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COLUNA

Saulo Arcangeli
Saulo Arcangeli é professor, militante sindical e do PSTU.
Saulo Arcangeli

8 de março: Um dia de lutas e reivindicações das mulheres!

É mais que um dia, é uma história de lutas das mulheres!

Saulo Arcangeli

Atualizada em 02/05/2023 às 23h50
Saulo Arcangeli, professor, militante sindical e do PSTU
Saulo Arcangeli, professor, militante sindical e do PSTU (Ipolitica)

O 8 de Março é um dia de luta pela vida das mulheres e por direitos. Esse dia nasce, em uma das versões mais difundidas, em homenagem às operárias têxteis mortas pelo patrão, no dia 8 de março de 1857, em represália à greve de que participaram, nos EUA.

Apesar da participação das mulheres em várias greves, esta específica é questionada e as origens mais difundidas nos levam ao contexto do início do século 20 e da Primeira Guerra Mundial, em que se destacam as lutas das operárias por salários dignos, redução da jornada e melhores condições de trabalho, além da reivindicação pelo direito das mulheres ao voto e à igualdade. Nesse período, ocorreu uma grande passeata de 15 mil mulheres nos EUA, em 1908, e um grande protesto pelo direito ao voto, em 1909.

Um período em que as lutas das mulheres já eram internacionais. Com isso, surge a necessidade de se criar o Dia Internacional da Mulher. Em 1910, a data foi estabelecida na Conferência Internacional de Mulheres, coordenada pela Segunda Internacional, mas ainda com datas variadas nos diferentes países.

No dia 8 de março de 1917, (23 de fevereiro, pelo calendário russo), as operárias tecelãs e costureiras, em São Petersburgo, revoltaram-se contra a fome e a I Guerra Mundial, transformando-se no princípio de um conjunto de greves que desencadearam a Revolução de Fevereiro e o fim do czarismo, sendo o estopim do desenvolvimento da Revolução Russa, naquele mesmo ano.

Assim, o dia 8M foi estabelecido oficialmente a partir da Conferência Internacional de Mulheres Comunistas, em 1921, em homenagem às mulheres russas, e desde então é referendado em todo o mundo, em honra às operárias de São Petersburgo. 

A luta das mulheres permanece por direitos e pela vida

Nesse dia é comum que as mulheres recebam flores, presentes e parabéns. Muitos patrões até presenteiam suas empregadas, e os governos propagandeiam as conquistas e os espaços obtidos pelas mulheres.

Apesar do necessário reconhecimento, governos e patrões querem resumir este dia, até para que ele não seja considerado como um dia de luta. Querem movimentar o comércio, e que seja um dia apenas de homenagens. Mas essa história de luta não pode ser apagada. Nas ruas, as mulheres, diariamente, lutam contra o machismo, a desigualdade de gênero, o feminicídio e os projetos que atacam seus direitos.

Pelo fim do feminicídio, do desemprego e da fome!!!

Brasil

No Brasil, a opressão vivida pelas mulheres se intensificou no último período. O discurso machista de Bolsonaro e o rebaixamento do investimento em políticas públicas fizeram crescer a violência e todo tipo de desigualdade em relação ao gênero, à raça e à classe.

Ocorreu um aumento de 5% nos casos de feminicídio em 2022 (em comparação com 2021), conforme apontam dados publicizados na imprensa. São 1,4 mil mulheres mortas (uma a cada 6 horas), em média nacional. Esse número é o maior registrado no país desde que a lei de feminicídio entrou em vigor, em 2015.

As mulheres trabalhadoras são as mais penalizadas pela fome e o desemprego (55% maior que entre os homens) e passam por um processo de grave insegurança alimentar. As negras seguem liderando os índices de desemprego, remuneração e ocupação precária, sem carteira assinada e outros direitos.

A violência, principalmente a doméstica, amplia-se. No primeiro semestre de 2022, segundo a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, foram 31.398 denúncias de violência doméstica e 699 feminicídios, sendo as negras e pobres as principais vítimas. Em 2021, segundo dados oficiais, o Brasil liderou, pelo 13º ano consecutivo, o ranking do transfeminicídio.

As mulheres LBGT´s sofrem com o absurdo do estupro corretivo (com a intenção de “corrigir” a orientação sexual) e as mulheres trans têm expectativa de vida de 37 anos, dada a violência que enfrentam todos os dias pelo país.

Maranhão

No Maranhão, em 2022 foram registrados 67 feminicídios (quinto na liderança do ranking nacional). Nesses primeiros anos de 2023, já foram 8 feminicídios.

Uma situação que se aprofunda diante do aumento da pobreza, desemprego e informalidade no estado, que bate recordes e atinge, de forma desigual, as mulheres. 

Na capital do estado, São Luís, os vereadores, em acordo com os governos estadual e municipal e o setor empresarial, buscam aprovar um Plano Diretor que, dentre outros pontos, quer reduzir a área rural, de onde as mulheres retiram seu sustento e o de suas famílias, através da agricultura, criação de pequenos animais e o extrativismo, principalmente a pesca. Um verdadeiro ataque contra as trabalhadoras rurais.

Já o governador do Estado, Carlos Brandão (PSB), acaba de nomear para a Secretaria de Estado da Mulher (SEMU) a deputada estadual Abigail Cunha (PL) que, ao divulgar imagens ao lado de duas trabalhadoras domésticas negras, expõe todo o seu racismo. Isso causou uma série de reações locais e nacionais, inclusive de setores dos movimentos sociais, do movimento negro e do movimento de mulheres que possuem em sua composição militantes do PT, PSB e PCdoB e que são da base de apoio do governador.

Um verdadeiro absurdo, considerando a situação que vivem as mulheres do Maranhão, a nomeação de uma deputada filiada ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que, durante seu governo, estimulou as práticas de racismo e machismo. São sinais que demonstram que o governo estadual tem compromisso com a violência machista e racista no estado do Maranhão. 

Diante de todo esse quadro, neste 8 de março, é fundamental que todas as mulheres trabalhadoras, apoiadas pelos homens da nossa classe, estejam nas ruas, na luta por políticas efetivas de combate à violência e que assegurem moradia, assistência social, lazer, saúde, educação, transporte e demais serviços públicos de qualidade, contra o machismo, as desigualdades e a exploração impostos pelo capitalismo e na busca por uma sociedade igualitária, sem racismo, sem machismo, sem LGBTfobia. 

Basta de feminicídio, violência, desemprego e fome!

Revogação das Reformas da Previdência e Trabalhista, que retiraram direitos das trabalhadoras, e pela descriminalização do aborto, já!

Viva a luta internacional das mulheres!


 

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