BRASÍLIA - A economia brasileira está fortemente concentrada em poucas regiões do país. Estudo inédito do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que apenas 56 municípios do Brasil, que estão entre os 1% mais ricos - detêm 47% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) -, enquanto que os 40% mais pobres, ou 2,226 cidades, ficam com apenas 4,7% das riquezas. Na década de 1920, início da série produzida pelo Ipea e que vai até 2007, essas relações eram de 21% e 9,4%, respectivamente.
No ano de 2007, os municípios que figuravam entre os 10% mais ricos participavam com 78,1% do PIB, enquanto que em 1970, essa participação era menor (72,1%) e em 1920, ainda mais baixa: 55,4%.
- A estrutura produtiva e ocupacional do Brasil está fortemente concentrada. E isso mostra problemas de escala, de custo e de transporte. A saída é aprofundar investimentos públicos e privados, sobretudo em infraestrutura, aliados a políticas de descentralização - afirmou o presidente do Ipea, Márcio Pochmann.
Com base nos números, o Ipea calculou o nível de distribuição de riqueza dos município, um paralelo ao índice de Gini, que mostra a desigualdade de renda entre a população. No primeiro caso, desde a década de 1970, ele tem se mantido em níveis elevados, de 0,86. Pochmann explicou que o indicador varia de zero a um e, quanto mais próximo do teto, maior é o grau de desigualdade. Já o índice de Gini, no mesmo período, apresentou melhoras: passou de 0,49 na década de 1970 para 0,42 em 2007.
A região Sudeste é a que mais concentração apresenta de PIB nos municípios, com 0,89, enquanto que a Sul fica na ponta oposta, com 0,79. No Centro-Oeste a concentração está em 0,85; no Nordeste, em 0,80 e no Norte, em 0,80.
Em relação aos estados, entre 1996 e 2007, o índice de Gini dos PIBs dos municípios somente aumentou no Espírito Santo (3,7%) e no Mato Grosso do Sul (1,9%).
Nos demais estados houve queda no grau de desigualdade entre os PIBs municipais. O Acre (13,5%), Sergipe (11,3%) e Rondônia (9,0%) foram os estados com maior queda no índice de Gini no período, ao contrário dos estados de Goiás (0,3%) e São Paulo (1,3%) que apresentaram as menores reduções na desigualdade territorial da renda.
Em 2007, o Amazonas foi o estado com maior índice de Gini dos PIBs municipais (0,89), seguido por São Paulo (0,88) e Rio de Janeiro (0,85). Em compensação, os estados de Rondônia (0,62), Acre (0,65) e Tocantins (0,67) possuem os menores indicadores de desigualdade da renda dos municípios brasileiros.
Saiba Mais
- “PIB veio acima do que esperávamos”, afirma Fernando Haddad
- PIB do MA é um dos que mais avançam em 20 anos, mas distribuição ainda é a pior
- PIB cai 3% em maio na comparação com abril, indica Monitor da FGV
- Mercado espera que economia cresça 0,85% este ano
- FMI prevê alta de 1,2% no PIB brasileiro em 2023 e de 1,5% em 2024
Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.