Infraestrutura de Telecomunicações em Foco: Engenheiros discutem futuro de São Paulo
No próximo dia 18 de agosto, São Paulo será palco de um importante debate sobre os rumos da conectividade e o papel da engenharia na transformação digital das cidades.
No próximo dia 18 de agosto, São Paulo será palco de um importante debate sobre os rumos da conectividade e o papel da engenharia na transformação digital das cidades. Com o tema “Conectando o Futuro: Estratégias para a Melhoria da Infraestrutura Urbana de Telecomunicações em São Paulo”, o workshop promovido pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP) reunirá especialistas, gestores públicos, parlamentares e profissionais da área em uma jornada técnica e institucional, com apoio do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA), do CREA-SP, da Mútua, da ANATEL, da Associação dos Diplomados do Instituto Nacional de Telecomunicações (ADINATEL), da Associação Brasileira de Empresas de Soluções de Telecomunicações e Informática (ABEPREST) e da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (ABRACOPEL). O evento ocorrerá das 8h às 18h, na sede do SEESP (Rua Genebra, 25, Bela Vista, São Paulo), com participação gratuita e vagas limitadas.
Entre os destaques confirmados estão o Engenheiro Eletricista Murilo Pinheiro, presidente do SEESP e da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE); o Engenheiro Eletricista Carlos Nazareth, diretor do INATEL (Instituto Nacional de Telecomunicações); o Engenheiro Eletricista Marcius Vitale, presidente da ADINATEL; o Engenheiro Industrial Hélcio Binelli, diretor da ABEPREST e do Departamento de Infraestrutura da FIESP; o Engenheiro Eletricista Marcelo Augusto Scacabarozi, gerente regional da ANATEL em São Paulo; o Engenheiro de Telecomunicações Vinícius Marchese, presidente do CONFEA (a confirmar); o Engenheiro Eletricista Renato Becker, diretor do SEESP; e o Engenheiro Eletricista Edson Martinho, diretor executivo da ABRACOPEL.
O Workshop destaca-se pela ilustre participação do engenheiro civil e de segurança do trabalho Gianfranco Pampalon, auditor fiscal do trabalho aposentado e referência nacional na Norma Regulamentadora NR-35, que trata de trabalho em altura. Gianfranco integrou o grupo responsável pela criação da NR 35, publicada em 2012. Além disso, já atuou como instrutor da Escola Nacional de Inspeção do Trabalho, capacitando novos auditores fiscais especialmente nos temas relacionados à construção civil e à prevenção de quedas, e contribuiu para a formação de profissionais como professor em cursos de pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho.
Também conta com a ilustre presença do engenheiro eletricista e de segurança do trabalho Marcius Vitale, referência nacional em infraestrutura de telecomunicações e presidente da Associação dos Diplomados do Instituto Nacional de Telecomunicações (ADINATEL), cuja expertise fortalece ainda mais o debate sobre os desafios e soluções para a segurança e o desenvolvimento do setor.
O evento reforça o papel estratégico das telecomunicações na transformação digital das cidades e na construção de ambientes urbanos mais conectados, eficientes e sustentáveis. Não existe tecnologia da informação sem telecomunicações. Não adianta dispor de dados se não houver acesso rápido, confiável e seguro, a qualquer hora, em qualquer lugar e inclusive em movimento. A conectividade permanente é condição essencial para cidades inteligentes, que dependem de infraestrutura robusta de dados para viabilizar mobilidade urbana inteligente, segurança pública integrada, gestão de energia, saúde conectada e serviços públicos digitais.
A crescente demanda, especialmente nas metrópoles brasileiras, por banda larga móvel de altíssima velocidade e ultrabaixa latência faz com que a expansão da tecnologia 5G seja parte essencial da solução. Essa tecnologia depende de uma infraestrutura robusta de transporte de dados, baseada em backhaul óptico, e exige uma arquitetura de rede compatível com o uso de MIMO massivo, o que implica a implantação intensiva de Small Cells nos ambientes urbanos. Assim, além da infraestrutura de banda larga fixa já existente, haverá uma demanda crescente por infraestrutura dedicada ao suporte das Small Cells necessárias ao 5G, ampliando significativamente os desafios para a engenharia de telecomunicações, que já enfrenta questões relacionadas à segurança e à resiliência da rede.
A engenharia de telecomunicações deve enfrentar desafios tanto na banda larga fixa quanto no backhaul do 5G, para projetar, implementar e operar redes complexas de comunicação. Seus fundamentos técnicos, como: a análise espectral, a propagação de ondas eletromagnéticas e a teoria estatística das comunicações, são indispensáveis para assegurar a eficiência, a confiabilidade e o desempenho dos sistemas modernos, sejam eles fixos ou móveis. A análise espectral, sustentada pela Transformada de Fourier, permite otimizar o uso do espectro eletromagnético, evitando interferências e maximizando a eficiência das redes. Tecnologias como OFDM (Orthogonal Frequency Division Multiplexing) são aplicações práticas desse conceito, mitigando os efeitos do multipercurso, reduzindo a taxa de erro de bits (BER) e melhorando a cobertura e a taxa de transmissão de dados. A propagação de ondas eletromagnéticas, regida pela Equação de Helmholtz, é essencial para compreender os mecanismos físicos envolvidos na transmissão e recepção dos sinais, prevendo fenômenos como atenuação, difração e reflexões. Modelos como o Alfa-Beta-Gama (ITU-R P.1411) são fundamentais para antecipar o comportamento do sinal em ambientes urbanos densos. Já a teoria estatística das comunicações desempenha papel decisivo na confiabilidade dos sistemas, oferecendo suporte ao dimensionamento da capacidade da rede, ao controle de congestionamento e à análise de tráfego — aspectos críticos para garantir qualidade nos diversos serviços de telecomunicações.
Diante desse cenário, a atuação de engenheiros habilitados torna-se ainda mais estratégica diante da crescente complexidade da infraestrutura nacional de telecomunicações. A fiscalização da engenharia, exercida pelo Sistema CONFEA/CREA, especialmente com a aprovação da Decisão Plenária CONFEA nº 1744/2021, tem sido fundamental para assegurar que apenas empresas tecnicamente capacitadas e profissionais legalmente habilitados assumam a responsabilidade técnica por esses serviços de alta criticidade. Essa decisão contribuiu significativamente para a drástica redução das mortes de trabalhadores no setor de telecomunicações em 2024, conforme dados do Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica da ABRACOPEL. A Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), ciente desses riscos, tem adotado medidas firmes de prevenção de acidentes e valorização da qualificação técnica, como a exigência expressa de registro no CREA, apresentação de atestados de capacidade técnica e implementação dos programas obrigatórios de saúde e segurança do trabalho (PGR e PCMSO), conforme estabelece a Resolução Interna ANATEL nº 428/2025, reforçando a segurança jurídica das contratações públicas e privadas no setor, além de proteger vidas e o patrimônio público e privado.
O Workshop será uma oportunidade para discutir medidas adicionais às que já vêm sendo adotadas pelo CONFEA e pela ANATEL, que têm implementado ações firmes e efetivas para garantir a segurança no setor de telecomunicações e reduzir drasticamente os acidentes envolvendo trabalhadores da área. A Resolução CONFEA nº 1134/2021, que determina que empreendimentos com potencial risco à sociedade e ao meio ambiente sejam fiscalizados de forma prioritária, por meio de ações preventivas voltadas a minimizar a ocorrência de sinistros e desastres, soma-se à Decisão Plenária CONFEA nº 1744/2021, que instituiu a fiscalização nacional dos provedores de internet. Merece destaque também a já mencionada Resolução Interna ANATEL nº 428/2025, que adotou medidas específicas para a prevenção de acidentes no setor de telecomunicações.
Essa postura proativa reforça o compromisso dessas autarquias com a proteção da vida, a preservação ambiental e a qualidade das redes de telecomunicações. A sinergia entre o Sistema CONFEA/CREA e a ANATEL em prol da segurança, e a presença de ambas no workshop, é fundamental para consolidar uma infraestrutura segura, resiliente e confiável, capaz de atender às crescentes demandas da sociedade brasileira e promover um futuro digital sustentável e inovador.
O evento também deverá estimular boas práticas junto às prefeituras, no tocante às legislações municipais que tratam dos procedimentos para instalação de infraestrutura de suporte para Estações Transmissoras de Radiocomunicação (ETR). Esse ponto é crucial, pois temos enfrentado atrasos na implantação do 5G, e as legislações municipais devem ter como propósito não apenas garantir segurança e resiliência, mas também agilidade, evitando o excesso de burocracia que pode inviabilizar o cumprimento dos prazos de implantação do 5G. Os municípios devem rever ou atualizar seus marcos legais, contribuindo para uma regulamentação mais clara, segura e alinhada às necessidades atuais de conectividade. O evento representa uma excelente oportunidade para gestores municipais e engenheiros debaterem temas relacionados à infraestrutura de telecomunicações, aliando soluções que tornem as redes mais resilientes e seguras.
Fonte:
[1] SEESP realiza workshop sobre infraestrutura urbana de telecomunicações, disponível em https://www.seesp.org.br/site/comunicacao/noticias/item/23401-seesp-realiza-workshop-sobre-infraestrutura-urbana-de-telecomunicacoes
[2] Resolução CONFEA nº 1134/2021
[3] Decisão Plenária CONFEA 1744/2021
[4] ITU-R P.1411-12/2023: Propagation data and prediction methods for the planning of short-range outdoor radiocommunication systems and radio local area networks in the frequency range 300 MHz to 100 GHz
[5] Resolução Interna ANATEL nº 428/2025
[6] Lei 5.194/1966
[7] Lei 6.496/1977
[8] Lei 9.472/1997
[9] Entrevista | Gianfranco Pampalon – Além das NRs – Ed. 380. Revista Proteção, disponível em https://protecao.com.br/destaques-da-revista-protecao/entrevista-alem-das-nrs-ed-380/
[10] Resolução CONFEA nº 218/1973
[11] Resolução CONFEA nº 380/1993
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