Com mais de 100 cães

Idosa dona de residência onde ossada humana foi encontrada em São Luís tinha curador, mas estava abandonada

Ainda não há confirmação de que a ossada humana encontrada na residência era de Camélia, porém, a idosa está desaparecida.

Imirante.com

Idosa vivia na casa com cerca de 150 cães.
Idosa vivia na casa com cerca de 150 cães. (Foto: Divulgação / MP-MA)

SÃO LUÍS - Aos 81 anos de idade, a idosa Camélia Rosa Lopes, dona da residência onde foi encontrada uma ossada humana, nessa sexta-feira (25), no bairro Cohaserma, em São Luís, deveria estar sendo cuidada por um curador legalmente constituído pela Justiça, é o que diz a Comissão Estadual do Direito da Pessoa Idosa. No imóvel, dona Camélia vivia com cerca de 150 cachorros.

Ainda não há confirmação de que a ossada humana encontrada na residência era de Camélia, porém, a idosa está desaparecida. Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) está sendo elaborado para possivelmente confirmar que a ossada era da idosa, mas o resultado pode demorar semanas.

Leia também: "A vida dela era inteiramente devotada a esses animais", diz delegada sobre dona de casa em que foi encontrada ossada humana

"Dona Caméila não estava 100% sem assistência, era pra estar sendo assistida por esse curador, então, a partir desse momento, as autoridades deverão chamar essa pessoa e pedir esclarecimentos e saber o que aconteceu com ela", afirmou Deborah Cartágenes, presidente da Comissão Estadual do Direito da Pessoa Idosa.

Dona Camélia, por viver sozinha, buscava companhia em cerca de 150 cachorros que ela criava. Ficou conhecida por ser uma protetora de cães, tendo devotado parte considerável de sua vida ao cuidado dos animais.

“A dona Camélia era uma pessoa solitária, ela morava sozinha, não casou e não teve filhos. Temos notícia apenas de um irmão, com o qual ela não tinha relações familiares. A vida dela era inteiramente devotada a esses animais. Nós vamos tentar entrar em contato com essa pessoa (irmão da idosa)”, informou a delegada do Meio Ambiente, Débora Aiara.

Ainda segundo a delegada, a grande quantidade de cachorros na casa da aposentada fez com que a Delegacia do Meio Ambiente instaurasse um inquérito para retirada gradativa dos cães da residência, já que havia muita sujeira no local e reclamações dos vizinhos em relação ao barulho.

O inquérito resultou em um processo judicial e entrou em estado de cumprimento de sentença, a qual determinou a retirada dos animais de forma gradativa, pois o município de São Luís não tem um local que consiga comportar, de uma vez, uma grande quantidade de animais. Porém, a idosa sempre tentava impedir a retirada dos animais da residência, pois os considerava como filhos.

Os cerca de 150 cães encontrados no local, 100 adultos e 50 filhotes, serão alimentados e avaliados por médicos veterinários e, a partir da próxima semana, começarão a ser retirados da residência.

A delegada afirmou que os animais sadios serão encaminhados para adoção e, por isso, ela pede que a população de São Luís se engaje nessa causa da adoção, para dar uma oportunidade de sobrevida a esses animais.

Restos mortais

Há a suspeita de que a aposentada tenha tido morte natural e, como os cães ficaram sem comida, acabaram se alimentando do corpo dela. Ossos foram encontrados na parte externa da residência de Camélia e havia sinais de sangue em uma rede dentro de casa. O caso ainda será investigado pela Polícia Civil.

“Informações preliminares, captadas através da vizinhança, que conhece a rotina, que conhece a dinâmica da dona Camélia, existe a suspeita de que dona Camélia poderia ter falecido em sua residência e, por conta de um instinto animal, ela teria sido devorada pelos cães. Mas, tudo isso está sendo objeto de investigação”, explicou a delegada Débora Aiara .

A delegada informou também que havia uma pessoa que cuidava da limpeza da casa da idosa, mas a última vez que ela esteve no local foi no sábado (19). Desde então, não teve mais contato com a aposentada.

"Todas as informações ainda são preliminares, nenhuma linha de investigação vai ser descartada. O fato da dona Camélia morar sozinha é um ponto de vulnerabilidade, mas todas as linhas de investigação serão seguidas. As imagens de câmera nós já solicitamos, mas, o que temos até o momento é que a última visita teria sido no sábado e, pelo que se apurou da vizinhança, esse silenciamento, essa mudança de rotina teria se dado a partir do início da semana, segunda (21) ou terça-feira (22)", explicou Débora Aiara.

 

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