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COLUNA

Marcos Silva
Marcos Silva Marcos Silva é assistente social, historiador e sociólogo.
Marcos Silva

Caminhos para o fortalecimento do PT no Maranhão

O PT de hoje é mais forte institucionalmente no estado do Maranhão e no Brasil. Eleitoralmente Lula no estado maranhense é a maior força política.

Marcos Silva

Ao iniciar esse texto peço licença aos companheiros e companheiras da direção estadual do Partido dos Trabalhadores no Maranhão e aos demais militantes para expor minhas opiniões sobre um tema complexo que envolve a construção partidária. Pois, como sabem, retornei recentemente ao PT depois de 30 anos afastado da militância política dessa honrosa organização. Como já afirmado, não voltei para dividir e sim para buscar a unidade.

Tenho acompanhado de longe as discussões políticas rumo aos arranjos eleitorais para as eleições de 2024 em diversos municípios maranhenses. Contudo, sem a exposição de opiniões públicas sobre os diversos posicionamentos partidários e de personalidades políticas a respeito da conjuntura em torno das eleições municipais. Tal situação tem a ver com o foco de atuação que escolhi como tarefa de atuação profissional e política, às questões do saneamento básico e a responsabilidade socioambiental.

Claro que um ativista com uma militância social e política de 4 (quatro) décadas, o qual em 3 (três) foram de intensas participações eleitorais e ainda mais sendo atualmente ativista acadêmico da área das ciências sociais aplicadas com especialização lato-sensu em Ciências Políticas, jamais posso deixar de observar os movimentos políticos, esses são objetos de permanente investigação cientifica. 

De tal forma que aproveito para afirmar minhas impressões sobre o Partido dos Trabalhadores (PT), organização que voltei as fileiras e tive no passado a oportunidade de militar ao lado de companheiros que já partiram deste plano terrestre, a exemplo de Manoel da Conceição, Nonato de Alcântara, Magno Cruz, Messias de Viana, Dutra de Caxias, Higino Ferroviário e o Professor Joan Botelho. Quantas saudades!

O PT de hoje é mais forte institucionalmente no estado do Maranhão e no Brasil. Eleitoralmente Lula no estado maranhense é a maior força política. 

No entanto, essa situação não se reveste na construção partidária e na eleição de petistas. No território maranhense o partido ainda não se consolidou como o principal partido político e entre a esquerda é a maior referência em função de sua história, trajetória e a força do Lulismo. De maneira que a geração iniciante do partido nos anos 80 não tem nenhum ativista com grande influência eleitoral e política no estado, já a geração dos anos 90 que conseguiram ser eleitos deputados, vereadores, prefeitos, vice-prefeitos, pois sumiram do cenário político.

O PT vive no estado do Maranhão um processo de autodestruição permanente com conflitos entre grupos pelo controle da legenda. Um partido sem um planejamento estratégico com a capacidade de deixar claro para a sociedade sua visão e a missão, seus valores éticos e morais. Ao contrário disso, o que se vê são militantes com xingamentos entre si, ameaças físicas, judicialização dos conflitos pessoais, ativistas que não se preocupam com a busca da consolidação dos objetivos estratégicos, partido sem metas de fortalecimento da organização na construção da estratégia política e eleitoral. Ou seja, para os fracos na formação política, um cenário desanimador e para os fortes na formação política, um cenário desafiador!

Oras, o quadro acima citado é parte de uma disputa de poder. Porém o PT é forte institucionalmente no estado com uma boa presença no governo Carlos Brandão em diversos espaços institucionais. A exemplo da Secretária do Trabalho, Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular, Secretária de Educação e o IEMA. Qual o problema? O partido não tem unidade no estado sobre a condução das instituições a cargo de filiados do PT, ou seja, os arranjos institucionais parecem ter sido construídos por cima, pelo menos é o que se vê reclamar. 

O PT também tem dirigentes em importantes organizações sindicais e populares, a exemplo dos sindicatos filiados a CUT e movimentos de moradias populares, quilombolas, sem-terra, indigenistas, mulheres, LGBTQIA+, juventude, negros e religiosos. Isso mostra as possibilidades de crescimento do PT em diversos espaços sociais e políticos.

Atualmente existem poucas lideranças com potencial para ser dirigentes do Partido com forte influência na base. O mais provável é a consolidação de Felipe Camarão, jovem e bem relacionado com a direção nacional do PT, além de ter grande respeito político no estado do Maranhão e ser respeitoso com a militância e as forças políticas internas. Embora alguns militantes tenham desconfiança política no Camarão. Porém uma desconfiança com alegações em função do passado político. Ou seja, a meu ver são desconfianças sem fundamentos.

O importante é que o Felipe Camarão tem capacidade de gestão e de colaborar com o fortalecimento do Partido. Caso não tivesse interesse na valorização do PT, pois poderia estar em qualquer outro partido, tanto da esquerda como da direita. Portanto, o Felipe junto com outros companheiros e companheiras que mesmo na pluralidade de ideias e concepções podem criar um ambiente de convivência pacifica em torno de uma política que busque avançar as políticas públicas no estado e o desenvolvimento econômico voltado para os pequenos e médios negócios com vista a tornar a economia maranhense mais forte e menos desigual.

Para tanto, o PT/Maranhão vai precisar focar na formação política, sindical e popular para fortalecer o sentimento de ser “petista” na militância enquanto significado de ser membro ou simpatizante de uma organização política, um partido político fundado nos anos 1980 como expressão das lutas democráticas, populares em defesa das políticas públicas e por direitos dos trabalhadores, além da mobilização e organização dos demais segmentos oprimidos.  

Não por acaso o PT, se define como um partido de orientação socialista e democrática, que busca promover a justiça social, a igualdade e a participação popular.

A construção do PT foi importante para o cenário político brasileiro por representar um movimento de resistência à ditadura militar, além de ter desempenhado um papel significativo na redemocratização do Brasil. O partido também se destacou por sua ênfase na inclusão social, na defesa dos direitos trabalhistas e na busca por políticas voltadas para as camadas mais pobres da população.

A luta para eleger petistas para o parlamento municipal, estadual ou federal e para os governos é para que os representantes do partido ajudem a promover políticas públicas e sociais, inclusivas e voltadas para a redução das desigualdades. A política do PT para o Brasil sob o comando do governo Lula inclui a promoção de políticas sociais, a defesa dos direitos dos trabalhadores, a busca pela justiça social e a implementação de políticas econômicas que visem à inclusão e à distribuição de renda. O partido também fortalece a importância da participação popular e da democracia.

O PT se diferencia de outros partidos de esquerda por sua trajetória histórica, suas origens sindicais e seu compromisso com políticas sociais. Além disso, o PT tem uma forte base de apoio entre movimentos sociais, sindicatos e setores populares. Porém, o PT tem a humildade e busca sempre a unidade da esquerda nas lutas políticas, sindicais e populares.

Em relação aos partidos de centro-esquerda, centro direita e da direita, o PT se diferencia por sua ênfase na justiça social, na defesa dos direitos trabalhistas e na promoção de políticas inclusivas. Os partidos de direita, geralmente, têm uma visão mais favorável ao mercado e à iniciativa privada e radicalizam no neoliberalismo com a orientação de Estado mínimo para o povo e máximo para os grandes empresários e banqueiros. 

A estratégia de poder do PT no Brasil envolve a participação ativa em eleições, mobilização social, diálogo com diversos setores da sociedade e a implementação de políticas públicas voltadas para a inclusão social. O partido também busca construir alianças políticas para fortalecer sua base de apoio. 

O PT para consolidar sua estratégia inclui a defesa e a promoção de políticas sociais, a busca pela inclusão e redução das desigualdades, a manutenção de sua base de apoio social, além da participação ativa em processos eleitorais para conquistar cargos políticos e influenciar nas decisões governamentais.

Portanto, por mais que o PT seja um partido de permanentes conflitos, entretanto é um partido vivo e com objetivos táticos factíveis e sem perder de vista a luta pela transformação da sociedade para melhor, o que significa: mais justa e igualitária e com mais democracia e fortalecimento dos direitos humanos.

Esse é o partido que escolhi para contribuir com a minha militância. Marx diz no manifesto comunista, que os comunistas não constroem partidos separados dos partidos da classe trabalhadora e muito menos arrotam princípios. 

Os comunistas só se diferenciam dos demais trabalhadores por serem uma fração mais avançada da classe do ponto de vista da consciência revolucionária e do internacionalismo da luta dos trabalhadores.

Em defesa do fortalecimento do PT e da frente ampla de sustentabilidade ao governo Lula!

Isso exige avaliar quais os militantes que possuem potencial eleitoral e social para compor as chapas de vereadores e vereadoras do partido na Federação Brasil da Esperança. Em alguns casos, o PT precisa ter candidatos prioritários para garantir a eleição de vereadores do partido, ou seja, focar o apoio aos candidatos com maior potencial eleitoral.

O partido deve avaliar por meio das direções municipais com o uso de métodos que comprove o potencial dos ativistas que disputarão as eleições, exemplo plenárias de apoiadores no seguimento social e político do pré-candidato, além da escolha democrática por meio de prévias eleitorais, com votação direta entre os filiados do partido em cada Município.

Em municípios em que o PT tenha candidato com potencial eleitoral e social com possibilidade de vitórias eleitoral para prefeituras, devemos dialogar com a FBE e os demais aliados do PT no cenário nacional para garantir o apoio ao nosso candidato. Isso com humildade e demonstrando com fatos e evidências do potencial eleitoral, político e social dos nossos companheiros e companheiras.

Para tanto, precisamos ser sinceros na avaliação, ou seja, verificar as pesquisas eleitorais e não cair na empolgação personalista. Outro aspecto, é a importância de os diretórios municipais usarem como tática a disputa para ocupar as candidaturas de vice e a ocupação de espaços institucionais na gestão das prefeituras em caso de vitória eleitoral da frente ampla.

Lembremos que ainda não liquidamos o Bolsonarismo e precisamos garantir a sustentabilidade institucional do governo Lula. Isso exige a capacidade de diálogo institucional com as demais forças políticas que atualmente estão na base do governo Lula.

Devemos sempre levar em consideração o fortalecimento da sustentabilidade do governo Lula na política e no meio da classe trabalhadora e dos segmentos oprimidos da sociedade. De tal maneira, que se faz necessário o uso contínuo da formação política, sindical e popular, como diz Paulo Freire: "A deformação se combate com formação!"

O PT é um partido democrático e plural. Porém, isso não pode ser confundido com uma organização em permanente guerra de posições, até com uso de agressões verbais e ameaças de ir às vias de fatos. Os petistas precisam ter a maturidade de defender suas posições e ao ser vencidas saber reconhecer que uma maioria escolheu outro caminho. Portanto, se não quiser assumir publicamente a decisão majoritária que tenha pelo menos o respeito moral e político aos que tiveram maioria.

Na política existem interesses pessoais e isso é legítimo. Entretanto, os interesses pessoais não podem se sobrepor aos interesses da maioria da organização.                                                 

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