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COLUNA

Euges Lima
Euges Lima é historiador, professor, bibliófilo, palestrante e ex-presidente do IHGM.
EUGES LIMA

Os 110 anos da morte de Aluísio Azevedo

Ironicamente, ele comemorou o dia em que se tornou funcionário público (diplomata) e deixou de escrever para sobreviver.

Euges Lima

Atualizada em 02/05/2023 às 23h50
Euges Lima é historiador, professor, bibliófilo, palestrante e ex-presidente do IHGM.
Euges Lima é historiador, professor, bibliófilo, palestrante e ex-presidente do IHGM. (Ipolítica)

Em janeiro deste ano, completaram-se 110 anos da morte do escritor maranhense Aluísio Azevedo, considerado o primeiro escritor profissional do Brasil (vivia da pena para sobreviver), um dos cinco maranhenses fundadores da Academia Brasileira de Letras, autor de vários clássicos da literatura brasileira, introdutor do naturalismo no Brasil com a obra “O Mulato”, a mais genuinamente maranhense de suas obras. Ironicamente, ele comemorou o dia em que se tornou funcionário público (diplomata) e deixou de escrever para sobreviver. 

Aluísio faleceu às 11 horas do dia 21 de janeiro de 1913, em Buenos Aires, com problemas cardíacos, aos 56 anos, em consequência de um atropelamento automobilístico que sofreu em fins de agosto de 1912. Foi sepultado na capital argentina. 

Somente seis anos depois, em 1919, graças aos esforços de um grupo de membros da Academia Brasileira de Letras, entre os quais, o escritor maranhense Coelho Neto, Olavo Bilac, Filinto de Almeida, entre outros, é que seus remanescentes mortais foram finalmente transferidos para São Luís. 

Foram várias as homenagens que o ilustre escritor maranhense recebeu, durante todo o percurso do paquete “Paconé” que trouxe seus restos mortais, desde a saída da Argentina, passando por Montevidéu, Rio Grande, Florianópolis até o Rio de Janeiro.

Ao chegar ao Rio, no dia 9 de setembro de 1919, foi realizada na Academia Brasileira de Letras uma Sessão Solene. Foi somente em 25 de outubro desse ano que os despojos mortais do autor de “O Mulato” desembarcam em sua terra natal a bordo do “Bahia”, quando também foi realizada uma Sessão solene na Academia Maranhense de Letras e Missa pelo bispo diocesano. 

O jornal “Pacotilha”, fundado em 1880 pelos então jovens, Aluísio Azevedo, Vitor Lobato e Libânio Vale, informava constantemente, aos seus leitores, todo o trajeto, escalas e homenagens recebidas por onde passava o seu antigo fundador até o seu descanso e destino final em sua São Luís do Maranhão. 

Sobre os preparativos e providências para o sepultamento em São Luís, assim anunciava o jornal “Pacotilha”’ no dia 13 de setembro de 1919: “ Já está pronto o rico mausoléu em mármore em que serão depositados os restos mortais do grande escritor, nosso conterrâneo Aluízio Azevedo. Na lousa lê-se gravado o dístico: “A Aluízio Azevedo, o Estado do Maranhão.” O sepultamento ocorreu no cemitério do Gavião no dia 28 de outubro de 1919, onde jaz até os dias de hoje.

Jean Yves Mérian, escritor e biógrafo de Aluízio Azevedo, em seu livro: “Aluísio Azevedo, Vida e Obra (1988)”, registra dessa forma o clima da cidade de São Luís e o sentimento dos ludovicenses quando da chegada do corpo do escritor conterrâneo famoso: “O tempo apagara as paixões da época de “O mulato” e a cidade saudou com fausto a memória  de um de seus filhos mais ilustres.”

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