CARLOS DE LIMA

PITAR - Fumar, cachimbar. Do tupi peti ar (tomar tabaco) ou do guarani pité (chupar).

Atualizada em 13/10/2022 às 10h30

PIRÃO – Papa de farinha de mandioca temperada com caldo de carne ou de peixe. DEBAIXO DESSE PIRÃO TEM CARNE – Alusão a alguma cousa que se está querendo ocultar. Dissimulação. Quem guarda o pirão chama o ladrão – Quem poupa com avareza desperta a cobiça alheia. (Zelinda Lima, p. 62).

PIRIQUITA – Pequena lamparina de folha de flandres. Em sentido chulo o sexo da mulher. Comum também a forma contracta priquita para a segunda acepção. (Vieira Filho, p. 79)

PIRULITO – Diz o Houaiss que é qualquer bala, doce, enfiado num palito. Pode ser para outros. Para nós era o pirulitinho de maracujá, (mal comprando) no feitio de um torpedozinho, envolvido no papel gelatinado e que os moleques ofereciam pelas ruas enfiados em uma tábua e erquida acima das cabeças por meio de uma vara, que por isso mesmo se chamava tábua de pirulito:

Papai, eu peço,

Mamãe, eu grito:

Me dá um tostão

Pra comprar pirulito!

A uma pessoa muito enfeitada dizia-se que parecia uma tábua-de-pirulito.

PISO – Modo de andar; terreno; revestimento do solo; andar de um edifício, pavimento. Pegada. "- Vim no teu piso, meu nambu de cheiro! Não te dou na cara para não sujar as minhas mãos!" (Astolfo Marques, Natal, São Luís, Tipogravura Teixeira, 1908, p. 47)

PITA – Terceira pessoa do singular do verbo Pitar: Eu pito, tu pitas, ele pita. (fuma). Também "lanta da família das Agaváceas das regiões tropicais das Américas e da quals e extraiem fibras e tanino: gravatá-açu, piteira." (Houaiss) A propósito: a tradição jocosa da cidade guardou um provável discurso do governador Paulo Ramos que, com sua característica voz fanhosa, perorava: - Maranhenses! Enquanto no Rio Grande do Sul abunda a pita, no Maranhão o babaçu abunda! com o aproveitamento da homofonia das expressões.

PITACO – Correção do erro, quinau. Expressões fora de uso, do tempo da palmatória: quem dava o quinau dava também o bolo no que errara – o pitaco.

PITADA – O dicionário Houaiss registra: Pequena porção de qualquer substância reduzida a pó; pequena porção de algo; e João Ribeiro (p. 47) opina que a expressão veio do antigo costume de tomar rapé (folhas de fumo torradas e moídas), hábito, segundo ele, de intelectuais e doutores que, além dos óculos não dispensavam sua boceta de rapé e "também de sua gíria: F. não sabe uma pitada de francês! adiantando que "uma pitada e dois dedos valem a mesma coisa." Não para nós: aqui dois dedos é medida, digamos, de extensão (dois dedos de bainha); de quantidade (dois dedos de bebida); e pitada é medida de quantidade, que aparece freqüentemente nas receitas de culinária: (uma pitada de sal, uma pitada de pimenta-do-reino) - a porção que se apreende entre os dedos polegar e indicador. Pitada é pitada, dois dedos são dois dedos, já que se não pode aumentar uma pitada no comprimento de um vestido, p. exemplo; mas dois dedos, sim.

PITANÇA – Ração diária, ou iguaria extraordinária, dos dias de festa. Também esmola.

PITAR – Fumar, cachimbar. Do tupi peti'ar (tomar tabaco) ou do guarani pité (chupar). (Houaiss). – O velhinho fica absorto no seu canto, o olhar perdido, pitando seu cachimbo!

PITÉU - Mulher bela; comida saborosa. – Aquela menina, rapaz, como mudou: está um pitéu!

PITIU – Cheiro e gosto ruíns. Pixé – Este peixe não está bom; está com um pitiu...!

PITÓ – Pequena porção de cabelo amarrado com uma fita ou tira de pano. – Ela estava tão engraçadinha, com dois pitós presos com fitas azuis!

PIXÉ – Mau cheiro. "Havia muitos anos que ela batia chocolate, em festas – senhoras festas! – e duvidava haver quem dissesse que chocolate batido por ela talhasse o trouxesse gosto ou pixé d'ovos. Tinha consciência de seu trabalho." (Astolfo Marques, Natal, São Luís, Tipogravura Teixeira, 1908, p. 31)

PIXILINGAR – Pedinchar. Pechinchar.

PLOESQUELEQUE – Assim se chamava o médico Gabriel Ploesqueleque, "Doutor em Medicina em Caxias (MA) e que daí se retirou para o Rio!". (MARQUES, Dicionário Histórico e Geográfico do Maranhão, SUDEMA, Rio de Janeiro, 1970, p. 475) – Vote!

POITA – Objeto pesado que faz as vezes de âncora em embarcações miúdas.

POMBO– Columba domestica, ao contrário de muitas aves de mau augúrio, o pombo é considerado atraidor de felicidade. Exemplo de amor e de carinho.

As ternas pombas em que amor

pintando-se estão perfeitamente

ora beijando-se ora catando-se

ora entregues ao seu desejo ardente

fazem... mas quem ignora?

o que o Amor manda fazer a

quem se adora.

Vê que nos ternos brincos destas aves

te deu, Marília, bela

de amoroso prazer lições suaves.

(Alexandre de Gusmão apud Del Priori, p. 44)

"Arrulhos amorosos quais nos pombais felizes..." era o termo de comparação dos casais. Todavia, por ser o pombo animal muito prolífico, torna-se inconveniente pela quantidade que se vai reproduzindo e pela sujeira decorrente, além de ser veículo de várias enfermidades. Ao mesmo tempo em que se diz Quem não tem pombo não tem fortuna, diz-se Casa de pombos, casa de tombos, porque o pombo é considerado ave de mau agouro, seus arrulhos roucos capazes de atrair malefícios. POMBO E PARENTE É QUE SUJA A CASA DA GENTE, ditado muito conhecido. A que o Riobaldo, do Rosa, acrescenta: - Parente não é o escolhido, é o demarcado. (p. 420). POMBINHO: Namorado. – Os noivos faziam um casal de bombinhos. Pombo-sem-asa – Pedra, calhau. Pedrada. (Zelinda Lima, p. 62) E não podemos deixar de citar o célebre soneto de Raimundo Corrêa, (p. 11) que assim começa: - Vai-se a primeira pomba despertada, para concluir:

Fogem... Mas aos pombais

as pombas voltam,

E eles (os sonhos) aos corações

não voltam mais.

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