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COLUNA

Euges Lima
Euges Lima é historiador, professor, bibliófilo, palestrante e ex-presidente do IHGM.
Euges Lima

A Praça do Panteon

Os primeiros bustos a serem inaugurados, foram os de Artur Azevedo (1954), Raimundo Correia (1954), este, de inciativa do IHGM, cujo pedestal foi patrocinado pelo Dr. Odilon Soares, médico, político e sócio do Instituto Histórico.

Euges Lima

- Atualizada em 02/05/2023 às 23h50

A Praça do Panteon, que em 2018 passou por uma ampla reforma, sendo modernizada e revitalizada pelo IPHAN, quando comparada com outras praças seculares de São Luís, é relativamente recente, pois data de meados dos anos de 1950. Porém, já dispõe de certa historicidade. E é para os que transitam e transitaram por ali, uma referência sentimental, social, política e urbana nas últimas décadas, pois está localizada no coração do velho centro de São Luís.

Possui hoje, 25 bustos de ilustres maranhenses, sendo sete novos, inaugurados ano passado, de escritores mais recentes falecidos e de grandes e antigos nomes da nossa literatura, que por alguma razão ou esquecimento, ainda não tinham sidos homenageados. Destaque para Aluísio Azevedo, Celso Magalhães e Sousândrade. A ideia de se fazer em praça pública um panteon para as ilustres personalidades, que engrandeceram nosso torrão e nossa cultura, seja na política, na arte ou nas letras, não era uma ideia tão nova assim, já tinha sido pensada desde o início do século XX e o local escolhido à época foi a Praça Benedito Leite. No entanto, essa ideia nunca foi concretizada nesse logradouro, mas em outro, décadas depois, como veremos a seguir.

O local atual dessa Praça era onde ficava parte do prédio colonial (1797) do antigo quartel do 24 BC, que ocupava toda essa região, desde a Praça do Panteon até o atual prédio do SESC, ladeado pelas Avenidas Gomes de Castro e Silva Maia, estas, erroneamente chamadas por alguns de Praça Deodoro, pois a verdadeira e histórica Praça Deodoro da Fonseca era o quadrilátero defronte a atual Panteon, onde existia um “camelódromo”, antes da recente reforma, que praticamente ligou as duas praças e passaram a chamar de “Complexo Deodoro” (a Deodoro foi completamente descaracterizada, inclusive teve seu histórico coreto removido, pasmem! Não seria tombada...?)

Após a demolição do prédio do quartel nos anos de 1940, construíram no local, mais para o final da área do antigo edifício militar, o prédio da Biblioteca Pública do Estado (1950). Com feições neoclássicas, de cor branca, logo foi apelidado ironicamente pela população de “bolo de noiva”, devido seu formato. Inaugurada na gestão do Governador Sebastião Archer. Então, em meados dos anos de 1950, o Instituto Histórico do Maranhão, retomou a ideia de um Panteon maranhense em praça pública e para isso pensou no espaço vazio gerado com a demolição do prédio do quartel em frente à recém-construída Biblioteca Pública. Segundo o Jornal Pacotilha de 30 de março de 1954, a denominação para nova Praça, “Panteon” e a ideia de reunir nela os bustos dos grandes nomes da nossa literatura e intelectualidade de várias gerações, foi sugestão e solicitação feita à Câmara de Vereadores de São Luís pelo Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e que obteve parecer favorável de n.º 6 da Segunda Comissão permanente em 29 de março de 1954. 

Um fato curioso nessa então Sessão do dia 29 de março da Câmara foi que além da aprovação do parecer favorável à solicitação de denominação da Praça feito pelo IHGM, os vereadores, aprovaram também o projeto de lei de n.º 11, de autoria do vereador Walter Bessa, onde fez a doação do terreno da Praça ao Instituto. Isso demonstra a importância do papel do IHGM no surgimento, denominação e idealização desse logradouro. Ano passado, foi instalado uma placa nessa praça em reconhecimento ao Instituto (pesquisa nossa /2018).

O início da construção da Praça foi sendo feita aos poucos e os bustos, também foram sendo colocados um a um, ao longo do tempo, inicialmente por iniciativa do IHGM, AML, familiares das personalidades homenageadas e por intelectuais acadêmicos que faziam parte dessas agremiações científico-culturais. A Praça teve origem na gestão do Prefeito Carlos Vasconcelos, que em 1955, um ano depois de sua criação, deu início às obras de pavimentação e ajardinamento, feito pelo paisagista João Figueredo. Já na gestão do Prefeito seguinte, José de Ribamar Waquim, foram instalados bancos e pela primeira vez em São Luís, postes com lâmpadas fluorescentes.

Os primeiros bustos a serem inaugurados, foram os de Artur Azevedo (1954), Raimundo Correia (1954), este, de inciativa do IHGM, cujo pedestal foi patrocinado pelo Dr. Odilon Soares, médico, político e sócio do Instituto Histórico. 

Seguido pelos bustos de Dunshee de Abranches (1958) e Nascimento de Moraes, inaugurado em 19 de março de 1959, por iniciativa da AML. Nos anos e décadas seguintes, bustos foram sendo inaugurados e transferidos de outros logradouros da cidade para compor o Panteon da Praça.

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