SÃO LUÍS – O assassinato covarde do jornalista Décio Sá: uma comissão formada por três delegados começou a investigar o crime. As investigações vão contar com o auxílio da Polícia Federal. Décio foi morto a tiros nessa segunda-feira (23), no bar Estrela do Mar, na Avenida Litorânea. Ontem (24), ele foi sepultado no cemitério Jardim da Paz, em São José de Ribamar. Décio tinha 42 anos, era jornalista em O Estado do Maranhão, onde trabalhou durante 17 anos na editoria de política e escrevia, também, no Blog do Décio, que, em cinco anos, se tornou um dos mais lidos em todo o Maranhão. Ele deixa uma esposa grávida de dois meses e uma filha de oito anos.
Ainda ontem, em entrevista coletiva, o secretário de Estado da Segurança Pública, Aluísio Mendes, afirmou que testemunhas estão sendo ouvidas a fim de que se elabore um retrato falado do suspeito pelo assassinato. Na tarde dessa terça-feira (24), a Polícia Rodoviária Federal (PRF), em uma abordagem feita a um veículos, deteve quatro homens, sendo um policial militar reformado, portando uma pistola PT 940, calibre "ponto 40" – do mesmo modelo, segundo a polícia, usado no crime contra o jornalista Décio Sá –, com 20 munições, sem registro, além de R$ 2.446 em dinheiro. Eles foram encaminhados para o 12º Distrito Policial (DP), no bairro do Maracanã.
Nesta quarta-feira (25), o jornalista, advogado e mestre em Direito, José Carlos Sousa Silva, comentou o caso. "Eu sempre digo que nós precisamos criar uma estrutura de combate à violência, ao crescimento dela, que está exagerado, criando medidas preventivas", disse em entrevista ao Imirante. "As instituições no Maranhão devem unir-se, conversar, discutir e buscar soluções adequadas para o combate à violência. Depois da investigação, eu creio que a secretaria chegará aos autores desse crime que teve repercussão nacional e internacional, porque Décio foi um profissional dedicado ao Jornalismo inteiramente", defende.
Repercussão
Por meio de nota à imprensa, a Prefeitura de São Luís afirma que "São Luís perdeu um de seus mais obstinados jornalistas. Profissional respeitado e admirado pela sua coragem e determinação, Décio Sá exerceu o Jornalismo como sacerdócio, com trabalho ininterrupto, zeloso na apuração de denúncias e na busca pela verdade dos fatos. A brutalidade do assassinato é uma afronta à liberdade de expressão e à democracia, o que exige investigação rigorosa e punição exemplar aos responsáveis". O governo do Estado repudiou, também por meio de nota, "o ato bárbaro e brutal praticado por assassinos covardes" e que a governadora Roseana Sarney "determinou que todas as providências fossem tomadas pela Secretária de Segurança Pública (SSP) para a imediata resolução do caso, para que os criminosos sejam presos e paguem pelo ato de barbaridade, que comoveu o Maranhão e, em especial, a classe jornalística".
O presidente do Senado e do Congresso Nacional, José Sarney, afirmou que Décio Sá "foi pioneiro no jornalismo on-line maranhense e tinha como principal virtude profissional a busca pela notícia, pela reportagem investigativa, que a muitos incomodava, mas, também, lhe garantia um espaço único no cenário jornalístico e uma legião de seguidores. Mesmo jovem, Décio já havia marcado seu nome como um dos grandes jornalistas maranhenses, e na história do jornalismo brasileiro ficará como um dos pioneiros a utilizar os modernos meios de comunicação, desenvolvendo um trabalho de qualidade e grande alcance Esse crime hediondo, brutal e cruel tem que ser desvendado para punir os culpados e despertar, cada vez mais, a consciência para a proteção e o respeito à liberdade de imprensa. Seu assassinato, além de uma atrocidade, é um atentado à democracia".
Entidades como a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Repórteres Sem Fronteiras (RSF), cobraram a investigação do caso. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) quer a aprovação, no Congresso Nacional, de uma lei para transformar atentados contra jornalistas em crime federal. A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), também, condenou o assassinato do jornalista.
Disque-Denúncia
O Disque-Denúncia está oferecendo R$ 100 mil por qualquer informação que leve a polícia a elucidar o assassinato do jornalista Décio Sá. O valor em dinheiro foi conseguido a partir de doações de dois empresários.
Qualquer informação sobre os autores e mandantes do assassinato do jornalista pode ser repassado ao Disque-Denúncia. Os telefones são o (98) 3223-5800 (capital) e 0300-313-5800 (interior).
Saiba Mais
- Acusados de tramar morte de Décio Sá começam a depor nesta segunda-feira
- CNJ deve acompanhar processo sobre assassinato do jornalista Décio Sá
- Duas testemunhas são ouvidas no Caso Décio Sá
- Canceladas audiências sobre o Caso Décio Sá marcadas para segunda e terça
- Gláucio e o pai José de Alencar serão ouvidos nesta segunda-feira
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