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COLUNA

Dr Hugo Djalma
Médico nutrólogo e neurocientista
Dr Hugo Djalma

Somos realmente iguais? A utópica igualdade dogmática

Seu cérebro trabalha sozinho, sabe que você existe e, inconscientemente, se compara com a menina fitness que se casou com um influencer milionário ou com o jogador de minecraft que ganha milhões no vídeo game. Vamos falar sobre a utopia da igualdade.

Dr Hugo Djalma

²”Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”; Mateus 22:21. O homo sapiens foi selecionado por inúmeras habilidades em constantes testes de provação. O que outrora era vantagem, hoje pode levá-lo literalmente ao suicídio. Vale o inverso também; o que era ruim, hoje pode trazer enormes vantagens.

Assim seu cérebro inconscientemente faz cálculos e comparações mesmo contrárias à sua voluntariedade; e isso é maravilhoso. Tudo decorre de um atributo simples e essencial que existe em quase todo ser vivente na terra: a consciência de sua própria existência.

Desde répteis até seu pet sabem que existem e sempre vão se defender das possibilidades de morte. Com o sapiens a existência atinge níveis abissalmente mais complexos, mas ainda assim respeitando a primitividade.

Seu cérebro trabalha sozinho, sabe que você existe e, inconscientemente, se compara com a menina fitness que se casou com um influencer milionário ou com o jogador de minecraft que ganha milhões no vídeo game. Vamos falar sobre a utopia da igualdade.

Comparar-se com outros humanos sempre foi necessário para a sobrevivência, afinal este era praticamente o único parâmetro entre suas habilidades e as de quem vivia nas suas mesmas condições, riscos e valores locais.

Acontece que na sua infância o universo existente era basicamente seu bairro e a casa de sua avó. Ali era sua esfera comparativa e os troféus “desejados” pela coletividade eram mais tangíveis, pois todos habitavam semelhantes condições.

Atualmente sua mente pensa em si, de forma automática, quando vê um vídeo de musculação no oriente médio ou de vida milionária com personagens de ambientes completamente diferentes ao seu. Primeiro engano: a comparação de palcos alheios com seus bastidores reais. O mundo que existe é somente aquele que você percebe e ninguém publica as relações disfuncionais familiares ou seus lapsos de ansiedade e depressão.

Estudos com macacos em que era dado pepino a um e uva ao outro mostravam indignação dos primeiros porque consideravam injusta a distribuição. Outros estudos com bebês de 6 meses em que marionetes agressoras eram apresentadas com marionetes agredidas, em 90% as crianças escolhiam a bonecas vitimadas. Tudo mostrando que o senso de justiça nos precede. E isto pode ser bom ou ruim.

Então o cérebro hipercomparativo compara, julga e condena inconscientemente e pode desejar, de forma irracional, a igualdade plena entre os humanos; a maior falácia das regras de sobrevivência do planeta.

Desde as folhas de uma árvore até gêmeos univitelinos recebem do mundo estímulos diferentes e tem respostas diferentes no decorrer da vida. Raças de cães, tipos de plantas ou até subespécies humanas tem características singulares com comportamentos peculiares e consequências individuais. O problema é nossa tendência enganosa dicotômica entre: o desejo fingido ou inocente de igualdade plena e seu real uso de moeda social para a própria sobrevivência. A perversão no uso da belíssima arte da política e religião.

Comparar-se com seus semelhantes é um termômetro de possibilidades coletivas de vida, mas a principal comparação que deve guiá-lo, atualmente, é a sua consigo mesmo. Subir a montanha olhando para baixo serve de propulsão e reforço positivo na sua escalada e em nada vai servir guiar-se pelas pedras e deformidades no caminho do outro. Seu senso de justiça é uma lacuna evolutiva pela comparação outrora limitada e sua jornada deve seguir o caminho de seus passos individuais. Assim como Jesus em nada se comparou com Cesar, dai ao outro o que é do outro e a você o que é seu!!

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