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COLUNA
Ruy Palhano
Ruy Palhano é médico psiquiatra.
Ruy Palhano

Sobre a automedicação, um perigo anunciado

A automedicação é o ato de uma pessoa tomar medicamentos por conta própria, sem consulta ou sem a supervisão de um profissional de saúde qualificado, como um médico ou farmacêutico.

Ruy Palhano

A automedicação é o ato de uma pessoa tomar medicamentos por conta própria, sem consulta ou sem a supervisão de um profissional de saúde qualificado, como um médico ou farmacêutico. Isso inclui o uso de remédios adquiridos sem receita médica para tratar sintomas menores, como dor de cabeça ou resfriado, bem como a utilização de medicamentos prescritos para outras pessoas ou para condições diferentes das originalmente prescritas.

Embora a automedicação possa parecer algo inofensiva, ela é uma prática abundantemente utilizada nos quatros cantos deste país, e apresenta vários riscos â saúde destes usuários, devido na maioria das vezes inexistir um diagnóstico subgerente adequado e correto que poderia subsidiar a utilização dos medicamentos. Além do mais, muitos destes usuários sem qualquer conhecimento médico adequado sobre o porquê deve usar tal medicamento ela poderá ser recomendada por outras pessoas que fizera uso deste ou daquele medicamento e se deu bem.

Como sabemos, à rigor, todos os medicamentos apresentam interações medicamentosas e efeitos colaterais. O usar medicamentos sem a devida orientação médica pode levar a interações perigosas com outros medicamentos, alimentos ou bebidas, além de provocar efeitos colaterais prejudiciais e ou fatais.

Resistência a Medicamentos. O uso indevido de antibióticos, por exemplo, pode contribuir para o desenvolvimento de resistência a medicamentos, devido ao uso indevido e as vezes por longo tempo, tornando infecções futuras mais difíceis de tratar. O uso de analgésicos, entre outros medicamos desta natureza pode mascarar doenças graves que podem se anunciar com diferentes tidos de dores. Este mesmo raciocínio serve para vômitos, náuseas, dificuldades alimentares e muitas outras condições clínicas

A automedicação pode fazer com que a pessoa venha usar menos doses do que a dose necessária para tratar a suposta doença, resultando em um tratamento ineficaz, ou ao contrário tomar medicamentos mais do que o necessário, o que pode causar toxicidade. Por esses motivos, é aconselhável sempre buscar a orientação de um profissional de saúde antes de iniciar qualquer tipo de tratamento médico.

A automedicação no Brasil é uma prática comum e amplamente disseminada, com muitas pessoas recorrendo a medicamentos sem receita para tratar sintomas simples ou condições que acreditam poder gerenciar sozinhas. A acessibilidade dos medicamentos nas farmácias e a influência da propaganda, além de fatores culturais, contribuem para essa prática.

A cultura exerce um papel preponderante no processo de automedicação. Existe uma forte tendência cultural no Brasil de buscar uma solução rápida para problemas de saúde, o que frequentemente leva à automedicação. A Propaganda disseminada na grande mídia de medicamentos sem receita é intensa e muitas vezes apresenta esses produtos como soluções imediatas e seguras para diversos problemas de saúde.

O fácil acesso a informações através da internet também incentiva as pessoas a se automedicarem, embora essas informações nem sempre sejam precisas ou seguras. O boca-a-boca é outro veículo disseminador de automedicação. É o vizinho, a amiga ou o amigo que usou tal ou qual medicamentos e diz que se deu bem e passam a recomendar que todos usem e assim por diante. 

Outros aspectos importantes sobre a automedicação são os desafios impostos pelo sistema de saúde, pois as dificuldades de acesso a serviços de saúde públicos especializados e de qualidade são precárias e os custos no acesso a serviços privados são caros e inacessíveis à maioria da população, fato que podem levar as pessoas a se automedicarem como uma alternativa mais rápida e barata.

O processo de automedicação impacta diretamente na saúde pública. Como vimos a automedicação pode levar a diagnósticos errados, uso inapropriado de medicamentos, resistência a antibióticos e outros problemas de saúde mais graves. Isso representa um desafio significativo para a saúde pública.

Há também diretamente um grande impacto na economia. Pois, embora possa parecer uma opção mais econômica a curto prazo, a automedicação pode resultar em custos mais altos a longo prazo devido ao tratamento de complicações que poderiam ter sido evitadas.

O governo brasileiro, através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), tem regulamentações para controlar a venda e propaganda de medicamentos. Estão em vigor esforços para limitar a propaganda de medicamentos e restringir a venda de substâncias que são particularmente perigosas se usadas sem supervisão médica. Além disso, há campanhas educativas para alertar sobre os riscos da automedicação.

Resumidamente, a automedicação é uma prática arraigada no Brasil, impulsionada por vários fatores sociais e econômicos, conforme vimos acima. É um assunto complexo e multifacetado, embora haja esforços regulatórios e educativos para controlar essa prática, ainda há um longo caminho a percorrer para garantir que ela não comprometa a saúde pública. É crucial que as pessoas sejam incentivadas a buscar orientação médica antes de iniciar qualquer tratamento.

Faço uma ressalva a utilização indevida ou por automedicação de medicamentos psicotrópicos entre os quais soníferos, ansiolíticos e medicamentos para o emagrecimento que embora muitos sejam medicamentos seguros e de difícil acesso, mesmo assim, há uma rede criminosa de tráfico ilícios destes medicamentos que podem por em risco a saúde mental da população brasileira devido o uso indevido e inadequado de tais medicamentos.

Sabemos, claramente que o desconhecimento, as condições econômicas, sociais e cultuais, que as dificuldades devido a uma boa acessibilidade a um bom serviço de assistência a saúde, são fatores importantes que influenciam, sobremaneira, a prática nefasta da automedicação, no entanto devemos nos esforçar ao máximo cada um de nós para evitarmos ao máximo tais práticas, pois reconhecidamente, são prejudiciais à nossa saúde e podem agravar mais ainda as condições psicossociais de nossas enfermidades. 

EVITE SE AUTOMEDICAR E PROCURE SEU MÉCO OU OUTRO PROFISSIONAOL HABILITADO DA ÁREA PARA LHE FORNECER UMA ORIENTAÇÃO SEGURA E EFUICAZ SOBRE SEU TRATAMENTO.

 

 

 

 

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