A fome fere e maltrata. A desnutrição exclui crianças, adultos e idosos de uma vida digna; e varre do mapa sonhos e a possibilidade de um futuro mais sustentável com pessoas ativas e produtivas. É uma questão social que atinge cada vez mais pessoas em todo o mundo, e que precisa ser enfrentada de forma coletiva, unindo o poder público, iniciativa privada e a sociedade civil. A insegurança alimentar vem se agravando, ano após ano, e se não agirmos agora corremos o risco de prejudicar severamente o futuro das próximas gerações. Não por acaso a Campanha da Fraternidade de 2023 tem o combate à fome como meta.
Segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA) informaram que, entre 2019 e 2021, “o número de pessoas que passam fome na região aumentou em 13,2 milhões, chegando a 56,5 milhões”. Esses e outros dados alarmantes constam no relatório “Rumo à segurança alimentar e nutricional sustentável na América Latina e no Caribe em resposta à crise alimentar mundial”.
Esse estudo aponta ainda que, diversos fatores contribuíram para a extensão da crise atual que ameaça a segurança alimentar; e está provocando retrocessos em matéria de pobreza e desigualdade. Entre várias causas, destaca-se o aumento da inflação dos alimentos na América Latina e Caribe, o que diminui o acesso a uma alimentação saudável; elevando a insegurança alimentar e a fome, pois afeta mais os domicílios de baixa renda.
E fazendo-se um recorte local, a situação é ainda mais grave. Segundo dados do IBGE, o Maranhão é o Estado com o maior número de pessoas extremamente pobres do Brasil. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística atestou um aumento recorde de pobreza no ano de 2021, atingindo 62,5 milhões de pessoas no país; o maior nível desde 2012.
Nesse contexto, é essencial agir agora para mudar essa triste realidade. Em São Luís, a empresa Ligga – Projeto Porto São Luís desenvolve diversas ações de responsabilidade social, sintonizadas com as demandas de desenvolvimento sustentável. A empresa está comprometida com as comunidades onde atua e com a agenda de enfrentamento das questões ambientais, sociais e econômicas.
No projeto de desenvolvimento do empreendimento, a Companhia tem atuado em várias frentes sociais beneficiando as comunidades vizinhas do Cajueiro (Andirobal, Sol Nascente, Prainha, Rua Principal, Guarimanduba e Egito) e Mãe Chica (Vila Maranhão), além de muitas outras regiões.
Essas ações sociais são bem alinhadas com os interesses, vocações e necessidades dessas comunidades, que mantêm uma interlocução direta e muita positiva, via lideranças e moradores junto à empresa. Com base na escuta ativa das comunidades e no diagnóstico de suas reais necessidades, são ofertadas ações sociais, alinhadas com a erradicação da pobreza e da fome, boa saúde e bem- estar, educação de qualidade, emprego digno e crescimento econômico e redução das desigualdades.
Especificamente sobre o enfrentamento da fome, vale destacar uma iniciativa de grande impacto positivo para as comunidades, já realizada pela Ligga recentemente: Os cursos de Alimentação Alternativa; realizados em parceria com o SENAR-MA, com duas turmas já concluídas. A iniciativa capacitou mulheres das comunidades do Cajueiro e Mãe Chica, que aprenderam na teoria e na prática receitas de pratos feitos com partes de frutas, legumes e verduras, que normalmente são desperdiçados. E mais que isso, são ricas fontes de nutrientes, e que podem proporcionar mais saúde e energia com uma alimentação mais balanceada e de baixo custo.
“Priorizamos essa ação, entre outras realizadas em 2022. Diante desse cenário de insegurança alimentar generalizada, entendemos que ofertar um curso de Alimentação Alternativa é uma demonstração de cuidado e zelo para com as pessoas e as futuras gerações. Agradecemos a parceria do SENAR-MA e a presença participativa da comunidade e dos parceiros que nos ajudam a viabilizar essas importantes ações. Cuidar da comunidade é prioridade do nosso negócio” disse Thomaz Baker, Gerente de Obras da Ligga – Projeto Porto São Luís.
O curso foi organizado pela equipe da Ligga e ministrado pelo SENAR-MA na cozinha da moradora do Cajueiro dona Ester Soares, na rua principal. A aceitação da comunidade foi tão positiva, que superou o número de vagas ofertadas. As alunas, agora formadas em Alimentação Alternativa, prometem ser multiplicadoras do que aprenderam junto aos vizinhos e familiares.
Através da metodologia “aprender fazendo” as mulheres têm acesso às receitas para o aproveitamento integral dos alimentos; o que além de trazer benefícios de saúde e qualidade de vida, também ajuda no orçamento doméstico, com o maior rendimento dos ingredientes utilizando todo o potencial nutritivo de cada insumo como frutas, verduras entre outros ingredientes disponíveis na comunidade, e alguns até mesmo em seus quintais, como o mamão, fruta que se aproveita do talo até as sementes.
Isso ajuda na mudança alimentar, com a inserção na dieta diária de importantes nutrientes contidos nessas partes de frutas e verduras que normalmente, por falta de conhecimento, são descartados no lixo. E dados mostram que após esse tipo de treinamento, as crianças são as mais beneficiadas com a nova forma de alimentação adotada, pois são os pequenos os que mais sofrem com o déficit alimentar, que afeta diretamente o crescimento e desenvolvimento.
Dona Ester Soares gostou tanto da ideia, que cedeu a cozinha de casa para as duas turmas. “Fiquei muito feliz em fazer esse curso, foi a primeira vez que tivemos esse tipo de treinamento e eu gostei muito. Cedi minha casa e aprendemos muito com a professora. Nunca tinha comido algo tão gostoso como as receitas que preparamos aqui, e melhor, nutritivas também” disse ela.
Irene da Silva tem 43 anos, mora no Cajueiro com dois filhos pequenos e vive com o auxílio social do Bolsa Família. Para ela, o curso vai fazer muita diferença na qualidade da alimentação da família e no orçamento familiar:
“Eu reconheço que antes eu não tinha uma alimentação saudável, mas aprendi muita coisa que vou botar em prática. Vou aproveitar os alimentos que antes jogava fora. E é tudo simples, fácil de fazer e muita coisa tem até no quintal. A gente antes dizia que não tinha o alimento porque não tinha era o conhecimento, mas agora podemos comer melhor com o que temos aqui, e não vamos mais passar tanta necessidade. Aprendi até a substituir a carne que tá muito cara, com uma receita de casca de banana que é gostosa e nutritiva. O Porto São Luís nos ajudou muito com essa ação, pois viram qual era a nossa necessidade. Moro no Cajueiro há dez anos e nunca recebi uma ajuda como essa, que vai transformar as nossas vidas. As mulheres da nossa comunidade sempre eram esquecidas, mas o Porto São Luís mudou isso e está nos ajudando com várias ações como esse curso” declarou dona Irene.
Cleane de Jesus da Silva Sá tem 27 anos, também é moradora do Cajueiro. Ela participou da segunda turma e aprovou o programa. “Tenho uma filha pequena e moro com meus pais, e vou usar as receitas com eles. Aprendi a usar as cascas das frutas, a aproveitar as sementes da abóbora e as folhas da macaxeira; coisas que antes a gente jogava fora. Mas com o curso, vai melhorar a nossa saúde e também no bolso, pois vamos economizar muito aproveitando alimentos, e ainda ter mais qualidade de vida. Eu não teria condição de sair daqui para fazer esse curso em outro local, mas perto de casa foi a primeira vez que teve. Acho que fui logo a primeira a me inscrever. Valeu muito a pena”, explicou ela.
A instrutora do SENAR-MA Raquel Barros Martins, que ministrou o curso para as duas turmas elogiou o interesse das alunas e o alto rendimento das turmas. Segundo ela, o programa foca acima de tudo na sustentabilidade e no cuidado com as próximas gerações.
“Ficamos muito felizes em poder oferecer a essas mulheres, graças à Ligga, uma oportunidade de aprendizagem de como ter uma alimentação saudável e usando o que elas já têm à disposição nos seus quintais. Como por exemplo a receita de um arroz multimistura feito com folhas de quiabo, maxixe, abóbora e vinagreira. Outro exemplo de insumo muito encontrado aqui é a banana verde, da qual fazemos doces e outras receitas à partir da sua biomassa, da sua casca se faz a farinha etc... E para quem não sabe, a banana verde contém a substância chamada amido resistente que ajuda a tratar pessoas com depressão e crianças com desnutrição, entre outros benefícios. Todo esse conhecimento agora vai ajudar a alimentar melhor muitas famílias e proporcionar mais saúde e qualidade de vida” disse a professora.
Entre as receitas compartilhadas estão pratos como sopa de creme de abóbora; bolo de casca de banana; patê com talos de couve; farofa de banana com casca; vatapá feito com macaxeira, coco e abóbora que imita o gosto do camarão; suco de milho verde, suco da casca do abacaxi com hortelã e de manga com casca; biomassa de banana verde; moqueca de mamão verde; doce de abóbora com casca entre muitos outros.
AÇÕES SOCIAIS DA LIGGA – PORTO SÃO LUÍS FAZEM PARTE DA AGENDA ESG DA EMPRESA
A Ligga - Projeto Porto São Luís é um dos maiores projetos de infraestrutura em processo de implantação no Maranhão e no Brasil. E como tal, baseia sua gestão em valores éticos e socioambientais.
A empresa está comprometida com o desenvolvimento social no Estado, priorizando as comunidades do seu entorno muito além da geração de empregos e renda. A empresa acredita em parcerias e ações que proporcionem a capacitação das pessoas e seu consequente progresso socioeconômico.
Assim, promove regularmente ações que ajudam a desenvolver econômica e socialmente as comunidades vizinhas; de forma alinhada com os interesses, vocações e necessidades dessas comunidades bem como aos objetivos sustentáveis do Porto São Luís. Já foram ofertados pela Ligga cursos profissionalizantes nas áreas de pedreiro e carpinteiro de obras em parceria com o SENAI; além de cursos de formação em empreendedorismo básico para mulheres; ações educativas e de lazer, além de eventos voltados para a saúde, cidadania e educação.
Curso de alimentação alternativa
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