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COLUNA

Ruy Palhano
Ruy Palhano é médico psiquiatra.
Ruy Palhano

As distintas faces das fobias

Nesse artigo tratarei das fobias, específica e social as quais compõe um grupo de transtornos onde há a presença de ansiedade disfuncional intensa, prejudicial à adaptação e do desenvolvimento do sujeito.

Ruy Palhano

Atualizada em 14/11/2023 às 11h38

Entre os vários artigos que escrevi para este site, em alguns, tratei da ansiedade sob diferentes enfoques. No primeiro, tratei da ansiedade como dos mais importantes mecanismos neurofuncionais da nossa existência, e para tanto demonstrei que sem o qual a vida não evoluiria em seu sentido natural, pelo simples fato de se tratar de um sofisticado mecanismo de neuroadaptação geral, entre nós mesmos, os outros e o mundo. 

No segundo, abordei a ansiedade patológica ou disfuncional, suas diferentes formas clínicas. No terceiro artigo, tratei especificamente do transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e verificamos os aspectos clínicos e terapêuticos dessa condição e vimos também a necessidade de tratar o mais cedo deste problema para evitar maiores consequências à saúde mental.

Nesse artigo tratarei das fobias, específica e social as quais compõe um grupo de transtornos onde há a presença de ansiedade disfuncional intensa, prejudicial à adaptação e do desenvolvimento do sujeito, desencadeada por determinadas condições psicossociais, nos quais objetivamente não há nenhum perigo real, iminente ao sujeito e mesmo assim reage de forma apavorante. 

Por esse motivo estas situações são designadas de fóbicas e são vividas com muito temor ou angústia. As reações das pessoas, submetidas a essas situações de fobias apresentam os seguintes sintomas: palpitações, falta de ar, tremores, extremidades frias, e sudoréicas, etc., ou uma sensação difusa de desmaio, apreensão e insegurança, especialmente quando expostas `s situações fóbicas. Freqüentemente este tipo de disfunção de ansiedade se associa com medo de morrer, de vir a passar mal, de perder o autocontrole ou de ficar louco. 

Geralmente a simples lembrança ou evocação da situação fóbica já é suficiente para desencadear uma crise de ansiedade antecipatória, denominada de ansiedade fóbica freqüentemente se associa a uma depressão ou a outros transtornos de ansiedade.  Embora não tenha havido o fato fóbico, a pessoa reexperimenta as mesmas sensações desagradáveis verificados na experiência real.

           As fobias, devem em princípio ser diferenciadas do medo, pois há no senso comum uma confusão muito grande entre estes dois fenômenos mentais. O medo é uma reação humana natural e normal, adaptativa e fundamental à sobrevivência, isto é, sem o qual não viveríamos. Sem o medo o homem não chegaria a atual fase de seu desenvolvimento antropológico e social, bem como não garantiríamos a manutenção e prorrogação de vida pessoal e da nossa v espécie, isto é, não conseguiríamos evoluir para a condição de seres civilizados.  O medo é que garante todas estas prerrogativas.

Já a fobia constitui-se como a perversão ou disfunção do medo, isto é, a alteração patológica do mesmo. Enquanto o primeiro garante a vida às fobias provocam desconforto, desprazeres e mal estar geral. As fobias dilaceram o seus portadores. Há três tipos de fobia: agorafobia; fobia social e fobia específica. 

A agorafobia (ágora, da mitologia grega = praça pública) a mesma sempre surge quando a pessoa se encontra em locais ou situações onde escapar ou sair de determinado deste ambiente poderia ser difícil ou embaraçoso ou, na maioria das vezes, em situações nas quais um auxílio imediato pode ser difícil, caso a pessoa venha a passar mal. Tem muita gente que tem fobia de multidões, aglomerações populares ou de ambientes fechados, de ambiemtes amplos e abertos ao ponto de não frequentarem estes ambientes por qualquer custo, e se o faz, o faz é a mercê de muito sacrifício.

A fobia social, como o próprio nome diz, uma das mais prevalentes das fobias atinge em torno de 13,3% da população adulta é está centrada a um medo mórbido de expor-se a outras pessoas e como conseqüência se afasta e evita contactos sociais. Esse tipo de fobia pode se referir a situações específicas, como comer ou falar em público, ou pode ser mais difusa, envolvendo quase todas as circunstâncias sociais fora do ambiente familiar. Entre as situações fóbicas sociais, destaca-se o medo de humilhação e embaraço diante de outras pessoas, o medo de comer em público, falar em público, urinar em banheiro público e, muito freqüentemente, de assinar cheques à vista de pessoas estranhas.

fobia específica é a mais conhecida entre as fobias usualmente restritas a poucas situações sociais. Normalmente os objetos de fobia na Fobia Específica são animais, não necessariamente peçonhentos e as situações são aquelas que dizem respeito ao escuro, altura, ao abafamento de ambientes fechados, à água dos rios e mares. 

A prevalência de todos estes casos de fobias é alta na população em geral e muitas doenças mentais que evoluem cronicamente como transtorno obsessivo compulsivo, depressão, dependência química e muitos outros estão diretas ou indiretamente relacionados às fobias daí porque seu tratamento deverá ser eficaz e feito de forma precoce, para se evitar graves problemas futuros.

Do ponto de vista neurobiológico, as fobias envolvem uma complexa interação entre fatores genéticos, experiências de vida e reações fisiológicas. Por exemplo: a Amígdala, região do cérebro que desempenha um papel central no processamento do medo. Quando uma pessoa com fobia encontra o objeto ou situação temida, a amígdala é ativada, o que leva a uma resposta de medo ou ansiedade. 

O Córtex Pré-frontal, área está envolvida no planejamento de comportamentos complexos e na modulação das emoções. O Hipocampo, outra região superimportante que nos ajuda na formação de memórias, especialmente as relacionadas a experiências traumáticas ou temerosas. 

Além disso, os neurotransmissores cerebrais, tais como a serotonina, dopamina e a noradrenalina também estão envolvidos no desenvolvimento e manutenção das fobias e suas distintas formas de expressão. Eles influenciam a forma como o cérebro processa informações relacionadas ao medo e podem afetar a intensidade da resposta de ansiedade. Por fim, fatores genéticos e ambientais desempenham um papel na predisposição de uma pessoa a desenvolver fobias, da mesma forma como traumas, privações, bullying  ou experiências negativas, especialmente durante a infância, podem aumentar o risco do desenvolvermos fobias.

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