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COLUNA

Dr Hugo Djalma
Médico nutrólogo e neurocientista
Dr Hugo Djalma

Como seu cérebro decide o que vai comer

Imagina que suas decisões são tomadas subconscientemente pela “facilidade de acesso” inclusive o quanto, o horário e o que você come.

Dr Hugo Djalma

Atualizada em 29/08/2023 às 15h34

Mais de 50% de suas atitudes diárias foram tomadas de forma automática sem precisar pensar para realizá-las. O jeito que você se sentou no carro e dirigiu, amarrou cadarço ou deixou seu material de trabalho no sofá foram feitos por sua memória implícita, pela tendência natural de “economizar energia” para a sobrevivência

Imagina que suas decisões são tomadas subconscientemente pela “facilidade de acesso” inclusive o quanto, o horário e o que você come

Em 2017 Richard Rhaler, professor de economia e ciências comportamentais venceu o Nobel de economia sobre a arquitetura da escolha: como tomamos nossas decisões

É claro que em economia decisões erradas alteram destinos, mas cada vez que você beliscou o chocolate ou exagerou na cerveja, a conta não chega de uma vez

Acontece que seus hábitos não selecionaram o que é melhor para você, mas sim o que é mais cômodo e gera mais recompensa com menos esforço

Exatamente neste ponto que o mercado se adapta para que você tenha acesso fácil à bebidas calóricas, alcoólicas, guloseimas enlatadas ou mesmo lanches quentinhos após uns clicks no celular.

A área cerebral de formação de hábitos é próxima da região de procedimentos e você no stress roe unha sem querer, fuma ou come doces como recompensadores dopaminérgicos. A sanfona da compulsão alimentar.

Pior que não decidir o que comer, é não saber o horário que vai ser a próxima refeição. Comer o que estiver disponível na hora que quiser é o comportamento mais comum da obesidade e a neurociência te explica por quê.

A necessidade maior de sobrevivência usa a hierarquia das prioridades. Seu cérebro sabe que manter-se descansado (sono), hidratado e nutrido é mais importante que escolher entre salada de pepino ou de tomate após um dia de trabalho e faminto. Quanto mais tempo passa da última refeição, mais seu organismo vai querer calorias, e não se importa se será de legumes ou da salsicha do cachorro-quente. 

Para piorar, quanto mais fome você tem, menos chance de parar na hora certa e você acaba comendo o dobro ou triplo da caloria que deveria, porém com péssima qualidade.

A pandemia foi o maior gerador da síndrome do comer noturno. Um trio comportamental caracterizado por: comer demais à noite, dormir digerindo e acordar sem fome. E sabe por que isso acontece?? Porque você não come de tarde e ataca o que encontrar na geladeira.

Exatamente este o ponto da arquitetura da escolha. Não tenha cerveja, biscoitos de chocolate, macarronada com molhos ou refrigerante para a “boa” digestão.

Como seu cérebro funciona sozinho, usa sua mente para disponibilizar à sua volta aquilo que você quer de você. E isso certamente inclui alimentos, pessoas e outros valores que deseja viver. A evolução sempre vence e seu cérebro vai funcionar e decidir usando os mesmos princípios. Portanto, ajuste as velas da navegação a favor do vento.

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