Lendas urbanas envolvem história do edifício Caiçara

Atualizada em 11/10/2022 às 14h25
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Construído nos anos 1960, três décadas após a demolição da Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Mulatos, hoje situada no Monte Castelo, o residencial Caiçara ganhou conotação de amaldiçoado, por ter ocorrido no prédio, logo nos primeiros anos após a inauguração, três suicídios, segundo levantamento da Fundação Municipal de Patrimônio Histórico (FUMPH) de São Luís. De acordo com moradores, além da igreja, havia um cemitério no local, o que alimentou ainda mais as lendas urbanas sobre o prédio.

A primeira moradora do edifício, a assistente social Maria Lígia Oliveira, que reside no apartamento 301, disse não acreditar em história de fantasmas ou assombrações no prédio, mesmo revelando que seu irmão, o funcionário público Luiz Gomes de Oliveira, foi o primeiro a cometer suicídio no local, nos anos 70. "Ele sofria de esqui-zofrenia. Por isso estava fora de si quando cometeu o suicidou. Aliás, acredito que todos aqueles que morreram no prédio, passavam por algum problema pessoal ou de saúde. Particularmente, não acredito nessas histórias", disse.

Maria Lígia Oliveira contou que, apesar de morar só, no apartamento, não sente medo e nunca presenciou algo que a assustasse nos corredores do prédio. "À noite, eu durmo muito tranqüila. Há um silêncio muito grande, uma paz sem igual", emendou.

Já o autônomo Manoel Francisco Sousa, que trabalha no Caiçara desde 1986, preferiu não se limitar a respeito da veracidade ou não das lendas assombrosas, mas contou que há muitas histórias relacionadas a fantasmas que atormentam os moradores, até que vendam os imóveis ou cometam suicídio. "Já ouvi falar que eles empurram as pessoas das janelas. Apesar de já estarmos acostumados, o local é meio assustador. Prefiro não me envolver muito", enfatizou.

Segundo documentos históricos catalogados no escritório do síndico Dílson Tavares, o arranha-céu tem 10 pavimentos, com 48 apartamentos, e as paredes da frente e laterais revestidas de pastilhas, em uma construção moderna sobre colunas, pilots e estrutura de concreto armado.

Os primeiros moradores, como confirmaram Maria Lígia Oliveira e Dílson Tavares, tinham a obrigação de apresentar uma conduta exemplar aos demais moradores da cidade. Para tanto, foi realizado um trabalho de educação para que estes pudessem se adaptar às instalações, uma vez que na capital ninguém tinha o habito de uma vida condominial.

Moradores e usuários contestam

Pessoas que residem ou trabalham no edifício residencial Caiçara, situado na Rua Oswaldo Cruz (Rua Grande), no centro de São Luís, garantem que não há nenhum tipo de ameaça em se manter ou transitar diariamente nas dependências do prédio, que é um dos mais antigos de São Luís. Semana passada o Caiçara foi alvo de uma vistoria do Corpo de Bombeiros, que constatou irregularidades e ineficácia no sistema contra incêndio e pânico. Caso os problemas não sejam sanados em até 25 dias, a contar do dia 22, o prédio poderá ser interditado.

O autônomo Manoel Francisco Sousa, que trabalha no térreo do Caiçara há mais de 20 anos, contou que não se sente inseguro nas dependências do edifício, contestando a afirmação do Corpo de Bombeiros de que a estrutura contra incêndios carece de intervenções. "Nunca testemunhei problema nenhum referente a incêndios neste prédio. Trabalho diariamente, seguro, de que nada vai acontecer comigo ou com outras pessoas que passam diariamente por aqui. Não acredito nos riscos", disse.

O sindico Dílson Tavares, que segundo o Corpo de Bombeiros é o representante legal do edifício, afirmou que não há problemas estruturais no prédio e explicou que, segundo o laudo apresentado a ele pelo Corpo de Bombeiros, devem ser feitas intervenções apenas nos corredores, com a instalação de portas corta-fogo (saídas de emergência) e chuveiros automáticos. "Entraremos em contato com o Corpo de Bombeiros, informando que a estrutura do prédio não permite que sejam construídas as portas corta-fogo, por haver limitações em nossa estrutura", observou. Ele morou entre as décadas de 1970 e 1980 no prédio e há mais de 10 anos trabalha no local como síndico.

O relojoeiro Carlos Santos, que desde 1988 trabalha no Caiçara, disse que o local é seguro e não precisa de mudanças estruturais. "Desconheço esses problemas. O local é muito bom", disse.

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