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COLUNA

Dr Hugo Djalma
Médico nutrólogo e neurocientista
Dr Hugo Djalma

Você copia humanos o tempo todo para sobreviver

Nós sapiens nascemos como uma massa de modelar; totalmente dependentes e prontos para aprender a sobreviver, independentemente de sua intenção.

Dr Hugo Djalma

Atualizada em 02/01/2024 às 10h58

Nós sapiens nascemos como uma massa de modelar; totalmente dependentes e prontos para aprender a sobreviver, independentemente de sua intenção. 

Na verdade, essa propriedade permanece por toda a vida e, para isso, identificamos timbres vocais no ventre materno, condicionamos a presença de alguns humanos a comportamentos de conforto ou aversão, observamos movimentos e palavras associando a significados e então articulamos frases em contextos baseados no repertório vivido (seu filho de 2 anos fala errado tentando acertar). Resumindo; imitamos quem consideramos saber algo útil para nossa sobrevivência.

Isso acontece o tempo todo e em todo comportamento, tanto na articulação das palavras quanto na maneira como as transmitimos. A forma que alguém emite um não pode ter inúmeros significados.

Desta maneira nascemos e crescemos. Com um cérebro sedento por sinapses que se reforcem cada vez mais por caminhos com vantagens de vida, seja conseguindo protecao, comida, água ou evitando aquilo que pode prejudicá-lo.

Na década de 90, na universidade de parma, na itália, o pesquisador andré rizolatti e sua equipe identificaram que regiões cerebrais de macacos ativavam áreas correspondentes a ações de terceiros somente os observando. Nesse momento surgiu a ideia da existência dos neurônios espelhos; o maior meio de coesão comportamental tribal para a sobrevivência coletiva e individual.

A partir de então entendeu-se que o cérebro acaba por não ter um limite evidente entre o que é verdade ou ilusão. Quando assistimos bruce lee dando porrada ativamos as mesmas regiões que fosse real. Ocorre o mesmo em danças, acrobacias ou simplesmente imóvel na guarda da realeza britânica.

Na psicologia, a teoria da mente é a propriedade de entender o estado interno nosso e do outro. Assim sentimos compaixão, alegria, empatia ou até medo de ser agredido dependendo de como interpretamos o sentimento alheio. Em cada situação sempre calculamos nossa existência nas circunstâncias e fazemos previsibilidade de acontecimentos, seja alguém ofendido e o ameaçando ou nos aspectos naturais como prever chuvas fortes, frio noturno etc. Sim, você pode achar que alguém está zangado ou que vai cair um temporal e sair correndo para casa; o que determina sua atitude será sua percepção.

Nos ambientes em que adentramos, sempre tendemos a buscar os “cargos” dos componentes do local. Pode ser o mais forte na academia, o mais corredor na equipe de triatlon, o chefe do trabalho ou o porteiro exercendo autoridade barrando alguém na entrada da boate. Em todo momento você “percebe” e atribui a cada ser um poder imaginário que, sem querer, usa para escolher quem imitar. 

Por isso você vê seu filho pequeno falando palavrões que ouviu em casa ou na rua. Verá sua sobrinha adolescente pintar o cabelo de roxo porque a influencer (a quem ela deu inconsciente autoridade) disse que poderia se vestir como quiser ou o enteado de seu amigo parecer que tem os trejeitos do pai adotivo.

Não sabemos, mas modelamos pessoas que estão momentaneamente vivendo suas autoridades que podem jamais ser aplicadas às nossas vidas e caímos na armadilha que nossa própria adaptação criou: não saber escolher, conscientemente, quem imitamos.

Isso acontece porque quanto mais você tem afinidade comportamental, sem dizer uma palavra, com os outros pertencentes da tribo (e principalmente seus líderes), mais terá individualidades e condutas parecidas que outros não pertecentes jamais entenderão. É por isso que um olhar estranho de sua esposa já diz mil palavras ou um gesto a mais significa coisas que só seu irmão compreenderá.

Portanto, quando dizem que você é a média das 5 pessoas com quem anda, está neurobiologicamente correto. É claro que este número não é o mesmo para todos. 

Coinscidencia ou não, as escrituras bíblicas sempre acertam: nascemos como uma massa de modelar. “a loucura apega-se ao coração da criança; a vara da disciplina afasta-la-á”(provérbios 22:15). Estamos sempre prontos para aprendermos a sobreviver nas nossas únicas realidades. “ aquele que anda com os sábios será cada vez mais sábio, mas o companheiro dos tolos acabará mal”provérbios 13:20.

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