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COLUNA

Rogério Moreira Lima
Engenheiro e professor, foi coordenador Nacional da CCEEE/CONFEA e vice-presidente CREA-MA (2022). É membro da Academia Maranhense de Ciência e diretor de Inovação na Associação Brasileira de
Rogério Moreira Lima

Quais os riscos da ressonância magnética?

O aparelho de ressonância magnética é um equipamento eletrônico, especificamente um aparelho biomédico, que nada mais é que um dispositivo eletrônico desenvolvido para aplicações médicas.

Rogério Moreira Lima

O aparelho de ressonância magnética é um equipamento eletrônico, especificamente um aparelho biomédico, que nada mais é que um dispositivo eletrônico desenvolvido para aplicações médicas. O artefato em si podemos dividir por blocos e assim não entrar em detalhes técnicos, então temos: o magneto, bobina gradiente, bobina de radiofrequência, sistema receptor de imagens, computador reconstrutor, e um computador (interface homem-máquina).

O magneto nada mais é que o imã principal que gera o campo magnético. Este faz o alinhamento dos dipolos magnéticos através da aplicação de um forte campo magnético. O campo aplicado alinha os dipolos, que naturalmente estariam desorientados. Cabe ressaltar que o nível de campo magnético é altíssimo. Para efeito de comparação o campo magnético de um ímã de geladeira é da ordem de 0,01T; o campo magnética da Terra fica em torno de 0,05mT), o campo magnético de um eletroímã de transporte (capaz de carregar 20Ton) é de 1.0T. Já os modelos comerciais de aparelho de ressonância trabalham com campos entre 1,5T e 3,0T. A bobina de gradiente é composta por três bobinas resistivas separadas que geram uma variação linear do campo magnético ao longo de cada base do sistema cartesiano (x,y,z), funcionando com Alta tensão e alta corrente (750V @650A).

As bobinas de radiofrequência (normalmente a maior que fica acoplada ao magneto, chamada de bobina de corpo) transmitem ondas de RF na frequência do campo magnético para o corpo do paciente e recebem após alguns instantes sinais dos tecidos através de pulsos de RF que são captados por bobinas próximas e que envolvem a anatomia selecionada. Este sinal é digitalizado, e aplica-se uma transformada inversa dupla de Fourier para gerar uma imagem de alta definição e resolução. A imagem é então exibida em um monitor de alta definição (dito grau médico) e enviada a uma central para análise dos médicos radiologistas.

Cabe ressaltar que a radiação eletromagnética emitida é na faixa das radiações não-ionizante, logo de baixo risco ao paciente. Os riscos envolvidos estão relacionados com atração de metais (efeito míssil, translação de implantes ferromagnéticos, etc.) e aquecimento de implantes (devido a geração de correntes induzidas). É essencial que o risco seja mitigado através de anamnese completa pela equipe médica e portal com detector de metais.

Os equipamentos de ressonância magnética são dispositivos eletrônicos que devem seguir uma grande quantidade de normas técnicas, no caso: ABNT NBR 16499, ABNT NBR 1615, ABNT NBR 15743, ABNT NBR 16621, ABNT NBR 158252, ABNT NBR 15887, ABNT NBR 15851 e ABNT NBR 15852.Com relação alimentação destes, devem ser alimentados por energia elétrica, assim as instalações elétricas devem cumprir as normas técnicas, no caso a ABNT NBR 5410 e ABNT NBR 13534, respectivamente Instalações elétricas de baixa tensão e   Instalações elétricas de baixa tensão – Requisitos específicos em estabelecimentos assistenciais de saúde. Além da normas da ABNT devem se cumprir as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, no caso a NR10- Segurança em instalações e serviços em eletricidade e a NR4- Serviços especializados em segurança e em medicina do trabalho, pois se tratam de equipamentos alimentados por energia elétrica, e a fabricação destes a qual é classificada como grau de risco 3 (três), que no caso é considerado médio, lembrando que o grau de risco varia entre 1 (um) e 4 (quatro) conforme a NR4.

A quantidade de normas técnicas citadas nos parágrafos anteriores já é um indicativo da complexidade dessas máquinas, denotando os riscos na prestação de quaisquer serviços técnicos relacionados sem a devida contratação de profissionais devidamente qualificados e habilitados. Cabe ressaltar que a engenharia é uma profissão regulamentada, e tem-se uma série de exigências a serem cumpridas em qualquer obra ou serviço técnico da Engenharia, independente da modalidade, tanto relativo ao exercício profissional quanto ao cumprimento das Normas Brasileiras ou NBR’s e as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Previdência.  Assim a garantia da incolumidade pública na prestação desses exames médicos se dá pela qualificação (IES-Instituição de Ensino Superior) e habilitação (CREA do Estado) dos engenheiros. Então os riscos nos exames de ressonância magnética são mínimos desde que o projeto, fabricação, instalação e principalmente manutenção destes equipamentos desde que sejam feitos por profissionais devidamente registrados no respectivo CREA da circunscrição.

A fiscalização do CREA nas unidades de saúde garante a segurança do paciente no uso de RM através da solicitação de ART de manutenção e instalação do equipamento, e nas fábricas através da cobrança da ART de projeto e fabricação destes. 

Artigo feito em colaboração com Eng. Eletron.  Alexandre Ferreli Souza, Mestre em Engenharia Biomédica, UFRJ, Coord. do Curso de Esp. em Eng. Clínica, Inst. E-Class e Vice-Presidente de Relações Institucionais, ABECLIN.

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