Dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde mostram que mais da metade dos óbitos de trânsito no Maranhão envolveram motociclistas. De acordo com o SIM, dos 681 acidentes com morte em vias e rodovias maranhenses registrados este ano, 348 envolviam motociclistas.
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No Maranhão, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MA) vai realizar ações de conscientização, durante a Semana Nacional do Trânsito, com atividades envolvendo instituições públicas e privadas, organizações não-governamentais (ONGs) e toda sociedade civil: com palestras, blitze educativas de trânsito, abordagens em espaços públicos, entre outras atividades.
"A campanha serve para conscientizar as pessoas a dirigir com mais segurança, usar equipamentos de segurança ao dirigir seu veículo, sua motocicleta, e, assim, evitar acidentes e perdas de vidas no trânsito”, destaca o secretário de Estado da Segurança Pública (SSP), Maurício Martins.
De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), o número de acidentados em sinistros envolvendo motociclistas no estado, somente este ano, já é quase a metade dos registrados no ano passado. Foram 979 casos computados em 2023 e 436 apenas no primeiro semestre de 2024.
Impacto na rede de saúde
Os acidentes com motocicletas têm impacto direto na rede pública de saúde maranhense, como revelam dados do Sistema de Notificação em Sinistro de Trânsito (Done), instrumento desenvolvido pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), e que já foi implantado em 31 unidades da rede estadual.
De acordo com o Sistema, nos oito primeiros meses de 2024 já foram notificadas 492 internações de vítimas de acidentados com motocicletas. “No último ano, calculou-se um gasto de R$1,6 bilhão em pacientes vítimas de acidentes com motos, isso apenas com internações. Em cada evento de internação, calculamos gastos em torno de R$ 15 mil a R$ 30 mil”, explica o médico Newton Gripp, coordenador geral de ortopedia do Hospital de Traumatologia e Ortopedia (HTO) do Maranhão, referência em cirurgia ortopédica no estado.
“São principalmente os traumas do joelho para baixo, alguns casos relacionados ao fêmur. A estrutura das motocicletas deixa as pernas mais vulneráveis a qualquer tipo de trauma que ocorra no trânsito. Joelho, perna e pé são os mais afetados”, completa.
Mutirões de atendimento
Em julho deste ano, o HTO realizou um mutirão de cirurgias, proporcionando tratamento com o Método Ilizarov para mais de 50 pacientes, o maior mutirão do gênero já realizado no Brasil. O método utiliza o chamado ‘aparelho de Ilizarov’, fixador externo em aço inoxidável desenvolvido em 1951 pelo médico russo Gavriil Ilizarov, utilizado para o tratamento de fraturas expostas ou alongamentos de ossos.
No Brasil, o aparelho é popularmente conhecido como ‘gaiola’, e vítimas de acidentes envolvendo motocicletas costumam ser os usuários mais frequentes deste tipo de tratamento ortopédico.
“O Governo do Estado, juntamente com o Governo Federal, vem tomando atitudes, iniciando políticas tanto preventivas, quanto curativas. Recentemente fizemos mutirão para mais de 50 pacientes com o Método Ilizarov. A maioria esmagadora que utiliza o tratamento é originária de acidentes com motos”, aponta Gripp.
Keliane Leitão Silva, de 32 anos, foi uma das pacientes atendidas no mutirão ofertado pelo HTO com o uso do Método Ilizarov. Ela sofreu um acidente de moto em 2012, e com a perda de parte do osso causado pela fratura exposta, ficou com uma perna mais curta do que a outra.
Keliane decidiu se submeter a cirurgia, fez todos os exames pré-operatórios e em 21 de junho foi chamada para realizar a cirurgia. Agora ela está em recuperação.
“Eu cheguei no hospital toda me tremendo de ansiedade, mas fui pega de surpresa com o médico dizendo que o meu problema era facilmente corrigido. Ele me passou tranquilidade, me encaminhou para a cirurgia, só que também fui alertada de que o tratamento seria longo, duraria um ano, e que melhoraria em 80%”, relata Keliane.
"É preciso bom senso"
O professor da rede municipal de educação de São Luís, Gabriel Schalcher, utiliza a motocicleta diariamente para ir ao trabalho e voltar para casa. Condutor de motocicletas há mais de 25 anos, ele avalia que o respeito às leis do trânsito e o bom senso de condutores de carros e motos podem salvar vidas.
“A mobilidade é muito mais favorável para quem usa esse meio de transporte, mas é preciso seguir a sinalização de trânsito. É preciso bom senso também dos condutores de carros, pois vejo muitos motoristas de carro que não respeitam os motociclistas como parte do trânsito mais vulnerável”, opina.
As vendas de motocicletas em todo o país seguem quebrando recordes. Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), apenas no primeiro semestre de 2024, mais de 932 mil motos foram vendidas no Brasil.
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