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COLUNA
Dr Hugo Djalma
Médico nutrólogo e neurocientista
Dr Hugo Djalma

Para onde você está indo: sobreviver x ser feliz (Parte 2)

Tratando-se de guia de sobrevivência algo jamais pode lhe faltar: sua direção!! Você realmente sabe para onde está indo?

Dr Hugo Djalma

Tratando-se de guia de sobrevivência algo jamais pode lhe faltar: sua direção!! Você realmente sabe para onde está indo?

Um vazio interior, mesmo que por segundos, apertou seu coração. Subiu a decepção de não saber a resposta e ao mesmo tempo o orgulho decidindo como você responde, mesmo que por dentro não tenha a menor ideia do que faz com sua vida.

John O’Keefe, cientista da universidade de Londres, e o casal Moser venceram o prêmio Nobel de medicina de 2014 pela descoberta do gps biológico, batizado de células de lugar e células grade; como criamos nosso “mapa mental”. Sim, temos biologicamente um gps interno e precisamos o tempo todo saber onde estamos e para onde iremos.

Então se a biologia selecionou evolutivamente um meio neurológico de saber sobre si, para e por onde vai, por que você vive sem direção no trajeto de sua vida?

Nas entranhas de seu inconsciente, no profundo mar escuro de sua própria existência mental, estão coisas que controlam seus pensamentos, opiniões, desejos e aversões mesmo que você não saiba por quê. E sua consciência fará elásticos dissonantes para criar verdades paralelas que justifiquem seus vazios existenciais e tentar pôr tudo preenchê-los mesmo que não saiba com o que ou quem. Tendemos a nos equilibrarmos para o próprio bem; ou pelo menos achamos.

O centro organizador interno é antigo conhecido dentre nós sapiens. Os gregos antigos chamavam de daemon, os egípcios de Alma-ba, os índios do subártico naskapi são conhecidos pela grande relação intrapessoal e respeito a sua própria história exclusivamente individual. Eles gerenciam sua própria sobrevivência com grande autonomia de seus atos e decisões e se desprendem de obrigações por vínculos de comportamento alheio.

Só que seu daemon pode estar esperando, há anos, “a hora certa” de agir ou pode idealizar uma profissão ou cargo político como “propósito de vida” para contar uma linda história de superação. 

Usar como guia de sobrevivência a poesia da felicidade move hoje o marketing de comportamento social. Soa inclusivo dizer que ama os animais, ama a liberdade de expressão ou a sexualidade espontânea de cada um do jeito que ele é. 

Então você como percebe sua vida, suas dores, os eventos que não dependem de si e o seu significado maior nesta existência, assim ele é. E nem que queiramos, sempre será você com ou contra você.

E não cabe à ditadura da felicidade ou do superlegal descolado que aceita quebrar seus valores para evitar conflitos e reprime sua essência em nome dessa ilusão almejada.

O máximo que você pode conseguir é a tranquilidade de sua alma e deleitar-se em seus pastos verdejantes. Cabe a cada um levar-se a sério, mas ao mesmo tempo diminuir as esferas de sua profundidade existencial.

Talvez seu dom seja cozinhar, fazer negócios, servir as pessoas, organizar detalhes administrativos, fazer esportes aeróbicos, cantar, dançar ou levar paz em sua leveza de espírito. Deixe com os vocacionados intelectuais seus pesares de seriedade acima do que a alma suporta.

Buscar a felicidade é mexer na sombra esperando o objeto sair do lugar. É correr atrás das borboletas e não arrumar o jardim. É esperar ter fome quando senta na mesa de jantar. Escreva sua história com leveza, mas leve-se a sério. 

A plenitude terrena não existe assim como a felicidade foi algo criado por nós sapiens para concorrer e distrair do verdadeiro sentido de sua existência na terra: sobreviver.

Enquanto você se enche de direitos desproporcionais e resolve acreditar que é infeliz porque ainda não encontrou seu propósito de vida, seus pensamentos destroem a maravilha de sentir cada palpitação de seu coração como uma benção. E tudo ficará inebriado escondendo sua gratidão pelo que tem. Será escravo do eterno desejo do que não tem.  E homens que conduzem suas vidas sem a poesia que nasceram para serem felizes conseguem guiar sua sobrevivência pelo verdadeiro sentido da existência. 

De qualquer maneira, sua história já está sendo escrita; que seja em paz. Cada encontro consigo é uma riqueza individual. E talvez você nunca seja famoso ou forte ou inteligente como acha que deveria. Talvez não tenha tanto dinheiro quanto acha que merecia. Mas certamente você carrega virtudes e grandezas que valeriam tudo para outros semelhantes. Acima de tudo que perder ou não ganhar só não perca a si. De tudo que deve guardar, guarda o teu humilde coração; ele sempre será seu maior guia de sobrevivência.

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