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COLUNA
Ruy Palhano
Ruy Palhano é médico psiquiatra.
Ruy Palhano

Mexa-se, eis o segredo de uma longa vida

As recomendações médicas sobre atividades físicas já são por demais conhecidas entre nós.

Ruy Palhano

As recomendações médicas sobre atividades físicas já são por demais conhecidas entre nós. Dificilmente médicos ou outros profissionais da saúde e de outras áreas afins, em suas práticas, deixam de recomendar, já que todos reconhecem o valor preventivo e terapêutico da atividade física ante os agravos à saúde.

Desde logo, faz-se necessário distinguir a diferença entre atividade física e exercício físico. O primeiro é qualquer movimento realizado pelo corpo (musculatura) que resulta em gasto calóricos. Já exercícios físicos são atividades regulares, sistematizadas, sequenciadas de movimentos para alcançar determinados objetivos. 

Um dos motes principais dessas recomendações é enfrentarmos o sedentarismo, uma condição que nos predispõe às doenças e a outros problemas de saúde. Entendemos por sedentarismo a inexistência ou restrição acentuada de atividade física. O sedentarismo, por outro lado, atinge quase a metade da população brasileira (45,9%) e está por trás de 13,2% das mortes no país, segundo uma pesquisa publicada pela revista médica The Lancet Medical Journal (julho, 2016).

A pesquisa mostrou ainda que 5,3 milhões de mortes por ano no mundo estão relacionadas ao sedentarismo. Para os pesquisadores, a falta de atividade física diminui a expectativa de vida da mesma forma que o tabagismo e a obesidade. E essa condição, responde por 10% das doenças não transmissíveis, como diabetes, câncer e problemas cardiovasculares. Para a OMS, praticar esportes é fundamental para o corpo e para a mente e ajuda a prevenir doenças como diabetes e hipertensão e outros agravos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o sedentarismo é considerado o quarto maior fator de risco de mortes no mundo.

A pesquisa chama atenção para os malefícios do sedentarismo e o perigo de morte associado a esse estilo de vida. Os cientistas ressaltam que passar mais de oito horas por dia trabalhando sentado aumenta as chances de morte prematura em 60%. Ao mesmo tempo o mesmo trabalho realça que que exercitar-se durante uma hora por dia pode contrabalançar os efeitos nocivos de trabalhar sentado por longos períodos.

Nessa perspectiva, a cada dia crescem as evidências que o homem contemporâneo, produto de uma era repleta de novos conhecimentos tecnológicos e de muitos ouros avanços científicos pode viver mais e melhor. Esta é, certamente, uma das mais importantes notícias que todos nós queríamos ouvir, pois a busca da longevidade e da vida eterna é uma das mais antigas e permanecerá sendo, uma das mais importantes aspirações humanas.

Nos últimos 50 anos demos um salto muito grande na conquista da qualidade e em nosso estilo de vida e para atingirmos esses patamares de crescimento, desenvolvimento e bem estar geral foi necessário a colaboração de muitas áreas profissionais: Psiquiatria, psicologia, Nutrologia, Biologia, Bioquímica, Imunologia, Fisiologia, Genética, Farmacologia, Neurofisiologia e das ciências comportamentais. O conhecimento adquiridos ao longo do empo por essas áreas, são enormes o que em favorecido o prolongamento da vida e a garantia de novos modos de vidas saudáveis.

Dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUP, de 2016, dão conta de que, a cada ano, cerca de 300 mil brasileiros morreram em decorrência de doenças relacionadas à inatividade física. Em outras palavras, o sedentarismo mata muitas pessoas em nosso país e no mundo.

A atividade física e os exercícios físicos diminuem o risco de declínio cognitivo e demência. Isto é, uma pessoa com baixa atividade física diária, apresenta um risco 2 vezes maior de desenvolver Doença de Alzheimer (DA), em comparação com um exerça um exercício físico regular. 

Os estudos também demonstram que não é só através do exercício físico ou da atividade física que se vive bem, pesar de serem incontestáveis seus valores, o incremento das atividades cognitivas, ocupacionais, recreativas, a arte, a criatividade, e outras atividades intelectuais e ocupacionais, são condições fundamentais, para se assegurar maior desempenho cognitivo e garantir qualidade de vida em todas as etapas da vida, sobretudo na velhice.

Não é de hoje que se sabe que a ocupação é fonte de saúde. Desde que essa ocupação seja inspirada por prazer e disposição. Isto é, exercer atividades prazerosas e que lhe promova contentamento. Entre as doenças neuropsiquiátricas e emocionais muito comuns nessas condições, encontra-se: quadros depressivos, com variadas gravidades, transtornos desadaptativos, transtornos ansiosos (TAG), desajustes emocionais, uso de álcool (alcoolismo) e de outras drogas. Obesidade mórbida, insônia, alterações do humor e do apetite, hipopragmatismo e da função executiva, figuram entre os principais transtornos médicos e psicossociais muito associados ao sedentarismo.

A atividade física e a ocupação estimulam a funcionalidade dos neurotransmissores cerebrais, as quais são substâncias imprescindíveis à nossa saúde global (física, psíquica e social), sem os quais, dificilmente, desfrutaríamos com plenitude de saúde e bem-estar. São substância proteicas, vitais para garantir as funções do cérebro e de muitos outros órgãos indispensáveis à saúde.

Entre essas substâncias, destacamos os hormônios ocitocina e vasopressina e os neurotransmissores dopamina, serotonina, noradrenalina e dezenas de outras substâncias fundamentais para o nosso equilíbrio biopsicossocial, comportamental e da nossa súde em geral.

A dopamina, fonte do prazer, de alegria e bem estar. A serotonina (5-hidroxitriptamina ou 5-HT) é substância fundamental para as nossas atividades na vida. Exerce um papel importante no cérebro, pois regula várias funções: a ira, agressão, temperatura corporal, humor, sono, vômito e apetite, entre outras. A endorfina, um verdadeiro analgésico endógeno, é uma substância que reduz o estresse, a tensão, a dor a tensão e a ansiedade, promovendo sensação agradável de bem-estar, relaxamento, tranquilidade e equilíbrio. 

Nossa vitalidade e nosso comportamento dependem da funcionalidade de todas essas substâncias e de muitas outras em nosso cérebro. Isso garante tudo o que fazemos, o que pensamos, o que sentimos e reagimos. Nossa motivação, nosso prazer e a nossa felicidade dependem, da integração funcional dessas substâncias em nosso cérebro. Portanto, tratar bem dele é nosso dever e nossa obrigação e nada melhor que uma vida ativa, feliz, prazerosa e pragmática. Mexa-se!

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