adequamos uma realidade jurídica, mas não fizemos de forma abrupta. Houve uma provocação do Sindicato do Servidor Municipal em relação a isso e falamos que em dezembro começaria essa carga horária", frisou

Em relação às condições precárias de atendimento no Socorrão I, o gestor ressaltou que esse é um problema crônico provocado pela grande demanda de pacientes vindos do interior do estado. Em 2013, o hospital teria atendido 2.500 pessoas oriundas da Baixada Maranhense. Ele afirmou que mesmo com a nova gestão trabalhando para melhorar o atendimento, não consegue suprir a demanda de pacientes.

"Cerca de 60% dos pacientes que hoje estão aqui, são do interior do estado, ocupando macas, enquanto deveriam estar em seu município. Como é que eu posso oferecer condições para os pacientes em um hospital que tem 140 leitos, se as macas que se acumulam no corredor não garantem nenhum recurso ao hospital, porque não são cadastradas no Ministério da Saúde?", disse.

O diretor defendeu-se ainda das afirmações dos servidores de autoritarismo. "Quando a gente começou a fazer as trocas dos cargos comissionados, começaram as insatisfações. Isso criou um primeiro impacto. Pessoas que não estavam correspondendo na gestão anterior foram trocadas", pontuou Erico Cantanhede.

Funcionários do Socorrão I param Rua das Cajazeiras com protesto

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