A CPI da Pedofilia iniciou os trabalhos em Açailândia, ontem pela manhã, com duas horas de atraso devido a uma falta de energia elétrica na Câmara Municipal. O primeiro a depor, como testemunha, foi o radialista Jorge Quadros, que apresentou informações ao "Caso Provita", referente a uma possível rede de prostituição infantil denunciada por ele em 2005, na qual estariam envolvidos empresários e políticos da Região Tocantina.
O "Caso Provita" envolve sete acusados, todos com intimações para prestar depoimentos na CPI da Pedofilia. Um deles é Ildenor Gonçalves dos Santos, irmão do prefeito de Açailândia, Ildemar Gonçalves, que teria grande influência política na região, e o advogado Antônio Borges Neto, que estaria se recusando a depor.
Jorge Quadros relatou que em 2005, depois que a CPI da Prostituição Infantil esteve em Imperatriz, recebeu denúncia de ouvintes, em seu programa de rádio, que o estudante Fabiano Sousa Silva agenciava adolescentes para "figurões" da cidade em uma lanchonete na Praça do Pioneiro, em Açailândia. O agenciador foi orientado pelo radialista a conversar com a delegada da cidade. O inquérito foi instaurado e a polícia apreendeu uma agenda com nomes e telefones de pessoas influentes da região que pagavam por programas com as meninas, dentre eles políticos, empresários, comerciantes, madeireiros e altos funcionários das siderurgias.
O delegado Paulo Moreira explicou que o inquérito foi concluído. Todos os acusados foram indiciados e denunciados pelo Ministério Público, mas, segundo ele, a força financeira e a influência política dessas pessoas protelaram o processo até hoje, e elas continuam impunes. "Todas as testemunhas que eles arrolaram no processo nunca foram localizadas pelos oficiais de Justiça. Isso é um absurdo, é mera protelação", disse.
De acordo com Paulo Moreira, o advogado chegou a arrolar como testemunhas de defesa um magistrado do Amapá e Ewerton Pacheco Filho, procurador-chefe da União no Maranhão. "O que essas pessoas podem saber deste caso de Açailândia? Nada. É mera protelação para impedir o andamento do processo", declarou.
Após quatro anos, nenhum dos acusados no "Caso Provita" foi preso. O radialista que denunciou a possível rede de prostituição na região foi demitido da rádio onde trabalhava dois dias depois do agenciador ter prestado depoimento à polícia e declinado todos os nomes dos envolvidos.
Acusados - À tarde, a CPI ouviu Geraldo Menezes, o "Geraldo da Motoca". Ele depôs na condição de testemunha, embora figure no processo como acusado. Acompanhado de dois advogados, ele negou durante todo o depoimento que conhecesse as meninas que o acusaram da prática de orgias sexuais em motéis da cidade. E chorou perante a CPI, jurando nunca ter saído com garotas de programa ou ter pago qualquer mulher em toda a sua vida para a prática de sexo. Ele também negou conhecer Fabiano Silva e admitiu conhecer apenas outros dois acusados – Luís Janes Silva e Silva e Ildenor Gonçalves -, mas afirmou que nunca saiu com eles.
À tarde, em depoimento cheio de contradições, Fabiano Silva confirmou que, à época em que o caso veio à tona, em 2004, viu Geraldo em uma lanchonete na praça do Pioneiro na companhia de adolescentes. Inicialmente, ele negou conhecer o advogado Antonio Borges e disse não saber do envolvimento dele com as meninas. Mais adiante, afirmou ter estado um dia na casa de Borges, onde duas adolescentes estavam hospedadas fazendo programa.
Fabiano Silva garantiu que não recebia dinheiro para agenciar meninas e que conheceu em uma lan house as duas adolescentes que denunciaram a prática de sexo com empresários e políticos de Açailândia, e disse ter participado com elas de "corujões", onde eram fotografadas nuas. Confirmou que muitos homens influentes ligavam para ele solicitando a companhia das adolescentes.
O depoimento dele era aguardado com expectativa pelos membros da CPI porque ele teria informações importantes, mas à maioria das perguntas afirmou que só responderia reservadamente, por segurança. Disse que está sendo ameaçado.
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A CPI ainda ouviu, à tarde, uma vítima da prostituição de Açailândia, que depôs com o rosto coberto. Hoje ela está casada, mas afirmou que participou de orgias sexuais com outras duas adolescentes, patrocinadas pelos mesmos homens que figuram como acusados no "Caso Provita". Disse ter sido agenciada por Fabiano e que cada uma recebia cerca de R$ 30,00.
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