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COLUNA

Diogo Gualhardo
Diogo Gualhardo Neves advogado e historiador.
Diogo Gualhardo

É preciso salvar a Lagoa da Jansen do Poder Público

Governo do Estado e Prefeitura são incapazes de zelar por patrimônio que poderia gerar empregos. A solução está na iniciativa privada.

Diogo Gualhardo

Lagoa por batismo popular. Laguna, por batismo técnico, já que tem comunicação com o mar. Jansen, porque antes havia o "igarapé da Jansen", e foi represado na década de 1970 durante a construção da avenida que liga o São Francisco à Ponta d'Areia, formando assim o espelho d'água. Jansen, porque todas aquelas terras, no século XIX, se diziam pertencer à conhecida "Rainha do Maranhão".

Instituído como Parque Estadual no final da década de 1980, milhões de reais foram gastos em sua urbanização, concluída no segundo governo da ex-governadora Roseana Sarney, no ano de 2001. De pronto abraçado pela população de São Luís, havia terminado com a ocupação de palafitas que tanto caracterizou o espaço. Trouxe promessas de despoluição das águas, preservação dos mangues e matas de babaçu, além da vocação turística nunca verdadeiramente assumida pela capital maranhense.

Chegou à segunda década do século XXI sem muitas surpresas, abandonado. Segue o Parque Estadual da Lagoa da Jansen a sorte comum das obras entregues e sem manutenção, que tanto caracterizam a nossa amada, mas menosprezada terra. Os governos locais têm o costume espúrio de entregar – quando entregam – uma inauguração e deixar a coisa ao sabor do destino, como se as verbas ali empregadas tivessem atingido seu objetivo na foto oficial de descerramento da placa.

Passadas duas décadas, o mirante da Lagoa, o ponto principal de visitação panorâmica do Parque, desapareceu. Toda uma caríssima estrutura de madeira-de-lei foi simplesmente furtada, dia após dia, impunemente. Por falar em lei, ali essa parece não existir. A quantidade de assaltos é absurda, assim como a presença do tráfico a olhos vistos, tudo proporcional à falta de policiamento, mal garantido pelos poucos heróis de nossa Briosa que são para lá destacados, enquanto a autoridade política segue pouco interessada no cotidiano da população.

Mas se a inexistente segurança é dever do Estado do Maranhão, a limpeza pública, à cargo da Prefeitura, não lhe faz inveja. Está tão desaparecida quanto. As vias de caminhada viraram depósitos de entulho, que lá ficam se expondo ao sol por dias a fio. Alguém argumentará que a cidade toda está assim, e é uma verdade demeritória. Contudo, no interior de um Parque Ambiental e ponto turístico de São Luís, o quadro é mais grave. A propósito, como não há limites ao absurdo na terra de lendas e mistérios, corre-se o risco de atropelamento nas mesmas vias destinadas exclusivamente a pedestres, pois carros e caminhões – inacreditável, mas real – por elas transitam também.

Não há esperança para a Lagoa da Jansen pelo poder público. Aliás, sua permanência pode resultar em uma catástrofe ambiental sem precedentes. No fim da semana passada, entre todas as vindas e vindas, a Caema foi flagrada despejando milhares de litros de esgoto da estação elevatória das redondezas.

Qualquer solução apontada por qualquer governante seguirá na mesma direção: dezenas de milhões gastos em obras que não irão resolver o problema. É preciso romper com esse círculo vicioso de depredação de patrimônio e de recursos públicos.

Em 1999, o Governo Federal concedeu à iniciativa privada a concessão do Parque Nacional do Iguaçu. Ambiente preservado, infraestrutura de primeiro mundo e, o melhor de tudo, emprego e renda gerados de forma sustentável. São mais de um milhão e quinhentas mil pessoas visitando o parque todos os anos.

Em proporções menores, é claro que o Parque Estadual da Lagoa da Jansen poderia gerar muitos empregos e bastante renda. Em relação ao meio ambiente, é improvável que seja tão maltratado quanto o é hoje pela Caema e pelo governo estadual.

O resgate da Lagoa da Jansen pela iniciativa privada, como feito em Iguaçu, deveria ser um dos pontos centrais do debate eleitoral do ano que vem.

Nós, maranhenses, não podemos admitir que um de nossos maiores tesouros ambientais siga sendo tratado como uma fossa pelo poder público.

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