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COLUNA

Ruy Palhano
Ruy Palhano é médico psiquiatra.
Ruy Palhano

Mexa-se, isso promove saúde e previne doenças

Os cientistas ressaltam que passar mais de oito horas por dia trabalhando sentado aumenta as chances de morte prematura em 60%.

Ruy Palhano

Atualizada em 02/05/2023 às 23h50
Ruy Palhano é médico psiquiatra
Ruy Palhano é médico psiquiatra (Ipolítica)

Se há uma coisa que já está estabelecida nas recomendações médicas é a prática   de uma atividade física. É uma recomendação, muito comum entre as especialidades médicas. Inicialmente, devemos distinguir atividade física e exercício físico. O primeiro, é qualquer movimento realizado pelo corpo (musculatura) que resulta em gasto calóricos. Já, exercícios físicos são atividades regulares, sistematizadas, sequenciadas de movimentos para alcançar objetivos, geralmente ligado à saúde ou estética, sendo necessário a interveniência de um profissional dessa área, como educador físico, fisioterapeuta ou outros, que sob avaliação de um médico possa recomendá-lo. São práticas que previnem doenças e promovem a saúde.

O fato é, tanto uma coisa quanto a outra, embora distintos do ponto de vista pragmático e conceitual, ambos devem ser realizados, habitualmente pela população, considerando que o oposto disso, pode conduzir as pessoas a um estado de sedentarismo crônico e isso resultar em grave prejuízos à saúde das pessoas. Entendemos por sedentarismo, a inexistência ou restrição acentuada de atividade física. O sedentarismo, por outro lado, atinge quase a metade da população brasileira – 45,9%* e está por trás de 13,2% das mortes no país, segundo uma pesquisa publicada pela revista médica de referência internacional The Lancet (julho, 2016). 

O artigo informa que o sedentarismo custa à economia global US$ 67,5 bilhões (R$ 220 bilhões) todo os anos, mais do que o PIB do Paraguai. Desse total, US$ 58,8 bi são gastos anualmente em cuidados médicos decorrentes da inércia prolongada ou sedentarismo em usas diferentes formas. Além do mais US$ 13,7 bi que são perdidos todos os anos em produtividade.

As estimativas são parte de uma série de estudos publicada por esta revista científica, os quais informam ainda, que a falta de atividades físicas mata todos os anos cerca de 5 milhões de pessoas ─ um número de mortes equivalente ao do tabagismo e maior do que o da obesidade. A publicação chama atenção para os malefícios do sedentarismo e o perigo de morte associado a esse estilo de vida. Os cientistas ressaltam que passar mais de oito horas por dia trabalhando sentado aumenta as chances de morte prematura em 60%. Ao mesmo tempo destacam que que exercitar-se durante uma hora por dia pode contrabalançar os efeitos nocivos de trabalhar sentado por longos períodos.

Nessa perspectiva, a cada dia crescem as evidências que o homem contemporâneo, produto de uma era repleta de novos conhecimentos, pode viver mais e melhor. Esta é, certamente, uma das mais importantes notícias que todos nós queríamos ouvir, pois a busca da longevidade e da vida eterna é uma das mais antigas e permanecerá sendo, uma das mais importantes aspirações humanas.

Nos últimos 50 anos demos um salto muito grande na conquista da qualidade em nosso estilo de vida, muito embora essas conquistas e avanços estejam repletas de contradições incongruências, mesmo assim atingimos índices de longevidade nunca antes alcançados. Sabe-se, que para atingirmos esses patamares de crescimento, desenvolvimento e bem estar geral foi necessário a colaboração de muitos fatores os quais, garantiram tais conquistas: os avanços da Nutrologia, da biologia, da bioquímica, da Imunologia, da fisiologia, da genética, da Geriatria, da farmacologia, da neurofisiologia e das ciências comportamentais. Tais avanços científicos foram imprescindíveis para chegarmos a onde chegamos. Por outro lado, as contradições sociais, econômicas e culturais, a menor participação de todos na cadeia produtiva e no trabalho, contribuem, sobremaneira, para conduzirem as pessoas ao sedentarismo e a inatividade, condições que afetem, enormemente a promoção da saúde e ao bem estar da população.

Dissemos acima, que a Revista Médica Britânica "The Lancet", mostrou que 5,3 milhões de mortes por ano no mundo são atribuídos ao sedentarismo, isto é, a falta de atividade física diminui a expectativa de vida da mesma forma que o tabagismo e a obesidade, situação que responde por 10% das doenças não transmissíveis, como diabetes, câncer e problemas cardiovasculares. Para a Organização Mundial da Saúde – OMS, praticar esportes é fundamental para o corpo e para a mente e ajuda a prevenir doenças como diabetes e hipertensão e outros agravos. Segundo a Organização, o sedentarismo é considerado o quarto maior fator de risco de mortes no mundo.

Dados do programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUP, de 2016, nos dão conta que, a cada ano, cerca de 300 mil brasileiros morreram em decorrência de doenças relacionadas à inatividade física. Em outras palavras, o sedentarismo, mata muitas pessoas em nosso país e no mundo.

Especificamente, sobre a saúde mental, um trabalho realizado com um grupo de mais de 700 indivíduos idosos sem demência, desenvolvendo níveis elevados de atividades físicas nas 24 horas, avaliada objetivamente pela actigrafia (que mede o ciclo de atividade/repouso através dos movimentos do pulso), verificaram que estes indivíduos apresentavam um menor risco para o desenvolvimento da doença de Alzheimer, bem como uma taxa mais lenta de declínio cognitivo. Esta descoberta dos pesquisadores apoia os esforços dos mesmos para incentivar a atividade física, especialmente entre idosos.

Portanto, a atividade física e o exercício físico, diminui, drasticamente, o risco de declínio cognitivo e demência. Isto é, uma pessoa com baixa atividade física diária, apresenta um risco 2 vezes maior de desenvolver Doença de Alzheimer (DA), em comparação com alguém que exerça exercício físico regular. 

O nível de atividade física cotidiana global está associado com uma taxa mais lenta de declínio cognitivo global, particularmente para a memória episódica, memória de trabalho, velocidade na percepção e habilidades visuais / espaciais. Isto é, todas as funções cognitivas se beneficiam com atividade física regular.

Observa-se, que não é só através do exercício físico ou da atividade física, que garantimos qualidade de vida e saúde, o incremento das atividades cognitivas, ocupacionais, recreativas, a arte, a criatividade, e outras atividades intelectuais e ocupacionais, são condições inexoravelmente, associadas com um maior desempenho cognitivo e com a qualidade de vida na velhice. Indivíduos mais velhos, para quem a participação no exercício formal esteja limitada por problemas de saúde, pode se beneficiar de um estilo de vida mais proativo através do aumento de todo o espectro de atividades de rotina. Isto é, mesmo que a pessoa não pratique formalmente o exercício, mas se tem uma vida ativa, esses também se beneficiam evitando muitos transtornos neuropsiquiátricos e comportamentais. Cuide-se, mexa-se!

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