(Divulgação)

COLUNA

Dr Hugo Djalma
Médico nutrólogo e neurocientista
Dr Hugo Djalma

O limite da inata maldade:

Todo ser vivente carrega em si uma propriedade que antecede qualquer território racional: a preservação de sua sobrevivência.

Dr Hugo Djalma

Todo ser vivente carrega em si uma propriedade que antecede qualquer território racional: a preservação de sua sobrevivência.

Acontece que nós, sapiens, somos regidos por éticas, moralismos e valores que supostamente deveriam sobrepor essa lacuna evolutiva; a de parasitar outros humanos sem piedade.

Bebês humanos, por melhor índole que tenham, calculam seu esforço e recompensa em atitudes, coisas e pessoas. Eles podem ser facilmente inseridos em ambientes em que outros humanos sejam simplesmente ferramentas de sua sobrevivência, e isso inclui seus pais, irmãos, primos ou o funcionário da limpeza que organiza o que você suja diariamente no escritório.

Historicamente sapiens sempre exploraram sapiens até a morte, e isso é praticamente regra no reino animal. As pirâmides do Egito, a muralha da china ou as estradas de ferro na revolução industrial tiveram incontáveis mortes sem nenhuma lamentação. Tudo pela lacuna parasitaria dos mandantes de poder.

Mas quando essa lacuna se defronta com a natureza de alguém bom, como fica a dissonância entre sua essência evolutiva e individual??

Testes com humanos em jogo chamado wall street, o jogador tem a opção de parasitar o outro ou de fazer parceria e receber recompensas maiores. Cerca de 70% preferem receber menos, mas parasitar o outro jogador. Porém, mudando o nome do jogo para jogo comunitário, o percentual de jogos de forma parasitária caiu de 70% para 28%, mostrando nossa tendência tanto a parasitar quanto a confluir contribuições.

Humanos sempre parasitarão humanos, mas o limite entre a bondade e maldade são tênues. É aí que temos os pesos da cultura circunstancial, dos valores familiares, do respeito humano e do egoísmo.

O maior estudioso da atualidade sobre felicidade, o professor tal ben-sharar, de harvard, divide o comportamento em duas características: os givers, aqueles que somam ao próximo; e os takers, aqueles que subtraem. A conclusão final sobre quem são os mais e menos felizes chegou ao consenso que ambos são givers, ou seja, somam com a vida alheia. Então surge a pergunta: por que sapiens que somam podem ser os mais felizes ou também os mais tristes? Simples, os givers mais felizes se pagam primeiro. Os menos felizes caíram na própria inocência que deus ou destino ou qualquer terceira entidade vai recompensar um dia; e se frustram diante da própria habilidade irrevogável que o cérebro humano tem; de calcular o que pode receber com o que faz.

Sendo assim, percebe-se que para a sobrevivência, extrair coisas para si é uma regra, seja diante do reflexo de bondade a terceiros ou sugando a alma dos cidadãos com impostos exorbitantes sem retorno. Mais ainda se observa exatamente as entrelinhas da passividade: não somar a si é praticamente um suicídio.

A bondade e a maldade são filhas das percepções. Geralmente vistas pelo ângulo parcial nos acontecimentos. Pergunte a um integrante do Hamas se assassinar crianças judias inocentes é errado e ouvirá ótimos argumentos sobre “justiça “.

Mas nem tudo estará perdido até que sapiens de boas condutas refaçam a leitura de suas existências. Se a natureza sapiens de parasitar humanos é irrevogável, o mesmo pode-se dizer da tendência natural de somar coletivamente, ou seja, de amar.

Então a vida interativa sapiens praticamente orbita entre saber somar para receber ou subtrair de maneira parasitária pela “lei” da política de um país, assaltando a mão armada ou fazendo sua mãe superprotetora de escrava.

O limite da maldade e da bondade é filho da percepção. E despindo-se de romantismos teóricos sobre a licitude e ilicitude de nossas atitudes, no fim, como todos os seres viventes neste planeta, queremos apenas uma coisa: sobreviver.

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