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COLUNA
Vítor Sardinha
Vítor Sardinha é escritor e tabelião no Maranhão, pós-graduado em Direito e vice-presidente do Moto Club. Assina coluna dedicada à reflexão sobre o tempo presente.
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Quando o treino também ensina a vencer

Ele não existe para o aplauso imediato, mas para o amanhã.

Vítor Sardinha

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Divulgação (Reprodução)

Na manhã deste domingo, 28, o campo do CT Pereira dos Santos parecia maior do que de costume. Talvez fosse o verde recém-acordado pela chuva da madrugada, talvez fosse o silêncio atento dos torcedores que foram acompanhar fielmente o seu clube de coração, e conhecer o elenco na qual carrega o tradicional manto rubro-negro da Fabril. Não era um jogo oficial mas haviam olhares atentos de quem sabe que há algo sério em curso.

O Moto Club entrou em campo para mais um jogo-treino. Do outro lado, jovens do sub-20 do São Luís, carregando nos ombros a pressa típica de quem ainda está aprendendo a esperar. O placar, ao final, foi magro: um a zero. Domínio da posse de bola, 3 bolas na trave, juntamente com a cautela que antecede uma temporada. Mas o futebol, como a vida, raramente se resume a números.

Há vitórias que gritam, e há vitórias que sussurram. Essa pertenceu à segunda categoria.

O Papão do Norte venceu, manteve os 100% de aproveitamento na pré-temporada e seguiu adiante no calendário que aponta para 2026. Mas o que se viu ali foi menos um resultado e mais um processo. Cada passe trocado sem alarde, cada erro corrigido em silêncio, cada orientação dada à beira do campo pelo técnico Jairo Nascimento, lembrava que o futebol também é feito de paciência - uma virtude conhecida por quem vive no Maranhão, onde o tempo costuma caminhar com passos próprios.

Enquanto a bola rolava, era impossível não pensar que o treino carrega algo de ritual. Ele não existe para o aplauso imediato, mas para o amanhã. Assim como a cidade que observa o mar sem pressa, o time parecia aprender a olhar mais longe, a resistir à ansiedade, a compreender que amadurecer é um ato cotidiano, quase invisível.

Os jovens do São Luís, mesmo derrotados, saíram com algo que o placar não registra: experiência. No futebol, como na vida, perder cedo também ensina. E ensina muito!

No fim, quando o apito soou, não houve celebração exagerada. Houve conversas baixas, passos lentos, rostos concentrados. O tipo de cena que raramente vira manchete, mas que sustenta qualquer projeto duradouro.

Talvez seja isso que mais impressione nesses jogos de pré-temporada: eles revelam que vencer não é apenas chegar primeiro, mas saber caminhar. No Maranhão, onde a resistência sempre foi uma forma de esperança, até um jogo-treino pode carregar o peso simbólico de quem aprende, dia após dia, a construir o futuro sem pressa - mas sem recuar.


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