
Maranhão: de oligarca a Matrioska?
Aqui, não pretendo defender nem atacar ninguém. Apenas lanço questionamentos, baseados naquilo que consigo enxergar.
Vejo muitos comentando que o ex-governador Flávio Dino quer mandar ou se intrometer no governo de Carlos Brandão. Aqui, não pretendo defender nem atacar ninguém. Apenas lanço questionamentos, baseados naquilo que consigo enxergar.
Pergunto: como se daria essa suposta intromissão ou comando?
Por acaso, o agora ministro do STF tem imposto, de forma insistente, nomes para o secretariado de Carlos Brandão?
Teria Flávio Dino tentado colocar empresas de irmãos, primos, parentes ou amigos para “prestar serviços” ao governo estadual? Sem licitação? À força?
Flávio Dino tentou fazer o que outros governadores — inclusive Carlos Brandão — fizeram, ao indicar parentes para o Tribunal de Contas do Estado?
Será que Brandão não pode ser contestado? Todos os deputados que discordam de seu governo estariam, obrigatoriamente, seguindo orientações do ex-governador?
Fui oposição ao governo Dilma e nunca votei no PT. Discordei várias vezes do governador Flávio Dino, mas nunca fui tratado como infiltrado ou sabotador.
Será que, no Maranhão, ter opinião própria voltou a ser um problema?
Também pergunto: seria crime, imposição ou abuso o fato de o atual vice-governador, Felipe Camarão, ser o candidato natural à sucessão em 2026?
Em 2022, Flávio Dino viu seu grupo político se fragmentando ao anunciar o então vice Carlos Brandão como seu candidato. Mais do que isso: quando Brandão se internou em São Paulo, já como governador, foi Dino quem conduziu toda a articulação política da campanha.
Não pretendo aqui fazer uma análise comparativa da trajetória profissional ou política de Brandão e Felipe. Mas ouso dizer: o ex-governador apenas apostou que eleger seu vice seria o caminho mais benéfico para o que restava do seu grupo — e, na prática, essa decisão foi extremamente benéfica para o próprio Brandão, tanto em 2022 como em 2026.
É muito triste ver políticos, lideranças e até veículos de comunicação defenderem o que talvez seja um dos maiores retrocessos da nossa história recente: a completa oligarquização do Maranhão. Como se não bastasse, esse modelo já é realidade em mais de 100 municípios do estado.
Chega a ser doloroso ouvir, na tribuna da Assembleia, argumentos como: “se prefeito, deputado e senador podem indicar parentes, o governador também pode”.
Como se a legalidade bastasse para justificar a imoralidade.
Participei de um governo. Atuei como secretário estadual de Indústria, Comércio e Energia, sempre com liberdade para dialogar com o governador. Ser ouvido ou não era outra história. Mas, em várias ocasiões, deixei claro que Brandão não era o nome ideal para a sucessão.
No debate da TV Mirante, em 2022, fui direto: Brandão era apenas um “vaso decorativo” no governo, éramos adversários naquele momento. E ele não possuía legado político ou trabalho concreto que justificasse assumir o comando do estado, nunca teve uma carteira assinada na vida ou aprovação em concurso público.
Confesso: não previ todos os desdobramentos quando avisei que não daria certo — há situações que prefiro nem comentar. Mas fiz a minha parte ao dar, de forma clara, o alerta.
Não tenho qualquer questão pessoal com Carlos Brandão. Mas jamais apoiaria atitudes retrógradas e danosas para o Maranhão. Por isso, deixo aqui um grito de alerta, chamando a atenção do povo maranhense.
Finalizo com uma pergunta não dirigida à classe política — pois, para muitos, está tudo bem desde que tenham sua fatia ou migalha de poder.
Minha pergunta é para você, cidadão maranhense: Estamos prestes a ver no Maranhão algo ainda pior que um governo oligarca?
Estaremos vivendo o início de um governo “Matrioska” — onde o poder perpassado de um parente para outro, como uma boneca russa, uma saindo de dentro da outra? Você aprova isso?
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