Meditação sobre São Luís

Atualizada em 11/10/2022 às 13h55

Este artigo não tem o objetivo nem o desejo de fazer qualquer crítica a ninguém.

É um chamamento para pensar sobre a nossa cidade de São Luís, que no próximo ano faz seu 4º Centenário. Há quatro séculos, os franceses vieram de Cancale, na Bretanha, para fazer uma Colônia e aqui edificar uma França Equinocial. A motivação era tão forte que o padre D'Abbeville chegou mesmo a dizer que Luís XIII passaria a ser rei de três coroas: França, Navarra e Maranhão.

Com a expulsão dos franceses, os portugueses tomaram conta da cidade que nascia. Não pegou a tentativa de colocar outras nomes e ficou mesmo São Luís. Vinha na expedição de Jerônimo de Albuquerque um construtor de Fortes, Francisco Frias, que fez um em Guaxenduba. Ele nos deixou um desenho do que era a cidade de então que nos aponta a tradição portuguesa de ver as cidades em torno de uma praça principal e, a partir dali, desenvolver um plano urbanístico. (Em uma gravura de Barleus, de 1640 ainda era o traço do Frias que continuava). Ele não fez como Furtado de Mendonça, que com a marca pombalina, um século e meio depois, mandava projetar as cidades da Amazônia não com uma só praça, como os portugueses, mas com duas.

O Largo do Carmo foi o núcleo para onde a cidade caminhou e a partir dali com o tempo e as condições econômicas do estado se desenvolveu, domesticando ladeiras, fazendo o escoamento das águas e construindo belos sobrados. Não era o tempo das cidades planejadas e assim São Luís cresceu.

Não se pensava que um dia chegaríamos à era dos veículos individuais, a civilização do automóvel que hoje chega a um drama quase que insolúvel.

Os últimos prefeitos que pensaram a cidade em termos de visão global foram Vicente Fialho e Haroldo Tavares. O primeiro fez uma Plano Diretor que abriu a Avenida dos Franceses, Avenida Litorânea, projetou o estádio Nhozinho Santos e viu a cidade do futuro com a necessidade de novas diretrizes viárias. Haroldo tinha uma visão mais abrangente e, já vindo do meu tempo de governador, em que era secretário de Obras, traçou a expansão da cidade para o outro lado, contornando-a em anéis viários (Avenida dos Africanos, Colares Moreira, Acesso do Turu, Cohab-Aeroporto etc.), sem os quais hoje a cidade simplesmente não funcionaria.

Criou-se a mentalidade de que era o Governo do Estado que devia ser prefeito de São Luís e todos os serviços urbanos eram do Estado. Assim, Roseana sem os viadutos, Lagoa da Jansen, as vias que construiu e tudo mais que fez tínhamos o caos. Não existe na cidade uma só obra de envergadura da prefeitura. Nem a manutenção passou a existir. O resultado são os buracos, lixo, abandono. A Prefeitura de São Luís passou apenas a ser um bolsão empregatício.

Mas não estou só para apontar mazelas.

Quero contribuir para soluções: É urgente que se elabore um Plano de Tráfego para a cidade, engenharia de transito; que se faça uma revisão nos planos diretores existentes e se planeje a cidade, sua expansão, suas necessidades, suas carências; se faça um choque de gestão, com enfoque para limpeza e cuidar da cidade que está num aspecto de total abandono. Não se trata de um fenômeno presente. Ele tem origem no que passou.

Precisamos repensar a cidade. Aí temos gente boa que pode dedicar-se a isso. Talvez um passo inicial seria um debate sobre São Luis, presente, passado e futuro.

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