(Divulgação)

COLUNA

Lourival Souza
Diretor da Belonave e Mestre em Economia Política (SMC University, Suíça).
Lourival Souza

Que progresso queremos?

A busca pelo desenvolvimento material não pode ignorar outro muito mais importante.

Lourival Souza

Nesta semana, ao pensar sobre meu último texto – sobre salários e as condições para uma boa economia –, lembrei-me de outro problema ligado à ideia de desenvolvimento: a importância que se dá ao material em detrimento do moral.

Há um péssimo costume no Brasil de supor com base em pouco ou, então, de tentar de classificar qualquer opinião como parte do grupo A ou B. Ao citar um determinado país como exemplo de uma economia forte, alguns podem pensar que tomo este como referência em relação a tudo. Não podemos perder o senso analítico.

Fiquei a recordar como as discussões sobre desenvolvimento se concentram basicamente em questões econômicas. Não me refiro, apenas, às discussões acadêmicas, da imprensa, mas ao que se debate no dia-a-dia da população. Não se fala dos bens da alma, das virtudes, mas só de dinheiro. A economia é um aspecto das nossas vidas. É mais efeito que causa, é um reflexo de como concebemos nossa “cultura e relação com Deus”. Deve ser pensada e organizada não para encher os bolsos, mas para favorecer ao bem comum, onde estão todas as condições para que o homem tenha seu desenvolvimento integral. 

Pergunto ao leitor: inteligência e moralidade caminham de mãos dadas automaticamente? Eu lhes digo que não. Se fosse assim, não existiriam ladrões inteligentes, crimes premeditados ou, no popular, “usar a inteligência para o mal”. Fomos criados para o Bem, mas temos uma natureza imperfeita que precisa de ordem, para que as tendências ruins não sejam dominantes. Se acontece em nível pessoal, acontece em nível social. Se o interesse pela virtude perde sua devida importância, a economia – que é uma ferramenta – potencializa nossas tendências ruins. 

Os países desenvolvidos podem oferecer segurança, organização e conforto, ao mesmo tempo em que desfiguram a natureza humana. Vejamos, por exemplo, a questão familiar. Filhos e idosos significam, para muitos, perda de tempo e dinheiro. Melhor mesmo é ter menos filhos e cada vez mais tarde, ou mesmo evitá-los via aborto. Os pais podem ir para uma clínica de repouso. Num desses países, há mais clínicas de aborto que franquias de uma lanchonete mundialmente famosa. Mais de cinquenta milhões de abortos foram praticados desde os anos 1970, em sua maioria do sexo feminino. Em outro país, a legalização do suicídio é tida como “conquista”. A família faz até festa de despedida, já que vivem um enorme vazio existencial. Em outro, já se permite sexo com animais. E, o pior, não só praticam como exportam.

Por aqui, fico feliz que algumas dessas modas não chegaram a tanto. Mas a influência dessas ideias cresce. O remédio para isso não passa por uma espécie de moralismo barato que ditará uma sociedade perfeita. Não é possível eliminar o mal, mas evitá-lo e promover o bem. Há formas de conciliar virtude e prosperidade, de modo a que não se criem antagonismos entre famílias, associações e empresas. Falarei disso em outros artigos.

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