O Namorado, assim como outras moedas, depende muito do valor de sua cotação no mercado. Recente reportagem do Fantástico informou que os casamentos estão em alta novamente, com os promotores de eventos casamenteiros acumulando muita grana e revalorizando essa questão de ter ou não namorado - que andava muito em baixa durante a pandemia. Nessa época, como todos sabem, doava-se namorado e ninguém queria troco.
Como a pandemia se foi, as mulheres voltaram a sonhar com um casamento de véu e grinalda, rumo ao altar (objetivo ancestral de todas elas que se explica porque a vida continua não sendo coisa muito pródiga em ilusões que valham a pena). O certo é que, para facilitar os casamentos, hoje em dia qualquer pedaço de praia serve como igreja, qualquer dono de bar serve como padre e qualquer azulzinha serve de hóstia – com a vantagem de adiantar uma forcinha logo mais para o futuro marido.
O certo é que a serventia principal de um namorado que sempre foi a de elas se precaverem da Anuptafobia (medo de ficar solteira) parece ter voltado com alguma força.
Afora isso, até a sua segunda maior utilidade (como adorno pessoal para mostrar para as amigas) entrou em desuso com a possibilidade de elas usarem as soluções de relacionamento oferecidas pela net.
A verdade é que em comparação com outras moedas igualmente populares Namorado, ao contrário do dólar ou do euro, nunca foi uma moeda forte e, além disso, é uma moeda difícil de ser guardada. Não dá para guardar no bolso ou na mochila, dentro do vestido ou em outro esconderijo. Não dá para retirá-los numa caixa eletrônica nem depositá-lo em bancos (não só porque os bancos comuns não aceitam, como também os da praça nem existirem mais para namoro - o romantismo acabou). Por vezes elas tentam guardá-lo dentro de si, mas, infelizmente, para ambos, isso dura pouco tempo.
Ao indagar-se a qualquer uma delas a razão de, no mundo de hoje em que elas são cada vez mais independentes, ainda perderem tempo investindo em namorados ao invés de no bit-coin, por exemplo, muitas responderão que mais vale um namorado na mão que dois voando embora saibam de antemão que sempre acabam pagando com juros. A sorte é que não são juros reais, mas disfarçados: “Juro que te amarei por toda vida!”
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