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COLUNA
Rogério Moreira Lima
Engenheiro e professor, foi coordenador Nacional da CCEEE/CONFEA e vice-presidente CREA-MA (2022). É membro da Academia Maranhense de Ciência e diretor de Inovação na Associação Brasileira de
Rogério Moreira Lima

O Brasil que dá certo: UFRJ faz pacientes voltarem a andar mesmo sob contingenciamento

Esse contraste foi mais uma vez evidenciado por uma grande descoberta da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Rogério Moreira Lima

Atualizada em 12/09/2025 às 08h19

A sociedade brasileira vive um momento inédito, marcado pelo questionamento das universidades públicas, justamente um dos poucos serviços de qualidade reconhecida e com desempenho muito superior ao das instituições privadas de ensino superior (IES). Esse contraste foi mais uma vez evidenciado por uma grande descoberta da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Um medicamento desenvolvido pelo laboratório Cristália em parceria com a UFRJ representa uma esperança inédita para a restauração de lesões medulares recentes. Segundo noticiado pela CNN Brasil e pelo Jornal O Globo, a pesquisa, que levou 25 anos, envolveu diversos especialistas da área da saúde, como neurocirurgiões e fisioterapeutas. Nos estudos experimentais, cerca de dez pacientes conseguiram recuperar movimentos, entre eles um jovem de 31 anos vítima de acidente de trânsito, uma mulher de 27 anos que sofreu uma queda e um homem de 33 anos atingido por arma de fogo.

É importante destacar que falamos de uma universidade pública mantida pelo Governo Federal, o que reforça os resultados já apresentados pelo ranking internacional da Times Higher Education (THE) em 2025. O levantamento mostrou o excelente desempenho das universidades públicas brasileiras na área de Saúde e Medicina, com destaque para a Universidade de São Paulo (USP), classificada na 86ª posição e figurando entre as 100 melhores do mundo.

Esses resultados demonstram que, apesar das críticas e dos desafios orçamentários, as universidades públicas brasileiras mantêm padrões de excelência acadêmica e científica, projetando o nome do Brasil entre os protagonistas globais do ensino superior. Eles também evidenciam a urgência de maiores investimentos em laboratórios e no fortalecimento dos programas de pós-graduação stricto sensu, tanto de mestrado quanto de doutorado, com maior estímulo à colaboração com a indústria. Nesse sentido, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) poderia contribuir, seja ampliando a pontuação de avaliação para programas que estabeleçam parcerias efetivas com empresas e setores produtivos, seja tornando obrigatória a interação com o setor de serviços ou a indústria, a depender da natureza de cada programa.

O caso da UFRJ mostra de forma concreta como a cooperação entre universidades e a indústria pode proporcionar grandes incrementos e resultados para a ciência e para a sociedade. É igualmente essencial estimular a produção de patentes e a transferência de tecnologia, de modo a aproximar ainda mais a universidade do setor produtivo e fortalecer a inovação nacional.

O reconhecimento obtido pelas universidades públicas brasileiras tem agora caráter social, já que dois grandes veículos de comunicação, CNN e O Globo, reforçam sua legitimidade diante da sociedade e confirmam sua importância estratégica para o desenvolvimento nacional. Trata-se de uma validação externa que evidencia a qualidade de seu ensino, a relevância de sua pesquisa e a capacidade de impactar positivamente a economia e a vida social.

As universidades públicas brasileiras não pertencem apenas à comunidade acadêmica. Elas são patrimônio coletivo do povo brasileiro. Defender e valorizar a universidade pública é defender o futuro do Brasil, pois é nela que se encontram os pilares para a inovação, a justiça social e o desenvolvimento sustentável.

Fontes:

[1] O Globo. Cientistas brasileiros criam medicamento inédito com proteína da placenta que devolve mobilidade a pessoas tetraplégicas. Disponível em:  https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2025/09/10/cientistas-brasileiros-criam-medicamento-inedito-com-proteina-da-placenta-que-devolve-mobilidade-a-pessoas-tetraplegicas.ghtml Acesso em: 11 set. 2025.

[2] CNN Brasil. Medicamento inédito devolve movimento a pacientes com lesão na medula. Disponível em:  https://www.cnnbrasil.com.br/saude/medicamento-inedito-devolve-movimento-a-pacientes-com-lesao-na-medula/. Acesso em: 11 set. 2025.

[3] TIMES HIGHER EDUCATION. World University Rankings by Subject 2025. Londres: THE, 2025. Disponível em: https://www.timeshighereducation.com/world-university-rankings/by-subject. Acesso em: 7 set. 2025.
 


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