Já vai longe o dia em que surgiu no homem o desejo de voar. É provável que um antepassado dos humanos, em tempos remotos, ao tentar fugir de algum agressor, ao rés do chão, tenha olhado para o céu e desejado ser um pássaro. E como um pássaro, poder voar. Fugir dos agressores rasteiros, por meio do voo, passou então a ser um sonho.
Não deve ter sido, porém, só isso. A condição humana - e, com certeza, também divina - impulsionou a luta contra os desafios. Andar, correr, nadar, voar... por que não?
A história é cheia de exemplos. Bartolomeu de Gusmão demonstrou que era possível, os irmãos Montgolfier deram um passo adiante... Outros e outros... Otto Lilienthal... Santos Dumont... Por que não?
O tempo correu e passou a fase do pioneirismo. Como diz um filme famoso, "o homem conseguiu voar mais depressa, mais alto e ir mais longe do que qualquer pássaro". Surgiu a profissão de aeronauta, e aeronaves e homens cruzam os céus do planeta a todo instante. Transporte de passageiros, de valores... Voos orbitais, a conquista da Lua, naves não tripuladas a outros planetas...
Os desejos humanos, porém, estavam longe de ser saciados. Os aspectos lúdicos dos vôos, voar por prazer, permaneciam vivos e fortes. Nasceu, então, o vôo esportivo.
No Maranhão, essa modalidade de voo tomou um caráter duradouro com a criação do Clube de Aviação Ultraleve - CAVU. Nascido sob o signo do tempo bom (Cavu ou cavok são expressões inglesas que significam "tempo bom", "condições meteorológicas boas", ou, como dizem por aí, "céu de brigadeiro") foi fruto do idealismo de um veterano piloto de aviões, Cmte. José Eimar Serra, que reuniu um grupo de entusiastas. Ele, Aníbal, Evandro, Velício, Paixão, Braga Diniz, Osvaldo Vasconcelos... Foi o esforço inicial. Aqueles homens deram asas esportivas ao Maranhão.
Os que viveram os primeiros dias não esquecem. Uma trilha entre arbustos e uns poucos aviões. Dois ou três, no máximo. Eram verdadeiros ultraleves, isto é, aeronaves simples que lembravam o Demoiselle de Santos Dumont. Quando as hélices aceleravam, nuvens de poeira toldavam a visão das pessoas. E estas, cheias de felicidade, acompanhavam as decolagens com o olhar. Todos, ali, sabiam: o sonho se realizava.
Uma data inesquecível. No dia da inauguração do CAVU não havia hangares, nem pista asfaltada, nem qualquer estrutura que prenunciasse a realidade atual. Havia, porém, como hoje, muita alegria e entusiasmo. Havia, sobretudo, esperança. Muita esperança.
O futuro chegou. É hoje. Depois de decorridos vinte anos desde aqueles primeiros vôos, o glorioso CAVU, como o denomina o comandante Serra, cresceu. Atingiu a maioridade. Bons hangares, pista asfaltada, aviões que esbanjam tecnologia.
O sonho se realizou mas o entusiasmo - como naqueles primeiros dias - não arrefeceu. No seu quadro de sócios - onde se vêem senhores de cabelos grisalhos - a vibração é típica dos jovens, porque eles voam por prazer. É o que se percebe nas suas trocas de mensagens via e-mail e se supõe nos corações durante as revoadas. Como disse o capitão Gary Powers, da Força Aérea Norte-Americana, citado pelo comandante Paulão: "Os pilotos são uma classe à parte dos humanos. Eles abandonam todo o mundano para purificar seu espírito no céu, e somente voltam à terra depois de receberem a comunicação do infinito. Esse grupo combina a diferença entre voar para sobreviver e sobreviver para voar".
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