BOM JESUS DAS SELVAS - A cidade de Bom Jesus das Selvas, a 469 km de São Luís, está em estado de alerta devido a formação de voçorocas que ameaçam engolir alguns bairros do município. O período chuvoso agrava a situação e faz aumentar o medo dos moradores.
Os enormes abismos já fizeram desaparecer parte do bairro Nestor Lemes, em Bom Jesus das Selvas. A cidade tem 28 anos de emancipação, e quando ainda pertencia ao município de Santa Luzia, a rua 7 de Setembro era uma das principais da cidade e, agora, está praticamente cortada pela voçoroca que já engoliu outras ruas próximas. Muitas casas desabaram com as erosões e outras foram abandonadas pelos moradores.
De acordo com geólogo Jefferson, que estuda nos últimos anos as voçorocas no município, diz que além do solo e dos índices pluviométricos, a forma do relevo da cidade contribui para a formação dos abismos.
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Sobre as crateras
As crateras são pequenos fenômenos geológicos que surgem como fendas no solo, geralmente provocadas pela água da chuva. Se nada é feito para conter, uma cratera pode chegar ao grau de voçoroca, quando atinge um lençol freático, como aconteceu em Buriticupu. De acordo com especialistas, o desmatamento, a ocupação desordenada, o relevo e o solo arenoso são os principais fatores que contribuíram para o surgimento e o avanço das voçorocas.
"A própria atividade humana ela, sem saber, ela vai criando o problema. Como não tem uma política defensiva, ela acaba causando essas erosões. Então é um material meio solto onde qualquer chuva e qualquer enxurrada vai levando micro partículas do solo para um nível mais baixo", explica o geólogo Clodoaldo Nunes.
Cratera engole casas
Nos últimos dez anos, só uma voçoroca engoliu três ruas e mais de 50 casas em Buriticupu. Parte da Vila Santos Dumont desapareceu completamente e as casas que ainda não desabaram, estão próximas aos barrancos e foram abandonadas. A família do serralheiro João Otávio Farias perdeu 14 casas de aluguel.
"Em 2001, meu pai comprou esse terreno, construiu a casa de moradia dele, o local de trabalho dele que era uma marcenaria, ele mexia com madeira e no decorrer do trabalho dele, ele foi comprando um terreno aqui, construindo uma casinha ali e fazer como se fosse aposentadoria dele. Essas casas aqui eram todas alugadas. Chegou um ponto que ninguém alugaria mais por conta do perigo", diz o serralheiro.
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