Reivindicações

Funcionários continuam reféns na aldeia Zutiua

Seduc enviou engenheiros para o local. O impasse ainda não foi resolvido.

Roberta Gomes/ Imirante

Atualizada em 27/03/2022 às 13h15

SÃO LUÍS - Os três funcionários da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) e uma técnica da Fundação Nacional do Índio (Funai) continuam detidos na aldeia indígena Guajajara Presídio Zutiua, a 72 km do município de Arame (MA). As lideranças indígenas reivindicam escolas para cerca de 300 crianças dos 680 índios que formam a comunidade. Agora, após uma reunião das lideranças, eles também estão cobrando transporte escolar e contratação de professores.

Estão rendidos na aldeia a coordenadora de Educação Indígena da Seduc, regional de Imperatriz, Gildete Elias Dutra, a técnica em Educação Indígena, Eliene Pereira Costa, o motorista da Seduc de São Luís, Nélio Santos Pereira, e uma técnica da Funai, Odileide da Silva Sousa. De acordo com os índios, eles só serão liberados após a garantia de que a Seduc atenderá às suas reivindicações.

Recenseamento

De acordo com Gildete Dutra, que falou por telefone com o Imirante, eles foram detidos na aldeia no fim da tarde dessa quinta-feira, 25, logo após chegarem no local. A equipe, desde a última terça-feira, 23, está percorrendo aldeias indígenas da região para visitar 32 escolas e fazer o recenseamento dos alunos da Educação Indígena. Até agora, segundo a coordenadora do trabalho, foram percorridas apenas 15 escolas.

Na aldeia Zutiua, deveriam funcionar duas escolas, contudo, a construção de uma delas não foi concluída e a outra teve parte da estrutura destruída pela queda de uma árvore, durante às chuvas deste primeiro semestre.

- Com essa reivindicação, logo que chegamos aqui eles nos fizeram de reféns. Nós não estamos presos, mas não podemos sair da aldeia. Eles secaram os pneus do carro da gente e dizem que só seremos liberados quando pessoas da Seduc vierem aqui trazer propostas concretas para a situação deles. Não querem papel. - contou Gildete Dutra, por telefone.

Para uma das lideranças da aldeia, o professor Zezico Rodrigues Guajajara, essa é a única maneira de chamar atenção do Estado e de tentar conseguir as escolas da aldeia.

- As crianças da aldeia estão sem estudar. A gente já falou com a Secretaria de Educação, mas nunca foi feito nada. Nós queremos agora que pessoas responsáveis venham aqui para trazer a solução para a gente. Já queremos que venham com o material para fazer as nossas escolas. - afirma Zezico Guajajara.

A coordenadora da Educação Indígena, Gildete Dutra, afirma que fez contato na noite de ontem com a regional de Imperatriz para falar da situação. Porém, ela revela achar difícil a situação se resolver ainda nesta sexta-feira, 26.

- Infelizmente, por ser uma sexta-feira, acredito que esta situação não será resolvida. O problema maior é que se isso acontecer, perderemos o fim de semana aqui e todo o nosso trabalho será prejudicado. Eles dizem categoricamente que só saíremos quando alguem da secretaria vier aqui.

Negociação

O secretário de Educação, César Pires, disse ao Imirante que engenheiros de uma empresa de Imperatriz já foram deslocados para a aldeia Zutiua, para avaliarem os custos e quais materiais serão necessários para a recuperação da escola destruída pelas chuvas. César Pires revela que ainda está sendo negociada com as lideranças indígenas, a entrada dos engenheiros no local.

- Em relação a outra escola que está inacabada e ainda uma terceira escola que foi paga e nunca foi construída, não podemos resolver nada agora porque foi uma ação do governo anterior, em novembro de 2008. Inclusive abrimos inquérito para apurar essas obras que foram pagas e não existem completamente. Aceitamos a reivindicação dos índios, mas não concordamos com a maneira que eles escolheram para lutar pelos seus direitos. - completa o secretário de Educação.

Mais informações nas próximas horas.

Matéria atualizada às 15h20.

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