Protetora dos animais

"A vida dela era inteiramente devotada a esses animais", diz delegada sobre dona de casa em que foi encontrada ossada humana

Ainda segundo a delegada, a idosa Camélia Rosa sofria de câncer e recusou tratamento.

Imirante.com

Atualizada em 25/08/2023 às 22h57
Ossada é encontrada em casa de idosa com cerca de 100 cães em SL; há suspeita que ela tenha morrido e o corpo foi comido pelos animais. Foto: Thárcila Castro/TV Mirante
Ossada é encontrada em casa de idosa com cerca de 100 cães em SL; há suspeita que ela tenha morrido e o corpo foi comido pelos animais. Foto: Thárcila Castro/TV Mirante

SÃO LUÍS - Nesta sexta-feira (25) uma ossada humana foi encontrada em uma casa no bairro Cohaserma, em São Luís. Na casa morava uma idosa identificada como Camélia Rosa Lopes, de 81 anos, que residia sozinha e abrigava 150 cães.

Segundo a Polícia Civil do Maranhão (PC-MA), informações preliminares indicam que a ossada seja da idosa.

A delegada Débora Aiara Silva, titular da Delegacia do Meio Ambiente no Maranhão, em entrevista à rádio Mirante AM, disse que a idosa era considerada pela delegacia do meio ambiente, por vizinhos e comerciantes da área uma protetora de cães. 

“A dona Camélia era uma pessoa bastante conhecida aqui. Era uma protetora animal. Devotou parte considerável da sua vida no cuidado desses animais. Infelizmente na data de hoje, chegando lá encontramos essa ossada e segundo informações preliminares e informações captadas da vizinhança, e de pessoas que conhecem a rotina e a dinâmica da dona Camélia, existe a suspeita (vamos pontuar isso) que ela poderia ter falecido em sua residência e por conta de um instinto animal ela teria sido devorada pelos cães. Mas repito, tudo isso ainda está sendo objeto de investigação”, disse a delegada Débora Aiara.

Os mais de 100 cães viviam dentro da casa da idosa. (Foto: Divulgação / MP-MA)
Os mais de 100 cães viviam dentro da casa da idosa. (Foto: Divulgação / MP-MA)

Ainda segundo a delegada, dona Camélia sofria de câncer e se recusou a receber tratamento. Existe essa informação que ela era acometida por uma doença, o câncer. Ela tinha 81 anos e, segundo uma pessoa que prestava serviço de limpeza na residência dela, ela teria se recusado a se submeter a tratamento (contra o câncer). Então, foi uma decisão dela e, ao que parece chegamos até esse cenário, que estamos tentando desvendar”, destacou Débora Aiara.

Ouça a entrevista completa da delegada Débora Aiara para a rádio Mirante AM

Ossada encontrada na casa da idosa 

A titular da Delegacia do Meio Ambiente destacou que a informação preliminar é que, de fato, a ossada encontrada é humana. Os ossos já foram recolhidos e encaminhados para a identificação de seu código genético.

Os ossos foram encontrados na parte externa da residência e havia sinais de sangue em uma rede dentro de casa. Há a suspeita de que a aposentada tenha tido morte natural e, como os cães ficaram sem comida, acabaram se alimentando do corpo dela. O caso ainda será investigado pela Polícia Civil.

Dezenas de cães vivendo na residência

Em 2021, a Justiça determinou a retirada progressiva de mais de 100 cães na residência da idosa, no bairro do Cohaserma, em São Luís. A quantidade elevada de animais causava transtornos para os vizinhos e oferecia riscos à saúde pública. A primeira etapa da decisão foi cumprida no dia 23 de fevereiro de 2021, com a captura e retirada de 15 cachorros.

Os animais foram levados para o Centro de Controle de Zoonoses onde serão examinados por uma equipe de veterinários, farão exames e posteriormente serão disponibilizados para adoção. A operação foi coordenada pelos promotores de justiça José Augusto Cutrim (Defesa do Idoso) e Cláudio Rebêlo Alencar (Defesa do Meio Ambiente).

Na época, a decisão da juíza Laysa Martins Mendes, da 7ª Vara da Fazenda Pública, determinou que os animais sejam retirados progressivamente, a cada 20 dias, até restarem cinco. Também foi determinado que a idosa fosse inserida em programa de acompanhamento por equipe multiprofissional da Rede de Atendimento Domiciliar e de Atenção Básica, bem como por profissionais da Coordenação da Saúde Mental do Município de São Luís para avaliação e tratamento médico e psicológico.

A segunda etapa da retirada de cães da residência da idosa foi feira no dia 12 de agosto de 2021. 

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