(Divulgação)
COLUNA
Ruy Palhano
Ruy Palhano é médico psiquiatra.
Ruy Palhano

Minimalismo, a arte da simplicidade

Um outro movimento internacional que vem ganhando força cada vez mais é o minimalismo, estilo de vida, filosofia ou abordagem que busca reduzir excessos e se concentrar no essencial.

Ruy Palhano

Um outro movimento internacional que vem ganhando força cada vez mais é o minimalismo, estilo de vida, filosofia ou abordagem que busca reduzir excessos e se concentrar no essencial. Ele propõe a simplificação das escolhas, bens materiais e compromissos, valorizando o que realmente agrega significado e propósito à vida. A ideia central é "menos é mais", promovendo uma vida mais intencional e livre de distrações desnecessárias.

Na realidade devido sua complexidade o minimalismo é um conceito multifacetado que vai além do estilo de vida e se conecta a diferentes áreas da sociedade, cultura e psicologia. Este importante movimento antropológico, tem raízes em diversas tradições culturais e movimentos ao longo da história. Nas filosofias orientais por exemplo temos o Budismo Zen que exerce uma das mais notáveis influências, a qual dá ênfase na simplicidade, desapego e clareza mental. O Taoismo também valoriza a harmonia com a natureza e a ideia de viver com menos.

A filosofia Ocidental também exerceu muita influência sobre o minimalismo. Os estoicos na Grécia Antiga, como Sêneca e Epicteto, pregavam o desapego material e a busca pela virtude como chave para uma vida plena. No Iluminismo, pensadores como Thoreau escreveram sobre a simplicidade, como em Walden, uma obra que enfatiza a vida com propósito e minimalismo.

Modernamente, na arte e arquitetura, o minimalismo surgiu como um movimento no século XX, especialmente nas décadas de 1960 e 1970, com destaque para o lema “menos é mais” do arquiteto Ludwig Mies van der Rohe. No design, influências como a Bauhaus e a estética japonesa do "wabi-sabi" ajudaram a popularizar o estilo minimalista.

Contemporaneamente, de forma especial nos anos 2010, autores como Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus, criadores do blog e documentário The Minimalists, popularizaram o conceito no estilo de vida. Marie Kondo, com seu método KonMari, também trouxe o minimalismo para o foco global. 

Funcionalmente, o minimalismo é uma prática consciente que questiona a necessidade de bens e atividades, incentivando escolhas intencionais. Além do mais, ele se propõe a avaliar o que é essencial e o que traz a real felicidade. Reconhecer padrões de consumo desnecessários e comportamento que causam insatisfação são imperativos deste movimento. Outro aspecto altamente relevante é o desapego que sinaliza para nos livrarmos de objetos, compromissos ou hábitos que não agregam valor, isto é, abraçar o conceito de "menos coisas, mais liberdade".

A organização e foco, outra particularidade sinaliza para a criação de um ambiente físico e mental limpo e organizado, estabelecendo prioridades e metas claras. Sobre o consumo especificamente propõe-se o consumo responsável de tal forma que se evite o consumismo excessivo e desnecessário, procurando-se focar em produtos e experiências de qualidade, as quais incentivem a adoção de práticas sustentáveis.

Todos estes aspectos acima citados fazem com que o minimalismo, quando bem equilibrado, tem o potencial de transformar indivíduos e sociedades, promovendo uma vida mais consciente, sustentável e intencional. Contudo, seus desafios estão em evitar excessos ou mal-entendidos, garantindo que ele seja adaptado às necessidades e realidades de cada pessoa.

O desapego, como um dos mais importantes pressupostos, demonstra ser uma condição focada em ter menos coisas, apenas o que é realmente necessário, lhe dá prazer ou traz felicidade. A simplicidade é outra prerrogativa importante do minimalismo que significa simplificar a rotina de sua vida em distintos contextos, como por exemplo os ambientes e os relacionamentos.

Ante o exposto, pergunta-se: será se o homem moderno assumiu a filosofia do Minimalismo? O exercício do minimalismo no cotidiano do homem moderno, a passos largos passa a ser uma tendência crescente, mas ainda não é um conceito amplamente reforçado por todos. Ele, enquanto filosofia de vida, como vimos acima propõe reduzir os excessos, desapegar-se do supérfluo e focar no que realmente agrega valor à existência e pode se manifestar em diversas áreas, como consumo, moradia, trabalho e até relacionamentos.

Sabe-se que o mundo contemporâneo é marcado pelo excesso de informação, consumo exacerbado e uma cultura voltada para o acúmulo de bens materiais. No entanto, a cada dia proura-se mudar isto, pois cresce o número de pessoas que optam por um estilo de vida mais simples, buscando equilíbrio entre o essencial e o necessário, além do mais, nós no cotidiano estamos cada vez mais consciente da necessidade de evitar o consumo desenfreado. 

O conceito de moradias menores, funcionais e sustentáveis ​​está ganhando força. Casas compactas, apartamentos menores e a organização baseada na funcionalidade (como o método de Marie Kondo) refletem a busca por espaços otimizados e livres de acúmulos adicionais, da mesma forma como a valorização do tempo e da produtividade eficiente também levou muitas pessoas a reconsiderar o modelo tradicional de trabalho. O home office, jornadas flexíveis e a priorização do bem-estar sobre a carga horária excessiva são reflexos dessa mudança. O minimalismo profissional incentiva a eliminar tarefas desnecessárias e focar no que realmente gera impacto.

A busca por menos estresse, menos preocupações e mais propósito se reflete em práticas como mindfulness, meditação e desaceleração do ritmo de vida. A cultura do “hustle” (trabalho excessivo) está sendo gradual, gradualmente, por uma atitude mais equilibrada. Ao mesmo tempo percebe-se que o sistema capitalista e a publicidade incentivam o consumo constante, dificultando a adesão plena a essa filosofia. Apesar de tudo, percebe-se uma mudança progressiva nas atitudes, sobretudo entre jovens que estão valorizando mais experiências do que bens materiais, adotam um consumo mais sustentável e buscam equilíbrio na vida pessoal e profissional.

Assim, o minimalismo no cotidiano do homem moderno é uma realidade para alguns e um ideal distante para outros. O que é certo é que a reflexão sobre o essencial e o supérfluo tem ganhado espaço, transformando a maneira como vivemos e enxergamos o mundo. Outra particularidade é dá prioridades claras ao tempo que você se dedica ao fazer alguma coisa bem como dá energia ao que é importante, como saúde, família e autodesenvolvimento. Da mesma forma como viver de forma mais consciente, valorizando experiências em vez de posses materiais. 

As opiniões, crenças e posicionamentos expostos em artigos e/ou textos de opinião não representam a posição do Imirante.com. A responsabilidade pelas publicações destes restringe-se aos respectivos autores.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.