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COLUNA
Diogo Gualhardo
Diogo Gualhardo Neves advogado e historiador.
Diogo Gualhardo

Soluções para o transporte público de São Luís (Parte I)

Com este artigo pretendo iniciar uma série de textos em que aponto sugestões para o transporte público de nossa cidade.

Diogo Gualhardo

São Luís possui alguns problemas crônicos que têm na vulgarização dos debates um dos maiores obstáculos para o encontro de soluções. Veja-se o caso do transporte público: lá se vão três décadas da ruína de um dos serviços públicos mais importantes para a cidade. Entra prefeito, sai prefeito, a situação continua a mesma e o discurso também: tudo é culpa do alcaide da vez.

Apesar de hoje ter conquistado o direito de sair do caos dos ônibus lotados e atrasados para cair no caos das ruas esburacadas e trânsito caótico por onde dirijo, ainda me preocupo com a situação de centenas de milhares de irmãos e irmãs ludovicenses que sofrem no presente as agruras que me atingiram no passado.

Acho que não é preciso elencar aqui, ou fazer um traçado histórico como costumo fazer, sobre os ônibus destruídos, as paradas lotadas, a imprudência de alguns motoristas, a insegurança, a exploração dos trabalhadores por empresários e o completo desprezo pelas necessidades do passageiro.

O que me importa, pelo menos por agora, neste oceano de sofrimento, é apontar soluções.

Sempre me incomodou a falta de ônibus em momentos em que o trabalhador e a trabalhadora dispõem para o lazer. A oferta de ônibus em finais de semana, feriados e à noite, é absolutamente vergonhosa. A impressão que tenho é que a oferta de transporte público só existe para levar e trazer do trabalho. Como se as pessoas não tivessem vontade de frequentar as praias e os parques da cidade, um restaurante ou outro ponto longe de suas casas em momentos de lazer.

O cidadão que não dispõe de veículo particular é impedido de se divertir longe de casa. Situação que era muito pior antes do UBER, diga-se de passagem.

As paradas lotadas nas tardes na Avenida Litorânea, muitas vezes com mães, pais e filhos, provenientes de locais muito distantes, só não entristecem pessoas de coração vazio.

Não apenas famílias, mas também nossos jovens que sofrem com a falta de ônibus para poderem divertir-se e encontrar amigos. Sem falar da insegurança, que vitimou Wemerson Matheus Ferreira Fonseca em abril deste ano no seu aniversário. Levou um tiro na cara enquanto voltava para casa.

Na certeza de que não importa aos inescrupulosos do setor de transporte a solução do problema, a Prefeitura e a Câmara de Vereadores deveriam promover uma rápida, imediata e absoluta liberação do transporte alternativo nos finais de semana, feriados e período noturno. De forma responsável, é claro.

Com perdão do trocadilho, o "carro chefe" dessa democratização do direito ao lazer e à liberdade de ir e vir deveriam ser as vans. A Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte (SMTT) imporia padrões adequados de segurança e conforto para os passageiros. Cumpridas as exigências, os interessados iriam, mensalmente, estabelecer uma rota, comunicá-la à SMTT e passar por uma vistoria. A prefeitura poderia custear a operação com uma taxa única de renovação mensal de licença.

Para garantir ao usuário a previsibilidade do uso do serviço, o VALOR MÁXIMO das passagens poderia ter dois níveis (curto e longo) e ser estabelecido em negociação com os interessados. Por que valor máximo? Além de garantir ao usuário a previsão de quanto vai gastar antes de sair de casa, aqueceria a concorrência entre os prestadores do serviço que poderiam cobrar menos. Anualmente passariam por reajuste após outra rodada de negociação com os motoristas.

Além das vistorias, a Prefeitura poderia utilizar as barreiras da Polícia Militar, por meio de convênio, para fiscalizar se os critérios estabelecidos serão cumpridos.

Com exceção da Avenida Litorânea, que deveria contar com um limite de transportes nos finais de semana, não haveria limite mínimo de veículos transitando entre as diversas linhas.

No futuro, a Prefeitura poderia implantar a bilhetagem eletrônica obrigatória e modernizar o serviço com a criação de aplicativo que possibilitasse a compra de créditos pela internet, acompanhamento por GPS das vans e outras comodidades.

Acredito que estas pequenas soluções já fariam uma grande diferença para milhares de cidadãos e famílias que hoje são encarcerados em casa nos feriados, finais de semana e à noite pela ausência de transporte público, uma das mais terríveis das muitas ausências de nossos falidos poderes públicos.

Até o próximo.

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