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COLUNA
Ibraim Djalma
Ibraim Djalma é procurador federal
Ibraim Djalma

A previdência, as rosas e as estrelas

Planejamento previdenciário não é artigo de luxo que o jeitinho brasileiro lá na frente possa resolver.

Ibraim Djalma

- Regava aquela rosa com todo cuidado porque ela me dizia ser única. Não havia outras mais - dizia o pequeno príncipe ao contar sobre seu planeta.

Aquilo o fazia dedicar seu tempo a regá-la, protegê-la do frio e ainda dar conta da vaidade da rosa.

- Quando então enxerguei que outras milhões existiam, questionei o seu valor, pois naquele instante meu instinto dizia ser ela apenas uma a mais ou a menos. 

Reforçou o pequeno de cabelos dourados, continuando.

- Mas a raposa me aclarou os olhos. Aquela rosa do meu planeta tinha uma particularidade que mudava tudo. Ela havia me cativado, por isso, era única para mim.

Não mais hesitou o cuidador em manter a preocupação que poucos minutos antes quase sucumbia ao ver outras rosas iguais a ela.

Sua percepção de mundo se alastrou por diversas experiências que aquele príncipe vivenciou em sua jornada até chegar à Terra, fazendo-o enxergar para além das rosas. O invisível.

Em cada planeta que visitou, percebeu que as mesmas estrelas eram vistas de diferentes formas pelos seus respectivos habitantes.

Eram apenas números de compra e venda para o empresário. Uma mera súdita ao rei. Guias para viajantes, ou mesmo problemas aos sábios. Mas todas não passavam de estrelas, cuja beleza somente alguns conseguiam enxergar.

Todas as belezas e contradições demonstradas nesse pequeno livro nos faz constantemente repensar sobre o que realmente pesam os nossos valores. E, claro, o que justifica nossas ações. 

A previdência não entra aqui como um mero orçamento na renda dos cidadãos.

Afinal, o dinheiro, que ninguém pode negligenciar por mais poético que seja o discurso, é antecedido e estimulado por razões últimas maiores.

Nas leituras de Aristóteles, na busca de entender as razões pela qual o homem existe e alcançar o seu bem supremo - a felicidade -, há quem defenda os prazeres, o gozo ou a honra como finalidades em si. Há ainda divagações mais adentro sobre a obra da razão e a atividade da alma do homem para se aprofundar ainda mais no assunto. 

Mas em uma coisa ele foi enfático. O acúmulo de riquezas não é um bem em si. Na sua narrativa, não tem sequer plausibilidade aparente como uma finalidade. Porque o ganho é apenas um meio para alcançar outras coisas.

E apesar de ser um meio em si, devemos entendê-lo como imprescindível para o alcance dos bens maiores. As tais estrelas de cada um.

Ter um mínimo de renda para se manter e garantir o gozo de bens de significado é tão importante quanto saber enxergar aquilo que realmente nos tem valia.

A previdência, portanto, é estação certa nesse caminho.

Ao envelhecermos ou adoecermos, ou mesmo ao partirmos dessa jornada para outra deixando nossos entes mais queridos, queremos antes de tudo guardar um mínimo de possibilidade de oferecer momentos de valores a quem amamos.

Não é ter dinheiro na conta por si só. Ao se resguardar a previdência de cada um, o bem que soa em maior tom é o de o avô poder receber seus netinhos com as melhores condições que possa oferecer. É poder jantar aquele prato favorito ou ouvir aquela música da infância e recrutar os melhores momentos vividos na época. Ou fazer aquela viagem sonhada ou ainda ajudar quem tanto precisa. 

É ter dignidade para sustentar não apenas a sobrevivência do dia a dia, mas a vivência de tudo aquilo que permite dar sentido à vida de cada um, enxergando e valorizando em gestos as flores que nos cativaram dentre tantos milhares e contemplando as estrelas da melhor forma possível. Com sentido, contemplação e gratidão.

Planejamento previdenciário não é artigo de luxo que o jeitinho brasileiro lá na frente possa resolver. Não. É instrumento que deve ser pensado hoje para que amanhã se possa garantir com que todos esses valores, tantas vezes contemplados à distância diante dos nossos afazeres, possa realmente ser alcançado quando o mundo nos chama a descansar...pela idade avançada, por uma incapacidade repentina ou quando estamos diante da morte.

E mais. É preciso antecipar a visão disso tudo e não esperar que apenas os infortúnios indesejados nos obriguem a contemplar as rosas, as estrelas e a previdência. Enxergar o invisível é o primeiro passo.

Sejamos reluzentes, perfumados e previdentes.

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