Bloqueio total

Infectologistas ouvidos pelo Imirante avaliam necessidade de lockdown no MA

Médicos fizeram avaliação com base na taxa de ocupação de leitos de UTI que está acima de 80%.

Neto Cordeiro/Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h04
Em São Luís, primeiro lockdown foi adotado em maio de 2020. Foto: Reprodução.
Em São Luís, primeiro lockdown foi adotado em maio de 2020. Foto: Reprodução.

SÃO LUÍS – Diante da possibilidade de o Maranhão parar, totalmente, suas atividades não essenciais, por 14 dias, o Imirante.com ouviu, nesta quarta-feira (3), infectologistas para saber se o Estado já reúne condições para o lockdown.

Inicialmente, os infectologistas Antônio Rafael da Silva e Maria dos Remédios expuseram a situação da ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de São Luís e do interior.

Considerando essa taxa de ocupação de leitos de UTI, com certeza, significa que, infelizmente, é necessário decretar o lockdown.
Infectologista Maria dos Remédios

“As internações deram salto, a taxa de internações na UTI está acima de 80%. Isso é muito preocupante”, disse o médico Antônio Rafael. “O governo tem que ter a coragem necessária para decretar isso”, completou o infectologista.

Arte: Divulgação/SES.
Arte: Divulgação/SES.

A médica Maria dos Remédios acredita que o caminho, agora, é adotar a medida mais rigorosa. “Considerando essa taxa de ocupação de leitos de UTI, com certeza, significa que, infelizmente, é necessário decretar o lockdown”, disse a infectologista.

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“A necessidade do lockdown se dá porque, infelizmente, nesse tempo todo de pandemia, a gente não conseguiu fazer a adesão da população às medidas farmacológicas (higiene das mãos, distanciamento social, uso de máscaras). As pessoas estão se aglomerando e isso é pior no interior, as pessoas não usam máscaras”, frisou a infectologista Maria dos Remédios.

Ela acrescentou que o Maranhão esbarra em problemas como os registros de casos confirmados de Covid-19 e de óbitos pela doença. “Acho que, nesse momento, a gente precisa ter um dado melhor na notificação dos casos e da notificação dos óbitos com menos atraso. Para se ver o que está ocorrendo em tempo real”, disse. Ela citou, além disso, outras questões preocupantes, como a variante de Manaus e o adoecimento de jovens sem comorbidades.

“Pela experiência de outros países, a gente vê que esse lockdown vem sendo decretado em cima de número de casos, a velocidade de transmissão da doença e a taxa de ocupação de leitos de hospital e de UTI”, explicou a médica. Porém, ela ressalta que o Maranhão tem dificuldade de avaliar este impacto do novo coronavírus.

“Neste momento a situação é manter o distanciamento, a lavagem das mãos e o uso constante de máscara. O problema é que a população não tem respeitado isso”, afirmou o doutor Antônio. Para o médico, a primeira experiência em São Luís, em maio de 2020, deu certo. E, segundo ele, dessa vez, com 10 dias de boqueio total já teríamos um resultado considerável. “Do ponto de vista econômico, 10 dias resolveria o problema, no meu entendimento. Mas o ideal é que fosse os 14 dias”, apontou.

A doutora Maria dos Remédios lembrou ainda que o anúncio do primeiro lockdown, em São Luís, fez com que muitas pessoas viajassem para outros municípios, o que facilitou a propagação do vírus. Ela ressalta que a cobertura vacinal contra a Covid-19 ainda é baixa. “A gente vai demorar a ter a população totalmente vacinada. A vacinação no Brasil ‘tá’ muito lenta, e para que a gente tenha realmente a quebra da transmissão pela vacina é estimado que se tenha pelo menos 70% da população vacinada”, analisou a infectologista.

Pedido de lockdown

Após três defensores público do Maranhão acionarem a Justiça, na segunda-feira (1º), obrigando o governo do Maranhão a adotar o lockdown, em razão da pandemia da Covid-19, o juiz da Vara de Interesses Difusos e Coletivos, Douglas de Melo Martins, informou que vai esperar o pronunciamento do governo do Estado, do Ministério Público e dos municípios para decidir sobre o bloqueio total. De acordo com o juiz Douglas Martins, as partes devem fazer uma análise sobre o andamento da pandemia e se pronunciar em 72 horas.

O governador Flávio Dino se antecipou e anunciou, ainda ontem em suas redes sociais, que descarta a restrição máxima de isolamento nesse momento no Estado.

Na ação, os defensores públicos pedem que a medida seja aplicada para todos os 2017 municípios do Maranhão, durante 14 dias, podendo ser prorrogada. A petição foi protocolada na 1ª Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís, responsável por conceder, em maio de 2020, pelo pedido de lockdown para os quatro municípios da Grande Ilha (São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa).

Coronavírus no Maranhão

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou, em boletim divulgado na noite dessa terça-feira (2), que o Maranhão tem 4.719 mortes e 208.198 casos confirmados do novo coronavírus. De acordo com a SES, foram contabilizados 11 óbitos e 549 pessoas infectadas pelo coronavírus nas últimas 24 horas no estado, sendo 101 na Grande Ilha de São Luís, 19 em Imperatriz e 429 nos demais municípios.

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