A psicanálise e o potencial humano
Enquanto a psicologia trata de entender os conflitos da mente, a psicanálise estuda o campo da alma (em termos técnicos, da psique). Isso significa encontrar respostas a partir de uma interpretação pessoal, baseada no uso de associações e reflexões.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, cerca de 30% da população nacional, aproximadamente 65 milhões de pessoas, realiza algum tipo de acompanhamento psicológico especializado. Só nos últimos dois anos, essa procura aumentou consideravelmente, diante de eventos como a pandemia da Covid-19 e as eleições de 2022. Entre os tipos de tratamentos disponíveis, a psicanálise ainda é pouco falada, mas pode trazer diversos benefícios.
Enquanto a psicologia trata de entender os conflitos da mente, a psicanálise estuda o campo da alma (em termos técnicos, da psique). Isso significa encontrar respostas a partir de uma interpretação pessoal, baseada no uso de associações e reflexões. A psicologia realiza um tratamento mais direto, dando foco ao problema imediato, já a psicanálise se aprofunda em questões individuais, alojadas em nosso subconsciente.
Em uma visão Winnicottiana, todo ser humano possui uma capacidade de desenvolvimento, que vai depender de acordo com o ambiente no qual está inserido. A figura do “Eu” se constrói a partir de elementos externos, como a relação familiar. Dessa forma, o entorno serve como um catalisador de personalidade - em outras palavras, o afeto gera uma pessoa afetuosa e a falta dele pode criar um indivíduo problemático.
Assim, o desenvolvimento ocorre em três fases distintas: o contato direto e interno com a mãe (ou a figura materna), a adaptação ao mundo externo, e o resultado do embate entre a realidade e a fantasia. Cria-se então a figura do Self, que representa nossos instintos e características. A própria essência do ego está relacionada a um processo de aprendizado, no que chamamos de objeto transacional. Aquilo que viremos a ser no futuro depende de como fomos no passado.
Atualmente, criou-se uma noção de que devemos sempre buscar a nossa “melhor versão”, no que a psicanálise chama de “potencial humano”. Mas isso só é possível se olharmos para dentro do nosso próprio ser, e percebermos que nem sempre estamos no controle das nossas ações.
*Cristina Navalon é psicóloga com formação pela Universidade Metodista de São Paulo com especialização em Psicanálise do Adolescente, Psicossomática e Doenças Mentais.
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