Agronegócio

Clima afeta produção da soja e estimativa cai para 124,6 milhões de toneladas

Rally da Safra encerra etapa de avaliação de lavouras de soja em temporada marcada por grandes diferenças regionais.

Imirante.com

Atualizada em 26/03/2022 às 18h04
Levantamento indica quebra de 10,6% sobre a safra 20/21 e 19,7 milhões de toneladas a menos do que o previsto no início da safra
Levantamento indica quebra de 10,6% sobre a safra 20/21 e 19,7 milhões de toneladas a menos do que o previsto no início da safra (Divulgação)

BRASIL - A Etapa Soja do Rally da Safra 2022 termina com uma estimativa de produção de 124,6 milhões de toneladas, queda de 1,2 milhão de toneladas em relação à projeção anterior, divulgada em 15 de fevereiro. É uma quebra de 10,6% sobre a safra 20/21 e 19,7 milhões de toneladas a menos do que o previsto no início da safra, em setembro do ano passado. Desde que as equipes começaram a percorrer as principais regiões produtoras, foram confirmadas duas situações bastante distintas nesta temporada, a depender da região. Tanto no Maranhão quanto no Tocantins, a produtividade deve ser recorde.

As lavouras de boa parte do Centro-Oeste, Norte, Sudeste e Nordeste se desenvolveram sob condições adequadas e apresentam resultados de bons a excelentes. Já no Sul (incluindo o Sul do Mato Grosso do Sul, além de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná), o clima seco e quente de meados de dezembro até boa parte do primeiro trimestre de 2022 provocou uma quebra significativa.

Foi uma safra em que o clima teve um comportamento atípico, o que pode ser atribuído à influência do fenômeno La Niña pelo segundo ano consecutivo. “Há muita disparidade na produtividade dessas duas grandes regiões do país. Mais do que isso: a irregularidade do clima gerou diferenças nos resultados das lavouras entre as regiões de um mesmo estado e até mesmo entre as áreas de um mesmo município”, explica André Debastiani, coordenador do Rally da Safra.

Safra difícil de projetar

Os desafios impostos pelo clima tornaram mais difícil a tarefa de projetar o tamanho da safra. Nesse sentido, o Rally da Safra contou com a metodologia de campo aprimorada em 19 edições e a base de dados de milhares de lavouras avaliadas durante esse período – tanto em temporadas de clima mais regular quanto em outras de clima mais complicado. Tem sido, no entanto, um ano em que há projeções para todos os gostos. Diante da dificuldade de determinar o tamanho da safra em condições tão irregulares, diversas empresas e instituições aumentaram a frequência da divulgação de estimativas para o mercado. O resultado foi uma grande disparidade entre os números.

A produção projetada pelo Rally da Safra, por exemplo, é maior do que mostram os números oficiais. Uma das razões: há divergências na distribuição regional da área plantada. Os números do Rally são pelo menos 200 mil hectares menores do que os da Conab para o Rio Grande do Sul, onde a safra quebrou, mas superam bastante as estimativas oficiais num estado como Goiás, onde a produtividade é recorde.

Considerando a área total do Brasil, a diferença é relativamente pequena (o Rally da Safra trabalha com 40,8 milhões de hectares, uma expansão de 4,1% sobre a safra anterior) e seria pouco significativa em termos de produção, não fossem as situações regionais específicas desta temporada. “O efeito disso na produção é muito grande e explica, em parte, as diferenças entre as estimativas.”, esclarece o coordenador do Rally.

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