Presa, mãe confessa que matou a filha

Katiane Santos confessou o crime que colocou veneno na papa da criança apenas para chamar a atenção do marido

O Estado do Maranhão

Atualizada em 27/03/2022 às 14h44

SÃO LUÍS - Katiane Santos Moraes, de 26 anos, foi presa ontem pela equipe de capturas da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e confessou ter colocado veneno na papa que fez para sua filha, Ana Raquel Moraes Salazar, de 2 anos, na manhã de segunda-feira. A motivação do crime, segundo ela, foi porque o pai da criança, Antônio Mifflim Raiol Dias, dissera que não mais a queria, tampouco a filha. Katiane, que está no segundo mês de gravidez, disse que queria apenas chamar a atenção do marido.

As suspeitas contra Katiane Morais surgiram logo após o episódio, quando ela desapareceu enquanto a menina era levada para um hospital, agonizando. Ela não compareceu também no Instituto Médico Legal (IML) e ao velório da filha. Para os vizinhos e amigos da família, Katiane poderia ter algum envolvimento na morte da criança. A autópsia realizada no IML comprovou o envenenamento e a mãe passou a ser procurada.

Katiane Morais foi autuada em flagrante pela delegada Ana Karla Silvestre Fernandes, em perseguição contínua da polícia, por homicídio qualificado. Para a polícia, a mulher tentou se vingar de Antônio Mifflim, cuja filha nem era registrada em seu nome, mas por um ex-namorado dela.

Este fato somente foi descoberto quando o pai da acusada e Antônio Mifflim estiveram no 3º

Distrito Policial (Radional) para registrar o caso da morte da criança. “Eu não sabia disso, mas tenho certeza que a menina era minha filha”, disse o pai da criança.

Na delegacia, a acusada contou histórias sem sentido com relação ao registro da filha e terminou revelando que o ex-namorado ofereceu-se para registrar a menina quando ela nasceu, já que o verdadeiro pai não ajudava. José Vinícius, o ex-namorado, passou a dar uma mesada para a menina e ajudava ocasionalmente, mesmo depois que Mifflim assumiu a filha.

O pai verdadeiro da criança nunca soube da mesada que a filha recebia. Fria, a mãe revelou que estava deprimida depois do desentendimento com Antônio Mifflim e, quando foi preparar a papa de Ana Raquel, olhou o vidro do agrotóxico conhecido como chumbinho. Ela, então, colocou de 5 a 6 “bolinhas” do veneno na mamadeira e a menina comeu sozinha a papa com veneno. Dez minutos mais tarde, a menina começou a agonizar, soltando secreção pelo nariz e boca.

Versão

“Foi por causa dele (Antônio). Ele disse que não queria mais ver a menina e ela só gostava dele, não gostava de ninguém lá de casa. Eu não tinha condições de ficar com dois filhos”, garantiu, na delegacia. Antônio Mifflim, por sua vez, negou que tivesse discutido com a companheira.

Revelou que, no domingo retrasado, foi a uma festa e, quando voltou, Katiane estava com as malas prontas e foi para casa de sua mãe com a menina, retornando somente na última quinta-feira, alegando que Ana Raquel estava com saudade dele. Na manhã do crime, novamente ela teria saído de casa com a criança, mas, segundo ele, não houve qualquer discussão, nem ele teria dito que não queria sua filha.

Ana Raquel fez 2 anos no dia 11 de abril deste ano e até 1 ano e 9 meses foi criada pela avó, Diomar Morais, segundo ela mesma relatou segunda-feira. Katiane e a filha foram morar na casa dos pais de Antonio Mifflim há apenas seis meses. Segundo a acusada, sua intenção não era matar a menina. Ela tomou esta decisão de colocar veneno na comida somente quando viu o vidro com algumas “bolinhas” do veneno na cozinha.

Dizendo-se arrependida, ela contou, também, que seu pai a encontrou na tarde do crime, no bairro da Estiva, e lhe deu uma surra, questionando o motivo de ela não lhe entregar a menina para ele criar. Gregório de Santana Moraes estava transtornado e quebrou um pedaço de pau no corpo de Katiane durante o espancamento.

Ela fugiu do local e foi presa na madrugada de ontem, no município de Rosário.

Outro caso

Este foi o segundo caso envolvendo assassinato de crianças em São Luís em pouco mais de 30 dias. Dia 2 de maio, no bairro Coqueiro, por exemplo, as vítimas foram Wesley Vinícius, de 1 ano e 10 meses, e Luíza Helena dos Santos Carvalho, de 11 meses. A principal suspeita é a mãe das crianças, Cristina Gomes dos Santos, de 20 anos, que, apesar de presa e com prisão preventiva decretada, ainda não confessou a autoria dos crimes.

Wesley Vinícius e Luíza Helena dos Santos Carvalho foram mortos com chumbinho também colocado em mamadeira, segundo laudo do Instituto Médico Legal. Camila já participou de audiência de qualificação mas, apesar questionada pelo juiz, manteve a versão anterior de que seus filhos foram mortos por qualquer outra pessoa, menos por ela, que já os encontrou desacordados.

A polícia, entretanto, não acredita na versão apresentada pela mulher e, além de indiciá-la pelos crimes, solicitou a sua prisão preventiva. A intoxicação teria acontecido, segundo a mulher, enquanto ela lavava roupa e dava banho no filho mais velho, de quatro anos, no quintal de casa. Na tentativa de dar mais consistência à sua versão, Camila afirmou que as crianças tinham nos lábios fragmentos da substância com a qual foram envenenadas. Ainda no dia da tragédia, um parente pôs em xeque a versão da mãe. Para ele, a posição em que as crianças foram encontradas – deitadas em uma cama, ao lado uma da outra – indicava que alguém as havia colocado lá.

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