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COLUNA

Marcos Silva
Marcos Silva Marcos Silva é assistente social, historiador e sociólogo.
MARCOS SILVA

A democracia é o caminho para liquidar o neofacismo

Em 2023, o campo político que levou Lula à vitória eleitoral e garantiu a posse contra a vontade dos fascistas. Pois vão enfrentar o desafio de discutir a economia do país e encontrar um caminho para o desenvolvimento econômico sustentável.

Marcos Silva

- Atualizada em 02/05/2023 às 23h50
Marcos Silva é assistente social, historiador, sociólogo e mestre em Desenvolvimento Socioespacial e Regional
Marcos Silva é assistente social, historiador, sociólogo e mestre em Desenvolvimento Socioespacial e Regional (Ipolítica)

Do ponto de vista econômico, o Brasil no ano de 2022 conforme destaca o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada) foi consolidado um superávit fiscal, ou seja, o Brasil gastou menos do que arrecadou, o que confirmou sendo 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto). O equivalente a 57,1 Bilhões. Tal resultado originou-se da redução de despesas na área de educação, saúde e infraestrutura. Além do arrocho salarial dos servidores públicos. De tal maneira que se no cartão corporativo, Bolsonaro e Michele não tiveram preocupação com os gastos. Já no que se refere a investimentos em políticas públicas e assistência social, o sucateamento das instituições de ensino superior do governo federal é um dos exemplos que colaborou com o resultado positivo no balanço financeiro das contas nacionais.

Diz os especialistas em economia em publicação no IPEA que o crescimento do PIB colaborou para a melhoria na arrecadação e contribuiu para o Superávit, assim também tem o impacto da inflação que penalizou majoritariamente os pobres e principalmente os que se encontram em situação de extrema pobreza. Destacamos que os economistas do IPEA são pessimistas no cenário econômico para o ano de 2023. Então, apontam uma expectativa de déficit fiscal que segundo eles resultará dos gastos em investimentos sociais e expansão das políticas públicas no país em conformidade com as propostas do governo Lula. De forma que não acreditam na possibilidade de um crescimento econômico com base nos estímulos realizados pelos fundos públicos e a participação do capital privado.

Vale lembrar que ao mesmo tempo em que foi reduzido os recursos para a educação e para a saúde pública, pois em 2022, ano eleitoral, existiu outros gastos públicos a exemplo do fundo eleitoral e das emendas do orçamento secreto e os benefícios do Renda Brasil ajudaram no cenário de crescimento econômico no ano eleitoral. Ou seja, um crescimento alavancado pelos fundos públicos. No entanto, por outro lado, o governo contingenciou bilhões em cortes tanto na educação quanto na saúde pública. Não por acaso o povo se rebelou contra o governo Bolsonaro que sofreu com o seu desgaste não somente pela arrogância e baboseiras expressadas nas falas no cercadinho do Palácio do Alvorada.

Essa situação terminou por criar o ambiente para a unidade de uma frente ampla eleitoral e política em defesa da reconstrução do Brasil e da manutenção principalmente da democracia que estava em evidência de supressão pelas lideranças políticas do bolsonarismo. A escola do
Bolsonaro de ódio aos indígenas, ódio à esquerda, ódio às instituições da democracia são bases do pensamento neofacista que tentam se levantar em muitos países onde cada qual tem a sua forma concreta de implementação.

Em 2023, o campo político que levou Lula à vitória eleitoral e garantiu a posse contra a vontade dos fascistas. Pois vão enfrentar o desafio de discutir a economia do país e encontrar um caminho para o desenvolvimento econômico sustentável. O Brasil é composto por uma classe trabalhadora de extraordinária resiliência e não por acaso foi consolidado uma unidade capaz de derrotar eleitoralmente o neofascismo, um desafio de extrema dificuldade, até porque parte significativa da direita brasileira e até da centro direita conviviam pacificamente com esse desvio civilizatório. 

No campo da Política verificamos os segmentos democráticos e populares tendo sucessivas vitórias sobre aqueles que levaram Bolsonaro ao poder. O bolsonarismo com a intenção de criar um regime autoritário, um ambiente nocivo aos direitos humanos, desrespeito total ao meio ambiente, pois conseguiram com as fakes (mentiras) alcançaram o objetivo de eleger para o governo federal um político desprezível a democracia e insignificante do ponto de vista da produção de projetos e planos institucionais.  A desgraça provocada pelos defensores de Bolsonaro vai desde os ataques fascistas às instituições da democracia liberal, assim como a conivência e estímulo ao ataque dos territórios indígenas com o apoio às atividades de garimpos, com a poluição mananciais e o desmatamento o que levou a eliminar as caças e pescas que servem de alimentos para os nativos das florestas, a exemplo dos Yanomamis.

É verdade que os nativos do território brasileiro sofrem um brutal ataque em todo o processo histórico desde a invasão portuguesa até os governos da república. Mas no século 20 somente os militares posteriores ao golpe de 1964 voltaram a desenvolver ataques aos territórios indígenas de forma sistemática e com uma metodologia disposta a avançar na ocupação das terras dos nativos. Vale destacar que em todos os governos na democracia brasileira, até mesmo o de transição, o governo Sarney foi contrário à posição do general do Exército Leônidas Gonçalves, que defendia a integração dos índios à cultura urbana e branca. Assim, em uma publicação do ano de 1989 Sarney é enfático na defesa da floresta, dos rios e da fauna na Amazônia como propriedade intocável dos indígenas.

A postura de Sarney em defesa dos territórios indígenas foi mantida por todos os ex-presidentes, de Itamar Franco ao golpista Temer. Além claro que assegurado na Constituição Federal de 1988 os direitos dos indígenas a organização social, língua, costumes e território (Júnior, 2019). Portanto, verifica-se como um tema pacificado na democracia brasileira. Entretanto, o governo Bolsonaro já em campanha eleitoral no ano de 2018 atacava os direitos dos indígenas como proprietários das terras e focava sua discussão na mobilização de um setor marginal na política e na economia com a única preocupação em ter lucro, neste caminho o ataque às terras indígenas e ao meio ambiente.

Essa é a diferença fundamental para entendermos o quanto o Bolsonaro foi e ainda continua sendo nocivo para a civilização humanitária. Assim temos a tarefa de liquidar de vez com a ideologia que produziu o bolsonarismo. A ideologia que ataca os índios e defendem que eles precisam ser aculturados aos modos de vida da civilização capitalista. Essa é uma ideologia que também criminaliza os defensores das políticas públicas e sociais. Essa é a ideologia que clama por
intervenção militar, clama por cadeia às pessoas da esquerda. Assim vamos responder aos seus ataques com mais democracia.

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